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Atualização Taproot chega ao Bitcoin. O que muda?

7 mins
Atualizado por Júlia V. Kurtz

EM RESUMO

  • O que é Taproot?
  • Qual o impacto deste upgrade na Lightning Network?
  • Como a atualização Taproot melhora o modelo de transações do Bitcoin?
  • Como o Taproot impacta quem transaciona ou possui bitcoins? Perspectivas e possibilidades
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O Taproot é a mais recente atualização do protocolo Bitcoin e, provavelmente, a mais importante até hoje. Ele é uma evolução natural da forma como as transações em Bitcoin, e, portanto, os scripts, funcionam.

Habilitado pela “Schnorr signatures”, MAST e Tapscript, o Taproot busca aumentar a flexibilidade e a privacidade do Bitcoin sem comprometer a segurança.

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O que é Taproot?

A partir do bloco 687284, em junho de 2021, ocorreu a sinalização dos mineradores ao Taproot, o que garantiu que um conjunto de recursos fosse bloqueado na rede principal do Bitcoin.

As implementações de infraestrutura e carteira tiveram cinco meses para codificar e testar seu uso antes de fornecer aos clientes e agora, mais precisamente neste final de semana, a maior atualização na rede principal do Bitcoin desde 2017 será finalmente ativado no bloco 709632, trazendo um conjunto de recursos que aumentará a privacidade do Bitcoin, tornando scripts complexos (por exemplo, fechamento de canal Lightning) indistinguíveis de pagamentos simples.

As assinaturas Schnorr otimizarão a assinatura de transações e abrirão a porta para muitos outros recursos e otimização na rede do Blockchain Bitcoin.

Também possibilitarão contratos inteligentes mais sofisticados, aumentando as possibilidades para o desenvolvimento, por exemplo, de DeFi na rede Bitcoin que já vem sendo desenvolvido.

Mas o que Taproot significa para você num português simples? É isto que veremos neste artigo.

Taproot libera o potencial da Lightning Network

A Taproot vai possibilitar que a Lightning Network alcance todo o seu potencial como uma tecnologia de escalabilidade adequada para a Bitcoin.

Atualmente, o protocolo Lightning Network de segunda camada pode ser detectado em ação na “rede do blockchain Bitcoin”, reduzindo a fungibilidade das moedas. E a fungibilidade é vital para que um bem monetário seja um meio de troca, pois permite que as moedas sejam vistas como iguais (sem distinção).

Caso os resultados das transações fossem vistos de forma diferenciada, eles poderiam sofrer discriminação por parte do receptor da transação, impedindo os usuários de usar seus BTC para pagamentos em determinadas condições.

Com o Taproot, a Lightning Network outras carteiras complexas e contratos desfrutarão de uma maior eficiência com taxas de transação mais baixas, o que ampliará ainda mais o uso do Bitcoin como meio de troca.

Com a assinatura “Schnorr”, mesmo as transações mais complexas feitas entre as carteiras de suporte Taproot incorrerão nas mesmas taxas que as carteiras simples. E esta redução de custos, a maior flexibilidade e a capacidade para contratos inteligentes, por sua vez, possibilitarão configurações muito complexas que antes não eram viáveis na rede do Blockchain Bitcoin.

Além de beneficiar a Lightinig Network, o Taproot também melhora as transações de Bitcoin.

Como funcionam as transações de Bitcoin

As transações de bitcoin funcionam com base em entradas e saídas, que são equivalentes, já que as moedas não são destruídas. Por exemplo, se você quiser me enviar 10 BTC, você precisará selecionar precisamente 10 Bitcoin. Caso contrário a transação estaria incompleta: ou porque você não pode me enviar menos Bitcoin do que possui ou porque você não gostaria de me enviar mais Bitcoin do que desejaria.

Note que quando falamos em gastos, estamos nos referindo a uma saída (output).

Pois bem, vamos supor agora que eu tenho os 10 BTC que você me enviou, podendo usá-los como eu quiser. Eu posso enviar 3 BTC para Júlia e 7 BTC para Cátia, por exemplo, ou posso enviar 10 BTC para Felipe.

Posso, ainda, manter os 10 BTC e fazer HODL por tempo indeterminado. A menos que eu opte por mantê-lo, farei uma transação independentemente do uso que fizer dos meus novos Bitcoin. Esta última transação terá a saída de 10 BTC que tenho como entrada, e a saída desta transação será o que eu decidir enviar.

O que você precisa perceber na dinâmica de transações do Bitcoin é a interação das moedas como entradas e saídas. Quando gastamos nossos Bitcoin, estamos transferindo a saída de uma transação para outra pessoa. Mas para isso, precisamos inseri-la em uma nova transação, e a outra pessoa receberá o BTC como outra saída de transação.

Bem por isso, o conceito de carteira é uma abstração criada para facilitar as coisas e nos permitir compreender a soma de todas as saídas de transação que você possui. Porque no modelo de transações do Bitcoin tudo o que existe são saídas de transação (UTXOs).

No geral, esse modelo UTXO que acabei de descrever acima se baseia em scripts ou contratos criados usando a linguagem de programação Bitcoin Script. Em resumo, a linguagem Bitcoin Script é uma forma de especificar as condições para se gastar um UTXO.

O que é considerado quando se pensa em melhorias no Bitcoin Script

Quando se pensa em implementar melhorarias no Bitcoin Script, há três pilares a se considerar:

  • A privacidade;
  • A eficiência de espaço;
  • A eficiência computacional.

Geralmente, busca-se a melhoraria de um desses pilares para fortalecer os outros dois. Por exemplo, procurar revelar menos sobre uma transação e assim melhorar a privacidade implicaria em submeter uma quantidade menor de dados, reduzindo a necessidade de espaço para a transação, tornando-a mais fácil de ser verificada – o que é menos intensivo em termos computacionais.

A comunidade Bitcoin tem melhorado a forma como as transações funcionam, introduzindo gradualmente novos tipos de roteiro, ou de endereço. A mudança procura melhorar a privacidade da transação, bem como tornar a transferência de fundos mais leve e acelerar o processo de validação. O resultado é que os usuários têm maior flexibilidade para criar scripts que aumentam a resiliência de suas economias, movimentam os fundos de forma mais eficiente e privada e ajudam a alcançar a soberania financeira.

Apesar de complicado para o usuário final, surgiram ferramentas técnicas para adotar estas práticas e eliminando as tecnicidades. Um exemplo disto são os endereços com várias assinaturas, que antes tinham que ser feitos manualmente com o Bitcoin Script, mas agora podem ser criados sem esforço com um smartphone ou um laptop.

Da mesma forma, a Lightning, a solução Bitcoin de segunda camada para pagamentos pequenos e frequentes, agora está disponível em aplicativos móveis e permite que as pessoas transacionem quantidades de BTC instantaneamente, o que antes era inviável.

Como o Taproot melhora as transações de Bitcoin

Nos primeiros tempos do Bitcoin, o remetente de uma transação tinha que se preocupar com a política de carteira do receptor (seu contrato, ou roteiro), o que não era só impraticável, mas representava uma lacuna significativa de privacidade. O contrato tinha que ser revelado quando a transação era enviada para qualquer pessoa ver; portanto.

Com o advento do pagamento ao hash de script (P2SH), o Bitcoin mudou essa dinâmica, e as transações começaram a ser enviadas ao hash do contrato em vez do contrato em si. Isto significava que o contrato não seria revelado até que a saída fosse gasta, e as saídas se tornassem idênticas – apenas um hash. O contrato, contudo, teve que se tornar visível quando os gastos foram gastos e todas as condições de gastos tiveram que ser reveladas.

As duas desvantagens desta abordagem são a privacidade e a eficiência, eis que qualquer observador poderia aprender sobre as diferentes condições de gastos – obtendo assim muitas informações sobre o gastador – e o blockchain ficaria inchado com um longo script de lógica desnecessária – quando na prática só faz sentido verificar a condição que foi usada para gastar aquela saída.

A atualização Taproot melhora isto, trazendo mais flexibilidade e privacidade sem comprometer a segurança, ao introduzir a Merklelized Abstract Syntax Trees (MAST), uma estrutura que finalmente permite ao Bitcoin atingir o objetivo de apenas revelar a condição específica de gastos do contrato que foi utilizado.

Com o Taproot, há duas possibilidades principais para gastos complexos: uma condição consensual, mutuamente acordada; ou uma condição específica de recurso. Por exemplo, se um endereço com assinaturas de várias pessoas quiser gastar alguns fundos de forma programática, eles poderiam estabelecer uma condição de gastos na qual todos eles concordassem em gastar os fundos ou estados de recurso no caso de não conseguirem chegar a um consenso.

Se a condição que todos concordam for utilizada, o Taproot permite que ela seja transformada em uma única assinatura. Portanto, a rede Bitcoin nem sequer saberia que havia um contrato sendo utilizado, aumentando significativamente a privacidade de todos os proprietários do endereço multiassinatura (multissignature address).

Todavia, se um consenso mútuo não for alcançado e uma das partes gastar os fundos usando qualquer um dos métodos de recurso, o Taproot apenas revela esse método específico.

A introdução do P2SH aumentou a privacidade do receptor, fazendo com que todas as saídas pareçam idênticas (apenas um hash). O Taproot aumentará a privacidade do remetente restringindo a quantidade de informações transmitidas para a rede.

Mesmo que você não use funcionalidades complexas como o Lightning ou carteiras com multissignature, melhorar a privacidade deles também melhora a sua, pois torna a vigilância em rede mais difícil e torna o conjunto de anonimato da rede Bitcoin mais ampla.

Como o Taproot impacta quem usa a blockchain Bitcoin?

À medida que os nodes forem atualizados e as pessoas começarem a usar principalmente os endereços Taproot, será mais difícil para os vigilantes da rede Bitcoin detectar e identificar entre remetentes e receptores, as saídas de transação (UXTOs) serão tratados com mais igualdade e a rede Bitcoin se tornará uma rede de assentamentos mais robusta que permitirá a construção de funcionalidades mais complexas no topo.

Os protocolos de segunda camada e as sidechains terão o poder de intensificar e alavancar contratos inteligentes ainda mais sofisticados para coordenar fundos na camada base. E o usuário final se beneficiará de mais ofertas no amplo ecossistema Bitcoin com garantias mais robustas.

Conquanto algumas aplicações financeiras descentralizadas e casos de uso já estejam sendo implementados no blockchain Bitcoin, a maior flexibilidade aos contratos inteligentes e as possibilidades trazidas pela atualização da Taproot podem, em última análise, permitir que mais casos de uso sejam implementados – como tokens não-fungíveis (NFT) e as aplicações construídas em finanças descentralizadas (DeFi), bem como mais funcionalidades complexas sejam implementadas, além de possibilitar que garantias de segurança mais robustas na rede Bitcoin sejam desfrutadas pelos usuários.

Perspectivas e possibilidades

Ao construir pacientemente as bases de uma rede monetária distribuída, incensurável, antifrágil e soberana, o blockchain Bitcoin está preparado para proporcionar funcionalidades e crescimento reais a longo prazo através de uma abordagem estratificada.

A atualização Taproot se fundamenta nestas bases, promovendo a segurança e a privacidade da camada base e permitindo que aplicações mais complexas sejam construídas em cima dela.

A maior flexibilidade das funcionalidades inteligentes de contrato da Bitcoin trazidas pela atualização Taproot, que também compreende Schnorr, MAST e Tapscript, traz uma nova era de possibilidades impensáveis, abrindo a porta para casos de uso mais amplo a serem implementados na rede monetária mais segura, descentralizada e robusta que a humanidade já conheceu.

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Tatiana Revoredo
Tatiana Revoredo é membro fundadora da Oxford Blockchain Foundation. LinkedIn Top Voice em Inovação e Tecnologia. Estrategista Blockchain pela Saïd Business School, University of Oxford. Especialista em Blockchain Business Applications pelo MIT. Especialista em Artificial Intelligence & Business Strategy pelo MIT Sloan & MIT CSAIL. Especialista em Cyber-Risk Mitigation pela Harvard University. Convidada pelo Parlamento Europeu para a “The Intercontinental Blockchain Conference”....
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