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Comprar com Bitcoin: como o mundo olha criptomoedas para pagamentos

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Atualizado por Paulo Alves

Alguns anos atrás, imaginar a adesão em massa das criptomoedas seria, para muitos, apenas  um sonho. Hoje, este cenário já é bem mais provável de se tornar realidade em um futuro mais próximo do que imaginamos.

Os anos de 2020 e 2021 impulsionaram o mercado de criptoativos e expandiram as perspectivas sobre como esses ativos poderiam se encaixar na nossa sociedade. 

Já podemos perceber  diferentes movimentos em direção a essa adoção mais ampla, seja por meio de entidades públicas, com a maior tolerância governamental com as criptomoedas em alguns países e até o movimento de nações em busca de digitalização de suas moedas fiduciárias.

Ou ainda por meio de iniciativas privadas, sobretudo relacionadas a sistemas de pagamentos e de investimentos e à descentralização desses serviços. Neste artigo, vamos buscar elucidar os importantes passos que a sociedade e instituições de renome estão dando para difundir o conceito e o uso dos criptoativos. 

O que aconteceu em 2020 e 2021?

Ao longo da história das criptomoedas, desde 2008 com a criação do Bitcoin, de tempos em tempos presenciamos períodos de entrada massiva de novos investidores no mercado. Em geral, esses momentos se dão quando noticiam na mídia uma alta histórica ou uma valorização expressiva de alguma cripto, principalmente o Bitcoin, é claro. 

O ano de 2020 foi um desses períodos no qual presenciamos, principalmente a partir de outubro, uma grande quantidade de pessoas interessadas nesse já nem tão novo tipo de ativo. Porém, além da forte valorização e publicidade midiática percebida ao redor do mundo, existem outros fatores por trás desse interesse que ajudaram a impulsionar essa adoção e a consolidar uma percepção mais positiva das criptos. Uma delas é a mudança de comportamento do consumidor no período pandêmico da Covid-19.

Com a pandemia, nos vimos obrigados a mudar hábitos e comportamentos de consumo, não só o lado do consumidor, como também dos fornecedores. Lojas, supermercados e todo tipo de comércio precisou correr para o e-commerce, intensificar a presença no mundo digital, e é claro, ajustar seus  processos internos para lidar com esta nova maneira de consumir.

Além disso, o fato das pessoas estarem em isolamento social e constantemente dentro de casa, levou a um aumento considerável de compras online, com 2020 registrando um aumento de 68% no balanço de vendas online no Brasil, no comparativo com o ano anterior, segundo Associação Brasileira de Comércio Eletrônico (Abcomm).

Aceleração global

Nesse cenário, os sistemas financeiros e  de pagamentos globais passaram por avanços importantes, principalmente em países emergentes, como o Brasil, em que o e-commerce ainda representava, no fim de 2019, apenas 5% das vendas totais do varejo, número que saltou para 15% em novembro de 2020, segundo a ABComm. Para se ter ideia, esse percentual leva o Brasil ao patamar dos EUA, que segundo estimou a empresa de pesquisa eMarketer, teve 14,5% das vendas do varejo realizadas online.

Historicamente, a tecnologia sempre foi uma aliada na implementação de mudanças, principalmente as que envolvem dinheiro. Essa é uma das principais razões pelas quais gigantes do mercado financeiro voltaram-se para as criptomoedas. Hoje, ter opções diferentes, eficazes e rápidas para transações financeiras se tornou ainda mais essencial dos dois lados da moeda: quem precisa enviar a transação e quem precisa recebê-la. 

Estamos acostumados a comprar pela internet e pagar com cartões de crédito ou débito. Poucas pessoas param para pensar, mas o processo, os custos e o tempo gasto para que o dinheiro saia do remetente e chegue ao seu destinatário, por meios tradicionais, são muito mais demorados e caros – além de precisarem de uma infinidade de intermediários para concluir as transações, principalmente nas transações internacionais. 

Empresas de e-commerce e de pagamentos estão buscando alternativas para impactar seus clientes justamente nestes fatores e se alinharem ao novo modelo de finanças que vem surgindo e demonstrando força, as finanças descentralizadas (DeFi). E por mais que o uso de criptomoedas para compras no varejo seja ainda pouco significativo, a digitalização mais profunda dos hábitos de consumo pode abrir caminhos para maior compreensão e confiança dos ativos digitais.

Maiores varejistas do mundo e sua relação com as criptomoedas

Empresas que se preocupam em oferecer uma experiência ao cliente e abraçam as mudanças tecnológicas foram as primeiras a dar este importante passo de aceitar criptomoedas. 

Nos Estados Unidos, a Microsoft, uma das maiores empresas de tecnologia do mundo, desde 2014 já aceita pagamentos em Bitcoin para conteúdos e produtos do Windows. Este ano, a empresa divulgou uma pesquisa aos clientes e usuários da marca XBOX para questioná-los sobre opções alternativas de pagamento. Dentre as 4 opções oferecidas, o Bitcoin estava lá e gerou uma especulação intensa nos investidores.

A Overstock, varejista de eletrodomésticos, móveis, artigos de decoração e outros produtos dos EUA, também em 2014 passou a aceitar Bitcoin como forma de pagamento. Inclusive, a empresa demonstrou que entrou de cabeça neste universo e tem trabalhado para desenvolver sua própria criptomoeda. 

A Newegg, varejista voltada para produtos eletroeletrônicos como celulares, notebooks, tablets, e outros, foi uma das primeiras empresas a incluir o Bitcoin como forma de pagamento em 2014. Inicialmente, a opção se manteve apenas nos Estados Unidos, porém posteriormente a transnacional expandiu a nova opção para os mais de 70 países nos quais possui filiais. E ao que parece, a opção nova de pagamentos foi muito bem sucedida, já que a empresa decidiu em 2021 passar a aceitar também a Dogecoin

O gerente sênior de marca da Newegg afirma:

“Estamos empenhados em tornar mais fácil para os nossos clientes comprarem da forma que for melhor para eles, e isso significa permitir que concluam as transações com o método de pagamento que melhor lhes convier. Para esse fim, temos o prazer de oferecer aos fãs do Dogecoin uma maneira fácil de comprar tecnologia online.”

A Starbucks, uma das maiores referências em fornecer uma experiência única ao cliente, em 2021 também entrou para o time das empresas que oferecem criptomoedas como forma de pagamento. A empresa utiliza o aplicativo “Bakkt” que permite com que os usuários convertam suas criptos em dólares americanos e assim coloquem o valor desejado no cartão Starbucks. Uma interessante estratégia de testar a usabilidade e adesão dos ativos com os hábitos de consumo de seus clientes. 

Existe também uma série de companhias aéreas que já aceitam as criptomoedas, como CheapAir.com, Air Baltic, Destinia.com, Expedia, Surf Air e Air Lituanica. E até mesmo equipes de esportes já aceitam as criptos para compra de ingressos, como o Dallas Mavericks, time de basquete, e o Oaklands As, equipe de beisebol que aceita bitcoins para pagamento dos assentos VIPs.

Amazon

E por fim, chegamos à que talvez represente a maior multinacional do setor de varejos do mundo, a famosa Amazon. Recentemente a empresa publicou um anúncio de emprego em que buscava por um  “líder de produto de moeda digital e blockchain”. Somente com essa divulgação da vaga, o preço do Bitcoin subiu para a faixa dos US$40 mil e as ações da Amazon ganharam em torno de 1% de valorização em Nova York. 

Toda a especulação em cima da Amazon tem uma certa razão, uma vez que já vimos isso antes. A empresa, fundada pelo visionário Jeff Bezos, é uma das mais ousadas e pioneiras, no que tange a experimentar novos produtos e serviços.

Iniciativas citadas previamente em anúncios de emprego como esse sempre se transformaram em novos produtos. Sendo assim, faz todo sentido acreditar que a gigante pode sim estar dando um passo importantíssimo para começar a aceitar criptomoedas como forma de pagamento ou, quem sabe, lançar seu próprio projeto de criptomoeda.

Apesar de atualmente a empresa ainda não aceitar as criptos como meio de pagamento, a AWS, Amazon Web Service, vende um produto que utiliza a infraestrutura da tecnologia blockchain. A empresa veio a público declarar:

“Estamos inspirados pela inovação que está acontecendo no espaço das criptomoedas e estamos explorando como isso poderia ser na Amazon. Acreditamos que o futuro será construído com base em novas tecnologias que permitirão pagamentos modernos, rápidos e baratos e esperamos levar esse futuro aos clientes da Amazon o mais rápido possível”. 

O Brasil na corrida das criptomoedas

O Brasil não está muito atrás em relação  a essa adesão das criptomoedas como meio de pagamento por grandes empresas varejistas ou de serviços.

No ramo alimentício, em São Paulo, já existem diversos estabelecimentos que oferecem a possibilidade de realizar o pagamento com bitcoins, como por exemplo a Pizzaria Camelo, The Brownie Shop, Quero Vinho, Tartuferia San Paolo, dentre outras. Diversas lojas da marca Calvin Klein também já contam com essa opção de pagamento, assim como e-commerce da Reserva também.

Outro grande destaque no Brasil é o Mercado Livre. O maior e-commerce da América Latina já aceita pagamento em criptomoedas para imóveis na Argentina e sua região metropolitana. Juan Manuel Carretero, gerente de Imóveis e Serviços do Mercado Livre, afirma que o lançamento foi um grande sucesso e acredita que a tendência veio para se consolidar.

“O Bitcoin oferece múltiplas vantagens para as operações imobiliárias, tanto para o comprador quanto para o vendedor. Hoje lançamos a seção de criptomoedas dentro do Mercado Libre (Inmuebles) e em poucas horas já são 75 imóveis disponíveis. Esperamos muito mais com o passar dos dias, porque longe de ser uma moda, vemos que é uma tendência que vai se consolidando com o tempo.”

E além disso, a empresa divulgou que planeja entrar no mercado de criptomoedas. De acordo com o presidente da fintech Osvaldo Giménez, o Mercado Livre pretende entrar no mercado de compra e envio de criptomoedas com a Mercado Pago, seguindo os passos de suas concorrentes internacionais, PayPal e CashApp. E ainda, o executivo afirmou que estudam também a possibilidade de expandir os meios de pagamento de outras modalidades de produtos para as criptomoedas também.

Além destes, outros pontos de comércio importantíssimos espalhados pelo Brasil já aceitam o pagamento das compras em criptos, como o Oásis Supermercados, no Rio de Janeiro e o MULTI Open Shopping, em Santa Catarina. Inclusive, existe um site em que você consegue ver quais estabelecimentos aceitam as criptomoedas como pagamento e em qual localização eles se encontram, o Coinmap.org. 

Com todos esses dados, podemos supor que estamos passando pelo início da adesão em massa das criptomoedas como meio de pagamento por parte de comércios físicos e e-commerces, não só em países altamente desenvolvidos como aqui no Brasil também.

Aparentemente, essa é uma realidade que chegou muito antes do esperado não só  a grandes multinacionais, já que estamos vendo comércios de médio e pequeno porte aderindo às criptomoedas. Podemos apostar que  muito disso se deve ao fato de que as marcas estão se adequando aos novos comportamentos de consumo da nova geração, e estão buscando também impactar os clientes com uma experiência memorável do serviço. 

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José Artur Ribeiro, CEO da Coinext
É um dos fundadores e CEO da Coinext. Economista formado pela Università di Roma (Itália) e investidor em criptomoedas desde 2014. Possui mais de 15 anos de experiência em cargos de liderança. Foi CFO da Hexagon Mining e CFO da Vodafone Brasil. Trabalhou também em multinacionais como Airbus Industries (França) e PricewaterhouseCoopers (Itália e Brasil).
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