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Regulamentação deve convergir criptomoedas e TradFi, diz JP Morgan

3 mins
Atualizado por Júlia V. Kurtz

EM RESUMO

  • A visão da empresa foi publicada em seu relatório estratégico.
  • A aceleração para a regulamentação deve aproximar o ecossistema cripto das soluções já utilizadas nos mercados tradicionais (TradFi).
  • O colapso da FTX deve acelerar o processo de regulamentação em 2023.
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O mais recente relatório do JP Morgan disse que a regulamentação irá convergir criptomoedas e TradFi. O colapso da FTX deve acelerar a regulamentação que também deve focar na importância da autocustódia, segurança de ativos e proteção do cliente.

O relatório de Estratégia de Mercados Globais do JP Morgan, foi publicado na última quinta-feira (24) e apresenta a visão da instituição bancária sobre os mercados para 2023. O desastre da FTX e da Alameda Research foi abordado com preocupação no documento devido ao “efeito cascata que afetou outras entidades cripto”.

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Regulamentação com maior rigor para as CEX

Frente aos acontecimentos que abalaram a confiança dos investidores em criptomoedas em 2022, o JP Morgan confia que em 2023 ocorrerá uma aceleração no processo regulatório através de projetos já em discussões.

O documento cita o projeto de lei dos Mercados de Criptoativos (MiCA) da União Europeia que está com os processos legislativos avançados, faltando apenas a aprovação do parlamento europeu. O JP Morgan acredita na aprovação em 2023 e acrescenta que deve ocorrer um período de transição de até 18 meses antes do novo regulamento “entrar em vigor em algum momento de 2024”.

No entanto, foi destacado que algumas mudanças significativas devem acontecer no projeto devido ao colapso da FTX. A quebra de confiança nas exchanges centralizadas (CEX) por causa do evento, deve gerar novas iniciativas regulatórias com foco na  “custódia e proteção dos ativos digitais dos clientes como no sistema financeiro tradicional”.

Essas novas iniciativas devem ter um impacto maior sobre as CEX, como separação das atividades de corretagem, negociação, empréstimo, compensação e custódia.

“(Esses regulamentos terão) as maiores implicações para as exchanges que, como a FTX, combinaram todas essas atividades, levantando questões sobre proteção de ativos dos clientes, manipulação de mercado e conflitos de interesse”, destacou o JP Morgan.

A empresa também observou o crescimento exponencial dos provedores de carteiras de hardware Ledger e Trezor gerando “um aumento na autocustódia de criptomoedas”. Entretanto não fez nenhuma menção sobre alguma regulamentação ou tentativa de monitoramento destes dispositivos.

Soluções do TradFi devem gerar maior transparência

Outro ponto que ficou evidenciado foi a necessidade de maior transparência no espaço cripto. Sobre este ponto o JP Morgan observou que mecanismos de transparência, como mandatos para relatórios regulares e auditoria de reservas, ativos e passivos em “exchanges, corretoras, credores, custodiantes, emissores de Stablecoin etc.”, podem entrar no novo arcabouço legal.

Todos esses regulamentos provavelmente serão importados do sistema financeiro tradicional (TradFi) destaca a empresa, o que levaria a “convergência do ecossistema cripto para o sistema financeiro tradicional”.

O documento explica que, provavelmente, o mercado de derivativos cripto passe por uma mudança para locais regulamentados, como a Chicago Mercantile Exchange (CME). O grande número de investidores institucionais, como fundos de hedge, presos na FTX por meio de suas posições de derivativos, acendeu uma luz vermelha exigindo uma mudança maior.

A regulamentação de locais como a CME para futuros e opções, traria mais segurança para os investidores.

O JP Morgan observou que essa mudança aumentaria o papel da Comissão de Negociação de Futuros de Commodities (CFTC) nos mercados de criptomoedas, pois os mercados de derivativos dos EUA são regulados pela CFTC.

Desafios para a popularização do DeFi

Apesar de todas as mudanças apontarem para a evolução do espaço cripto, o JP Morgan demonstrou ceticismo com relação à mudança estrutural das CEXs para DEXs. A empresa listou alguns obstáculos que o DeFi terá de enfrentar ainda no caminho da popularização:

  1. Descoberta de preços – são fornecida majoritariamente pelas CEXs via oráculos por enquanto;
  2. Riscos dos contratos inteligentes (ataques de hacking/protocolo);
  3. Auditorias e governança de DeFi sem comprometimento da segurança;
  4. Riscos sistêmicos de liquidações automatizadas se as garantias caírem abaixo de determinados níveis;
  5. A desvantagem da sobrecolateralização do DeFi sobre o financiamento tradicional;
  6. A dificuldade de utilização das DEXs;
  7. A falta da funcionalidade de ordens limite/stop-loss;
  8. A dificuldade de avaliação da relação risco/retorno em DeFi;
  9. O agrupamento de ativos em pools de liquidez (LPs) pode deixar os investidores institucionais desconfortáveis

“Como resultado, acreditamos que as exchanges centralizadas continuarão a desempenhar um grande papel no ecossistema cripto no futuro próximo, em particular para investidores institucionais maiores, apesar do colapso da FTX”, concluiu o JP Morgan.

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Thiago Barboza
Thiago Barboza é graduado em Comunicação com ênfase em escritas criativas pela Universidade Federal da Bahia (UFBA). Em 2019 conheceu as criptomoedas e blockchain, mas foi em 2020 que decidiu imergir nesse universo e utilizar seu conhecimento acadêmico para ajudar a difundir e conscientizar sobre a importância desta tecnologia disruptiva.
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