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Meirelles: As criptomoedas podem tornar a balança comercial mais eficiente

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Atualizado por Thiago Barboza

O ex-Ministro da Fazenda, Henrique Meirelles conversou com o BeInCrypto durante o Digital Finance Brasil, conferência da Blockchain SP e Ethereum Brasil e comentou sobre como as criptomoedas podem tornar as transações e sistemas de pagamentos mais eficientes.

“A balança comercial brasileira tem um componente extremante positivo, o nosso agronegócio”, ressalta o economista. “E as criptomoedas certamente podem tornar os processos mais rápidos e menos burocráticos.”

Ao ser perguntado sobre como as criptomoedas podem ajudar a regular a balança comercial, evitando o déficit causado pela disparidade do dólar em relação ao Real, Meirelles foi enfático.

Ele afirmou que, atualmente, a balança comercial do país não tem problemas comerciais. Isso se dá pela contribuição do agronegócio e sua capacidade de exportação. O setor movimenta mais de um quarto do PIB do país.

Apenas no primeiro semestre de 2023 a balança comercial movimentou US$ 153,7 bilhões em exportações frente a US$ 111,53 bilhões em importações. Portanto, gerando um balanço positivo de US$ 42,17 bilhões, conforme dados oficiais do governo.

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Ainda falando sobre agronegócio, Meirelles também vê de maneira positiva a tokenizaçao da safra brasileira e diz que o uso das novas tecnologias vai de encontro com os interesses do agronegócio. Devido ao fato de agilizar e tornar as transações mais eficientes.

“O uso de uma moeda mais eficiente, mas rápida beneficia a todos, exportadores, importadores. As transações são concluídas com maior rapidez e eficiência.”, disse o candidato à presidência em 2018.

CBDC brasileira deve se integrar com outras moedas digitais globais

Atualmente, Meirelles também atua como consultor global da Binance. Ele enxerga uma integração do Real Digital com outras CBDCs.

“Sim, vai haver uma integração maior e haverá uso generalizado de moedas digitais. Não vejo uma única moeda. Você tem situações das políticas monetárias e do mercado financeiro muito diferentes nas nações”, disse.

Um exemplo citado foi a hiperinflação de alguns países da América Latina.

“O Brasil está com a inflação controlada e uma situação fiscal diferente e melhor do que os vizinhos”, pontuou.

Em sua palestra, ex-ministro se mostrou otimista com o futuro da Web3

Como atração principal do evento, Meirelles falou para o Auditório CDI, da USP, cheio. Em cerca de quinze minutos, o economista elogiou o evento, dizendo ser o primeiro que busca integração de moedas digitais com mercado financeiro. O que, em sua visão, é um passo necessário para evolução de todas as moedas digitais.  

O Banco Central já está regulando o mercado aprovado em lei, e ao permitir a emissão da CDBC, coloca o Brasil em um processo de liderança nesse setor., disse.

Ex-Ministro da Fazenda, Henrique Meirelles palestrou no Digital Finance Brasil Fonte: @ethereumbrasil

Ele disse que “estamos vendo os Estados Unidos atrasado ainda com relação aos criptoativos. Ainda mais considerando que a SEC está entrando em uma fase de processos, de julgar as criptomoedas que eles consideram estar procedendo de maneira errada e equivocada”.

“A partir do momento que o mercado está regulado tudo funciona melhor”, disse. O avanço do Brasil na regulação traz mais segurança e consolidação das leis. Todos terão a oportunidade de conversar e dialogar. Assim o pais entra em uma nova fase.

Por isso parabenizo a todos que estão aqui para essa troca de informações e diálogo amplo, apontou.

Chefe do Banco Central por 8 anos, Meirelles comentou sobre COPOM

Um dia após o COPOM manter a taxa de juros à 13,75%, o ex-ministro não se esquivou para falar sobre a política monetária do Banco Central, o qual ele presidiu.

O BC tem vários modelos. O COPOM não é uma reunião de palpites. Passei 8 anos lá dentro. Esses modelos são aperfeiçoados ao longo dos anos para ser mais preciso em suas previsões.”

Ele citou o arcabouço fiscal como exemplo de dispositivo que ajuda a calcular as previsões.

Meirelles também lembrou que os desafios fiscais e inflacionais não são uma exclusividade do Brasil, mas mundial, e que o Brasil tem uma das maiores tributações entre os países emergentes. 

O BC está mantendo o sistema de metas, o que é fundamental para a economia se desenvolver bem. Felizmente a inflação descontrolada foi superada pelo país com as ações do BC. Existe uma perspectiva mais equilibrada.

O economista aproveitou para mencionar o caso da Inglaterra, que anunciou aumento de 0.5% em sua taxa de juros hoje. Logo em seguida ao anúncio do Bank of England (BoE), uma matéria do Financial Times mencionou a necessidade de maior ação do BoE para conter a taxa.

Mencionando a matéria, Meirelles apontou sobre como o Brasil está em um patamar melhor que a Inglaterra sobre as ações do seu Banco Central. O Brasil tem uma condição mais homogênea.

Daniel Maeda, da CVM, comenta sobre regulamentação

O BeInCrypto também falou com o Superintendente de Supervisão de Investidores Institucionais da CVM (Comissão de Valores Mobiliários), Daniel Maeda. De acordo com Maeda, a CVM ficou com o residual para tratar dos ativos mobiliarios.

“Esse decreto veio dar clareza e obviamente nossa competência permanece em relação aos cripoativos e valores mobiliários”, disse. 

Daniel Maeda, Superintendente de Supervisão de Investidores Institucionais da CVM

Maeda comentou sobre observar o comportamento da regulamentação, mencionando o sandbox regulatório da CVM. “Sempre existe uma análise para qualquer marco legal, que justifica uma interceptação estatal, muito focada no que pode surgir com a ausência da regulação”, disse. Adicionando que com a experiência do sandbox, vamos saber se essa regulamentação vai funcionar mesmo.

Maeda citou também as aplicações de DeFi

“A pertinência de regular é por premissa ter uma certa rigidez”, afirmou. Ele mencionou como DEFI conecta um pouco mais, enquanto também traz mais preocupações. Mencionando a necessidade de se fazer um teste econômico para se entender e chegar a uma conclusão se cabe, ou não, no mundo da CVM.

 “O que menos importa é a tecnologia que está por trás”, disse, “a Sec tem se estressado muito com a questão do Defi. Precisa passar por um crivo, a DEFI não cabe regulador, o que acho ser muito exagerado”, completou.

O Superintendente, assim como Henrique Meirelles, também comentou sobre quão avançado está o Brasil na economia de criptoativos, mencionado a Resolução 175, de ativos digitais. “Já existia essa previsão desde 2018. Um mercado que se desenvolveu bem e o Brasil é um exemplo”, apontou

Sobre CBDC, Daniel Maeda apontou a possibilidade do Banco Central tokenizar ativos sem competir com bancos. Ele utilizou o PIX como exemplo sobre a iniciativa em si e sobre como foi posto no mercado.

“Eu confesso que os detalhes da modelagem são do BC. Acho a governança muito interessante para estruturar a CBDC. O legal é que o Bacen chama os players do mercado para construir juntos”, concluiu o Superintendente de CVM. 

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Aline Fernandes
Apaixonada pelo que faz, Aline Fernandes é uma profissional que atua há 20 anos como jornalista. Especializada nas editorias de economia, agronegócio e internacional trabalha na BeINCrypto como editora do site brasileiro. Já passou por quase todas as redações e emissoras do país, incluindo canais setorizados como Globo News, Bloomberg News, Canal Rural, Canal do Boi, SBT, Record e Rádio Estadão/ESPM. Atuou também como correspondente internacional em Nova York e foi setorista de economia...
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