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Altcoins: o que está por vir ainda neste ano?

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Atualizado por Paulo Alves

Criptomoedas têm sido um assunto bem agitado em 2021, sobretudo o Bitcoin, com suas expressivas valorizações do final de 2020 até o momento atual, e com diversas declarações das pessoas mais influentes do mundo financeiro-econômico sobre a moeda. Mas, nem só de Bitcoin vive o universo cripto, precisamos falar sobre as altcoins que estão travando uma boa luta no ranking das maiores criptomoedas de 2021.

Altcoins são todas as criptomoedas que não o próprio Bitcoin. Existem mais de 7.000 altcoins no mundo todo. É claro que nem todas elas conseguiram vingar e serem aceitas pelo mercado, mas algumas aproveitaram a oportunidade para ir muito além de só disponibilizar um novo criptoativo e trouxeram inovações importantes para o cenário das Finanças Descentralizadas.

Criar e desenvolver do zero um projeto de criptomoeda com certeza não é tarefa fácil, ainda mais quando já existe um número consideravelmente alto de moedas no mercado. Com isso, além do projeto precisar ser diferenciado, a ponto de se destacar nesse mar de altcoins, ele também precisa oferecer um serviço atrativo e eficiente, para a moeda bater de frente com tantas outras altcoins já consolidadas e o próprio Bitcoin. É exatamente esses dois pontos que se destacam quando falamos de altcoins de sucesso que estão roubando a atenção do mercado em 2021 e que prometem grandes valorizações.

Principais altcoins do mercado

Para dizer quais as criptomoedas que mais estão se destacando na atual conjuntura do mercado é preciso ter cautela, pois existem maneiras de se analisar a performance de uma moeda sob diferentes perspectivas. Ainda mais em se tratando de um nicho tão abrangente e disruptivo como o das criptomoedas, no qual existe uma infinidade de soluções que podem impactar diferentes setores da sociedade em diferentes níveis.

O que os investidores avaliam como a melhor altcoin, considerando questões como valorização e bons rendimentos, pode não ser a mesma que instituições financeiras que utilizam a tecnologia irão escolher , já que levam em consideração outros critérios, como os processos otimizados da sua blockchain pensados nos serviços financeiros descentralizados. Assim, vamos tentar focar aqui em fazer um levantamento equilibrado, observando diferentes fatores que podem ajudar a entendermos o mercado sob uma visão mais ampla.

Uma coisa eu já adianto, a grande maioria das altcoins que conseguiram se destacar no mercado foram aquelas cujos criadores conseguiram perceber uma nova oportunidade para uso da blockchain. Se compreendermos a blockchain como uma tecnologia capaz de criar uma moeda digital descentralizada, basta pensarmos o que mais conseguimos descentralizar a partir dessa tecnologia.

Esse pensamento e o entendimento do potencial disruptivo que a blockchain representa é que culminaram no grande boom do setor de finanças descentralizadas (DeFi), que vimos observando de 2017 pra cá. Finanças Descentralizadas, ou simplesmente DeFi é um setor de mercado que busca desenvolver inovações tecnológicas relacionadas ao universo financeiro-econômico de maneira descentralizada. Ou seja, sem que haja uma instituição central regulamentando e controlando o serviço. Tudo acontece de forma computadorizada e distribuída nos vários nós ou “servidores” da rede.

Levando em consideração esses pressupostos, vamos às criptomoedas que prometem para 2021.

Cardano (ADA)

A primeira moeda que gostaria de trazer aqui é a Cardano (ADA). Na verdade, a Cardano é muito mais do que uma criptomoeda. É uma plataforma de blockchain, que executa smart contracts (contratos inteligentes) e aplicativos descentralizados (dApps), voltados para facilitação de processos financeiros para empresas, governos ou pessoas físicas. Ou seja, é uma rede que integra serviços de pagamentos, leitura e execução de contratos inteligentes, especialmente voltados a instituições financeiras e bancos. Ao mesmo tempo, a rede também funciona com uma criptomoeda, a Cardano (ADA), tendo uma blockchain capaz de enviar e receber valores com transações rápidas, seguras e transparentes.

Vários pontos se destacam nesta rede multifuncional e acabam refletindo na criptomoeda. Primeiro, a estrutura interna da Cardano foi desenvolvida de maneira segmentada: sua blockchain é dividida em duas partes, uma “líquida” e uma computacional. Na chamada camada líquida, funcionam as transações com o seu criptoavito Cardano (ADA), e na camada computacional é onde funcionam os dApps e os smart contracts. Com essa segmentação interna da blockchain, as duas partes podem funcionar de maneira independente. Caso uma das duas precise de intervenções e melhorias, não será necessário intervir no funcionamento da outra.

Essa maior facilidade para atualizações e melhorias da Cardano nos leva ao segundo ponto diferencial, que é sua capacidade de escala e adaptabilidade. Atualmente a rede tem capacidade de 50 a 250 transações por segundo, mas segundo seu próprio criador Charles Hoskinson, com a facilidade de implementação de mudanças a plataforma poderia facilmente alcançar 5.000 transações por segundo.

Além disso, a Cardano é uma grande facilitadora das Finanças Descentralizadas (DeFi), funcionando como uma infraestrutura para diversos serviços deste setor. Inclusive, é comumente reconhecida pelo mercado como a Terceira Geração de Criptomoedas, pelo alto grau de inovação e otimização da proposta da tecnologia blockchain. A primeira, logicamente, é o Bitcoin e a segunda é a Ethereum.

Stellar Lumens (XLM)

A Stellar Lumens é uma altcoin que faz parte de um sistema muito maior e complexo, que também movimentou o mercado nos últimos meses. Criada por Jed McCaleb, co-criador da Ripple, a criptomoeda faz parte de uma rede que, como a Cardano,funciona como uma infraestrutura de pagamentos e transações financeiras, sobretudo internacionais. A plataforma permite que pessoas e empresas,principalmente, possam enviar e receber remessas na moeda que quiserem, pois o câmbio acontece dentro da plataforma.

Por exemplo, uma empresa na Tailândia poderia fazer um pagamento internacional para uma no México, enviando a moeda fiduciária tailandesa, enquanto a empresa no México receberia em pesos mexicanos.

É justamente o criptoativo Stellar (XLM) que permite que o câmbio aconteça por meio de uma complexa estrutura chamada de âncoras. Essas âncoras são as instituições financeiras e fintechs que viabilizam a conversão entre as diferentes moedas internacionais que acontece dentro da rede Stellar.

De uma perspectiva global, o impacto da Stellar Lumens é muito alto, uma vez que os custos e a logística envolvidos em processos de pagamentos internacionais são muito elevados. Muitas empresas não conseguem se manter no mercado justamente por conta dessas dificuldades. A Stellar se propõe a oferecer serviços financeiros de baixo custo e totalmente otimizados.

Um outro grande ponto a favor da Stellar é o apoio institucional de grandes players que a rede recebe. Além de ter contato e reconhecimento institucional por parte das suas âncoras, empresas que facilitam o funcionamento da Stellar, a IBM escolheu a Stellar Lumens (XLM) para criar sua própria rede global de pagamentos, o World Wire. Além da IBM, existe a Satoshi Pay e a Saldo, empresas também relacionadas a pagamentos que utilizam a solução da Stellar globalmente.

Isso faz com que a demanda institucional de tokens Stellar Lumens (XLM) aumente muito, impactando diretamente no comportamento da moeda no mercado. Só neste mês de abril, que ainda está na primeira quinzena, o valor da Stellar aumentou em quase 60%, tendo iniciado o mês em US$0,41 e sendo cotada, até o fechamento deste artigo, a US$0,68.

A Chainlink também é uma plataforma de blockchain. Ela foi desenvolvida para facilitar o uso de smart contracts (contratos inteligentes) por empresas. A rede funciona como um elo que faz a integração entre diversas informações do mundo real (mundo offline) e o mundo online. Essas informações podem ser qualquer tipo de dado que impacte de alguma maneira setores econômicos, geralmente financeiros, a nível global. A plataforma consegue validar a autenticidade dessas informações que recebe do mundo off, por meio dos chamados oráculos (equivalentes aos mineradores em outras blockchains), oferecendo maior segurança aos contratos inteligentes e maior comunicação entre diferentes blockchains.

A tecnologia da Chainlink consegue agregar valor às demais plataformas, como Ethereum e Ripple, com APIs externas, diferentes sistemas de pagamento, Internet das Coisas, sistemas de armazenamento em nuvem, dentre várias outras. Não preciso nem mencionar o que isso significa em termos de investimento institucional não é?

Se tem um setor que está em pleno crescimento no mercado é o de tecnologias em geral, sendo que tem milhares de segmentações e possibilidades, já que a tecnologia pode ser empregada em praticamente tudo e de muitas maneiras diferentes.

Já a criptomoeda Chainlink (LINK), é usada para recompensar essa rede. Os oráculos, que são os servidores responsáveis por validar a autenticidade das informações trazidas do mundo real, são recompensados por este serviço com tokens LINK. Por isso mencionei que este processo é análogo à mineração do Bitcoin, pois é dessa forma que são inseridas novas unidades do criptoativo LINK no mercado. E também é por essa razão que o token é essencial para manter a rede em pleno funcionamento.

Não diferente das outras criptomoedas que também têm funções essenciais para a manutenção de suas respectivas redes, a cripto Chainlink (LINK) passou a ser utilizada para fins de investimento. Com o passar do tempo, à medida que sua rede foi ganhando notoriedade, tanto dos investidores pessoas físicas quanto dos grandes players de mercado, a criptomoeda foi se valorizando e crescendo. Alguns dos players institucionais que utilizam a plataforma Chainlink são nada menos que Google, WEB3 Foundation, uma multinacional com serviços relacionais à tecnologias descentralizadoras e a Swift, multinacional de sistemas de pagamento interbancário pela internet, que criou o padrão usado por bancos para remessas financeiras internacionais.

O cenário indica que a Chainlink tem tudo para vingar e para ficar na mira dos investidores.

EOS

A EOS também é uma rede de blockchains que funciona como uma infraestrutura para suportar smart contracts e aplicativos descentralizados (dApps). A proposta dessa altcoin é bem semelhante à Ethereum, sendo considerada por alguns especialistas, inclusive, sua principal concorrente.. Ambos os projetos investiram em tecnologia para descentralizar outros serviços por meio dos contratos inteligentes.

Dentro da plataforma, seu token EOS é utilizado como uma espécie de combustível para manter toda a rede funcionando, da mesma forma que acontece na Ethereum, na qual o seu token Ether funciona como tal. Ou seja, apesar de sua criptomoeda inicialmente ter sido criada para que os desenvolvedores desses dApps consigam comprar recursos para desenvolver os aplicativos e executar os contratos inteligentes, hoje, ela também funciona como qualquer outra criptomoeda, passível de ser comprada e vendida por outras criptomoedas, ou por moedas fiduciárias, é claro. E também funciona como reserva de valor.

O grande diferencial do EOS tem sido sua habilidade de escalar seus serviços, tanto relacionados ao desenvolvimento de novos dApps, uma vez que a plataforma se tornou referência nesse quesito, quanto na quantidade de transações que são validadas por segundo.

A cereja do bolo é que a EOS desenvolveu um protocolo específico, chamado de Delegated Proof-of-Stake (DPoS), que elimina a necessidade de cobrar taxas sobre as transações para remunerar os validadores da rede. Ou seja, a EOS uniu tudo em um só lugar, transações rápidas, sem taxas e múltiplos serviços financeiros descentralizados.

Novamente temos uma criptomoeda inserida em uma rede complexa e com múltiplas funcionalidades, que está na mira de instituições diversas que pretendem lançar serviços ou aplicativos descentralizados, ou mesmo automatizar seus processos através de smart contracts. Além de oferecer uma infraestrutura que possibilita todo o desenvolvimento dessas empresas, não cobra taxas sobre as transações que ocorrem dentro de sua blockchain.

Tudo isso traz bastante destaque para a cripto, e aumenta consideravelmente também sua demanda institucional.

O que está por trás das valorizações das altcoins

Essas são apenas algumas das altcoins que estamos vendo se destacarem no mercado. Você consegue perceber alguns pontos em comum nessas moedas, que as fizeram ter grande valorização?

Primeiramente, existe o fato de que, historicamente, à medida que o Bitcoin passa por um intenso período de valorização, as principais altcoins tendem a acompanhar o movimento da “cripto-mãe”. Portanto, se estiver reparando alguma tendência se formando em cima do Bitcoin, se atente às altcoins também, pois geralmente a valorização percentual delas tende a acompanhar.

O segundo grande ponto que pudemos observar em comum, pelo menos nessas moedas que apresentei, é a proposição cada vez maior de soluções para o mercado de Finanças Descentralizadas. Esse é um setor de mercado que está completamente associado às criptomoedas. Quanto mais ele expandir, ser adotado pela sociedade e tornar-se mais acessível, melhor será para as criptomoedas, pois implicará em aumento da demanda, o que poderá valorizá-las.

E o terceiro e último ponto em comum dessas altcoins são os seus respectivos reconhecimentos e apoios perante grandes players do mercado, como empresas de tecnologia, bancos, fundos de investimento e por aí vai. Essa entrada de fortes e influentes instituições no mercado cripto, significa a injeção de grandes aportes de dinheiro no mercado, e é claro, aumento da demanda pelas moedas, também podendo refletir em forma de valorização das mesmas.

Alguns players de destaque que entraram no cripto mercado entre 2020 e 2021 foram:

  • Goldman Sachs: grupo financeiro mundial voltado a gestão de fundos de investimento;
  • Morgan Stanley: empresa global de serviços financeiros e administração de carteiras de investimentos;
  • MicroStrategy: multinacional que fornece serviços de tecnologia, softwares, inteligência comercial e soluções de mobilidade;
  • BTG Pactual: banco de investimentos brasileiro especializado em capital de investimento e capital de risco;
  • Galaxy Digital: empresa global de serviços financeiros voltados à gestão de investimentos, criptografia e tecnologia blockchain;
  • Square: empresa de pagamentos de Jack Dorsey, ninguém menos que o criador do Twitter;
  • Grayscale: empresa de fundos de investimento, hoje com 100% de seu fundo alocado no Bitcoin
  • 3iQ: empresa canadense de gestão de fundos de investimentos;
  • CoinShare: empresa global de fundos de investimento, voltada sobretudo para criptoativos.

Essas são apenas algumas das poderosas instituições que já declaram que estão alocando parte de seus fundos de investimentos em criptos. Atualmente, estima-se que mais de 16% da capitalização de mercado do Bitcoin pertence a instituições, com bilhões de dólares alocados. Fora as alocações em altcoins, sobretudo estas que vem oferecendo serviços que complementam e otimizam as funções dessas empresas.

Sendo assim, é possível concluirmos que a entrada destes players institucionais traz um certo grau de amadurecimento para o mercado cripto e contribui para que o mesmo ganhe força suficiente para romper possíveis momentos de lateralização. Além de ajudar a dar maior destaque à criptomoedas inovadoras, fazendo com que cada vez mais elas sejam inseridas e aceitas pela sociedade.

É importante que você como investidor fique atento às movimentações institucionais que ocorrem no mercado e observe atentamente onde estas instituições estão alocando seus fundos para tomar a decisão de comprar altcoins de maneira mais assertiva.

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José Artur Ribeiro, CEO da Coinext
É um dos fundadores e CEO da Coinext. Economista formado pela Università di Roma (Itália) e investidor em criptomoedas desde 2014. Possui mais de 15 anos de experiência em cargos de liderança. Foi CFO da Hexagon Mining e CFO da Vodafone Brasil. Trabalhou também em multinacionais como Airbus Industries (França) e PricewaterhouseCoopers (Itália e Brasil).
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