Depois do impacto da pandemia no ano anterior, as pessoas depositaram grandes expectativas no ano. Como a tecnologia blockchain evoluiu em 2021 e impactou o mundo cripto?
Como sempre é bom fazer um balanço das tendências e principais fatos que dominaram o cenário cripto e blockchain ao longo de 2021, faremos hoje uma retrospectiva.
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E para facilitar a compreensão, este artigo está dividido em dez sessões:
- Bitcoin (BTC)
- Ethereum (ETH)
- Cenário cripto mais amplo
- Evolução do blockchain
- Tokens não fungíveis (NFT)
- Metaverso
- Finanças descentralizadas (DeFi)
- Organizações autônomas descentralizadas (DAO)
- Games em blockchain
- Panorama regulatório
Bitcoin (BTC)
O Bitcoin continua sendo a criptomoeda dominante no mercado.
Neste ano, após conseguir estabelecer uma nova máxima histórica (ATH) em no dia 10 de novembro e alcançar um valor total de mercado de US$ 1.119 trilhão de dólares, o Bitcoin quase ultrapassou a capitalização de mercado de toda a prata no mundo.
Um dos motivos para isso é o Taproot, a maior atualização da rede bitcoin nos últimos quatro anos, e a tendência de crescimento da inflação nos Estados Unidos.
Também em 2021, os EUA ultrapassam a China como a maior fonte mundial de mineração de Bitcoin.
O banimento da mineração na China teve impacto temporário na rede do Bitcoin, demorando apenas seis meses para o poder computacional da rede retornar aos mesmos níveis antes do banimento.
Além disso, houve uma mudança na estratégia de longo prazo adotada por algumas empresas de mineração. Agora, estão fazendo HODL (ou seja, manter) os BTC minerados tanto quanto possível.
Ethereum (ETH)
Os preços do Ethereum (ETH) valorizaram cerca de 200% apenas nos primeiros seis meses de 2021, atingindo uma capitalização de mercado de US$ 275 bilhões, a segunda maior entre os criptoativos, atrás apenas do bitcoin (BTC).
Ao longo de 2021, a cotação do Ethereum acompanhou o crescimento do setor nos últimos meses. Contudo, alguns desenvolvimentos envolvendo o blockchain Ethereum contribuíram para elevar seu preço.
Nessa linha, a Fundação Ethereum continua a dar passos importantes em direção ao Ethereum 2.0, cujo lançamento começou em novembro de 2020 e busca, através da migração para o modelo prova de participação, transformar o ETH em um ativo deflacionário.
Por isso, em agosto deste ano o esperado London hark fork foi implementado e introduziu o EIP-1559, que visa reformar o mercado de taxas da rede Ethereum.
A proposta EIP-1559 visa reduzir as taxas da rede até a migração para o Ethereum 2.0, cuja taxa para os mineradores será básica. Ele também tornará a moeda deflacionária, isto é, fará estoque de ETH limitado, o que pode elevar o preço do ativo, além de manter a estabilidade das taxas de transação.
Cenário cripto mais amplo
Em abril de 2021, um grupo de organizações sem fins lucrativos fundaram o Crypto Climate Accord. Inspirado no Acordo Climático de Paris, o CCA é uma iniciativa apoiada pelos principais players privados do ecossistema cripto, com foco na descarbonização da indústria até 2030.
A VISA deu um importante passo na busca pela liderar do mercado cripto, e lançou em setembro seu UPC (Universal Payment Chanel). Um canal de pagamentos que conectará redes blockchain e suas respectivas criptos a sua rede de pagamentos.
Depois do Paypal, Twitter e Mastercard, entre outros, o Google fez parceria com a Bakkt para fornecer soluções de pagamento em cripto.
Evolução do blockchain
Em novembro, o blockchain da Cardano registrou um novo recorde de volume de negócios, com a rede processando 18,24 bilhões de transações em um período de 24 horas, contra 9,31 bilhões da rede Ethereum.
A implementação e a expansão dos serviços de suporte para contratos inteligentes na rede Cardano contribuiu para esta marca. Atualmente, o número de carteiras da ADA já está em dois milhões.
Outro ponto interessante sobre a tecnologia blockchain em 2021 é que uma das tendências predominantes foi o crescimento dos protocolos blockchain de primeira camada (L1) como Solana, Terra, Avalanche, Arweave, BSC, Algorand, Cosmos, Polkadot e Tezos, particularmente em relação ao crescimento da atual plataforma líder em contratos inteligentes (Ethereum).
Com volumes de transações do Ethereum atingindo repetidamente novas máximas históricas em meio a um aumento mais amplo do mercado cripto, os usuários do Ethereum começaram a ter problemas significativos com a escalabilidade da rede Ethereum no início do ano, provocando uma migração para outros protocolos L1.
Daí porque, em 2021 começamos a ver realmente um mundo multichain.
Olhando para protocolos de segunda camada (L2), a Lightning Network cresceu significativamente, triplicando sua capacidade ao longo do ano. Hoje, os canais de pagamento da rede têm hoje 3174 BTC, em oposição a 1060 BTC em janeiro. E o interessante é que seu crescimento coincide com um aumento na demanda por pagamentos rápidos e baratos de Bitcoin.
Quanto à interoperabilidade entre protocolos blockchain em 2021, ficou claro que a troca de tokens não é mais o escopo principal. A interação entre redes também facilita a troca de dados, diminui custo dos usuários, tempo das operações, e serve como timestamp e camada de liquidação para outras cadeias.
Por fim, protocolos aproximaram Bitcoin de DeFi (BitFi), possibilitando empréstimos ou troca de ativos em protocolos descentralizados sem a necessidade de converter BTC em tBTC ou wBTC e colocá-lo no Ethereum.
NFTs
Atualmente, é impossível discutir a indústria de cripto sem falar sobre tokens não fungíveis (NFT). Graças à tecnologia blockchain que lhes concedeu escassez digital, eles foram integrados a muitos setores importantes nos últimos dois anos, incluindo música, artes, esportes e games.
Em 2021, os NFTs se tornaram a porta de entrada para muitos nos mundos virtuais e se tornaram o átomo do Metaverso.
Este mercado teve um primeiro semestre em ascensão. Depois de seu auge na semana de 22 de agosto (conhecida como “NFT Summer”), com o volume de transações semanal alcançando o pico de US$ 1 bilhão de dólares, o mercado sofreu uma queda de 75% em setembro, e agora em dezembro, estabilizou em torno de US$ 147 milhões.
Quanto às categorias de NFTs, se analisarmos os dados on-chain no blockchain Ethereum, que é usado na maioria das transações. As categorias de esportes e colecionáveis foram os NFTs mais populares ao longo de 2021, seguidos por artes, utilities, jogos e metaverso.
Observe que a integração dos NFTs aos mundos virtuais do metaverso deu início a uma enorme transformação em nossas interações digitais, com grande impacto no mundo real.
Metaverso
O termo metaverso, cunhado em um romance de Neal Stephenson em 1992, começou a se popularizar em outubro de 2021, quando o Mark Zuckerberg anunciou a mudança do nome do grupo Facebook para Meta e assumiu a liderança dos chamados “Walled Gardens” (Jardins Murados), empresas centralizadas que capturam e lucram com os dados do usuário.
Paralelamente a isto, em 2021, gente de peso investiu bilhões de dólares em soluções ditas descentralizadas para o metaverso, como os irmãos Tyler e Cameron Winklevoss, através da Gemini Space Station LLC.
Outrossim, centenas de startups de blockchain receberam aportes bilionários ao longo deste ano, para construir uma versão descentralizada de realidade aumentada e holográfica da internet, com foco na Web 3.0 e na ideia de metaverso dos anos 70.
Mas não é só isso, em 2021, começamos a ver o início do que será um metaverso funcional, capaz de transformar não só os mundos virtuais, mas parte do mundo físico, cujos produtos e serviços também passarão a funcionar e a serem comercializados sobre sua plataforma.
DeFi
Houve um aumento contínuo de protocolos DeFi em 2021, com usuários alocando uma quantidade recorde de capital em aplicações descentralizadas.
Somente no Ethereum, o TVL nos protocolos DeFi saltou de US$ 16,1 bilhões no início de 2021 para cerca de US$ 151,6 bilhões de dólares em 21 de dezembro; o que representa um ganho de cerca de 941% ao longo do ano.
Com este aumento significativo de capital em DEFI, era esperado que houvesse um crescimento no número de hacks em protocolos DEFI.
Este ano, aconteceram 70 ciberataques em quatro plataformas DeFi. Cerca de US$ 1,4 bilhões foram inicialmente roubados, mas US$ 760 milhões foram devolvidos. Num balanço geral, a quantia total de fundos roubados este ano chegou a cerca de US$680 milhões de dólares.
A rede de pagamentos Terra (LUNA) é agora a segunda maior blockchain para protocolos DeFi em termos de TVL, com 13 projetos contendo mais de US$ 19,55 bilhões de dólares.
Mas é bom destacar que ETH e BNB ainda são as principais plataformas blockchain por número de projetos DeFi.
DAOs
Em 2021, casos como o Constitution DAO mostraram como são infinitas as possibilidades de caso de uso para DAOs, podendo abranger protocolos de governança como aplicações de finanças descentralizadas (DeFi), clubes sociais onde indivíduos com objetivos semelhantes têm acesso exclusivo para falar sobre seus interesses em comum, novos meios de investimento onde membros reúnem capital para investir em oportunidades emergentes na indústria cripto/blockchain, e outras organizações que atuam como caça talentos e alocam recursos e serviços com um propósito econômico.
Games em blockchain
O uso de blockchain em jogos trouxe muitos investidores para a indústria de jogos. Isto porque, o emprego da tecnologia trouxe escassez digital, interoperabilidade, e expandiu a negociabilidade dos NFTs utilizados nos games, desbloqueando valor e trazendo novas possibilidades de lucros para investidores e toda a indústria.
Agora, as recompensas (ativos digitais) pagas aos jogadores no modelo jogue-e-ganhe podem ser negociados em mercados secundários, em outras plataformas, ou ainda, serem alocadas em DeFi para gerarem lucros.
O jogo em blockchain que mais se destacou em 2021 foi, sem dúvida, o Axie Infinity, o que pode ser constatado pelo volume de transações de jogos no mercado NFT.
Embora a popularidade do Axie Infinity tenha disparado em agosto deste ano, ele não ficou imune à queda geral no mercado NFT. Sua receita diminuiu de US$ 364 milhões em agosto para cerca de $220 milhões em setembro, perdendo um terço de sua receita anterior.
Panorama regulatório
No dia 4 de janeiro deste ano, sobreveio a resolução da OCC, principal órgão regulador bancário americano, que autorizou instituições financeiras a participarem da verificação em redes blockchain abertas como Bitcoin e Ethereum, e a usarem stablecoins em atividades de pagamentos.
No dia 9 de junho, o Bitcoin se tornou moeda de curso legal em El Salvador.
No Brasil, o ano foi marcado por uma série de tentativas de regulamentação por parte do governo brasileiro, inclusive, com a aprovação na Câmara dos Deputados do PL 2303, com tramitação desde 2015. Note que o Senado também discute o marco das criptomoedas, cuja votação foi adiada para o próximo ano.
O GAFI aprovou no final de outubro uma atualização em suas diretrizes para o mercado de criptoativos, e o BIS destinou um capítulo exclusive sobre a Regulação de DEFI, pela primeira.
Ao longo do ano, diversas iniciativas regulatórias nos EUA foram destaque, como as discussões na Câmara daquele país sobre o “Infrastructure Bill” – o primeiro projeto de lei americano a cuidar de criptomoedas, e como elas devem ser utilizadas pelos consumidores. Conquanto sua votação tenha sido adiada, as discussões legislativas em 2021 foram importantes porque, dependendo do que fosse aprovado, poderia limitar as oportunidades de crescimento da indústria cripto, com reflexos no mundo inteiro.
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