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Envolvida no piloto do Real Digital, Microsoft pode comprar criadora de Call of Duty por US$ 75 bi

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Atualizado por Chris Goldenbaum

A Microsoft pode concluir uma das maiores aquisições se comprar a Activision Blizzard, empresa por trás de franquias de sucesso como Call of Duty, World of Warcraft e Candy Crush.

A gigante de Bill Gates deu um grande passo para concluir uma das maiores aquisições tecnológicas da história. A Microsoft recebeu o aval da juíza federal da Califórnia, Jacqueline Scott Corley. A juíza negou o pedido de bloqueio da Comissão Federal de Comércio, (FTC), que alegou concorrência desleal, entre outros argumentos. A FTC tem até sexta-feira, 14 de julho, para recorrer da decisão.

No entanto, ao que tudo indica e conforme reportagem do Wall Street Journal, a fabricante do X-Box pode fazer um acordo antes do prazo, em 18 de julho. A Microsoft deu garantias e fez acordos com concorrentes, como manter por uma década o Call Of Duty no PlayStation e Nintendo.

Brad Smith, CEO da Microsoft, agradeceu a decisão da justiça.

“Estamos gratos à Corte de San Francisco por esta decisão rápida e minuciosa e esperamos que outras jurisdições continuem a trabalhar em direção a uma solução em tempo. Como demonstramos consistentemente ao longo deste processo, estamos comprometidos a trabalhar criativa e colaborativamente para lidar com preocupações regulatórias.”, disse

Reino Unido pode fazer acordo

A notícia repercutiu também no Reino Unido, que ainda não aprovou a fusão. A Autoridade de Concorrência e Mercados da Grã-Bretanha (CMA), disse estar preparada para considerar novas propostas da Microsoft para tratar de suas preocupações com a concorrência. 

Já o porta-voz da FTC, Douglas Farrar, afirmou que o órgão ainda avalia os próximos passos. Farrar, disse em comunicado que considera a fusão uma ameaça clara à competição livre em jogos na nuvem, serviços por assinatura e consoles. 

Leia mais: Sofri um golpe, e agora? Como agir em casos de fraude

Microsoft é a única em 4 consórcios do projeto-piloto do Real Digital

No Brasil, a Microsoft está investindo pesado no projeto piloto do Bacen do Real Digital, que selecionou 16 projetos. É a única empresa a estar em quatro consórcios para o desenvolvimento do piloto da CBDC brasileira.

Antes do piloto, durante o Lift Challange no ano passado, a empresa se uniu à Visa, Sinqia e Agrotoken, e criou uma solução inovadora para tokenização de commodities agrícolas. O projeto suporta pequenas e médias empresas agrícolas a expandirem seus negócios e acessarem mercados de capitais globais. Na prática, o produtor rural tokeniza seus recebíveis de entrega, troca por Real Digital e cria a liquidez.

Agora, a Microsoft participa dos consórcios com a Caixa e a Elo, contribuindo com a tokenização de ativos e de DLT (Distributed Ledger Technology). Isso em parceria com a ABBC – Associação Brasileira de Bancos, BBchain e BIP; Banco ABC, Hamsa e LoopiPay; e com o Banco Inter e a 7COMm.

“Todas essas iniciativas têm o intuito de trazer soluções para apoiar o ecossistema financeiro na transformação digital do setor por meio inovações nos meios de pagamento brasileiro, com segurança, resiliência e confidencialidade”, explica a empresa em comunicado.

João Aragão Pereira é estrategista e especialista em Inovação da Microsoft. Ele atua diretamente, com outros colegas, nos pilotos do Real Digital. Aragão disse recentemente em eventos como Febraban Tech e Blockchain SP, que a educação financeira é fundamental para adoção do Real Digital.

Inclusão na Web3 deverá ser gradual

Aragão, que também leciona na Poli-USP, destaca que inclusão digital e do Real Digital será gradual.

Para o executivo, aos poucos e com casos de uso que mostrem ao consumidor a economia real, as pessoas vão se interessar em casos práticos. “Ao usar, por exemplo, a blockchain para liquidar um contrato de compra e venda de um imóvel – via smart contract – para diminuir a fricção e reduzir os custos da operação. Sem falar da rastreabilidade e transparência do processo digital”.

João Aragão Pereira, que também acompanhou todo processo do PIX, cita a tecnologia como um dos cases de sucesso do BC. Ele lembra que a ferramenta de transferência de dinheiro, “não é exatamente um P2 to P2 porque todas as operações passam pelo BC”

Muitas pessoas ainda confundem criptomoedas e stablecoins. No caso do Real Digital, existirá a moeda tokenizada usada no varejo e o Real Digital, que será usado entre bancos.

Não é uma nova moeda. Isso é um ponto que talvez até assuste, mas o ponto a aqui é o depósito à vista tokenizado.  E aí, um ponto muito interessante, o banco não vai perder o papel principal, assim como é hoje no Pix.

Na prática, tudo será monitorado pelo regulador, neste caso o BC, mas quem gerará a moeda para o varejo, serão os bancos e as Instituições de Pagamentos (IPs).

Aragão explica de forma didática: “Quando se fala em IP, vale ressaltar aqui que essas instituições têm que fazer a reserva total daquele depósito tokenizado que o Banco Central colocou, por isso fica mais próximo de uma stablecoin.”

Neste caso, os bancos fazem reservas fracionadas no BC para gerar a moeda e depois a reenvia para pessoas físicas ou jurídicas. É bem similar ao que acontece hoje com o real eletrônico – que não é o mesmo que ser digital.

Previsão é de que à partir de 2025, com o Real Digital, o consumidor terá uma nova opção de fazer pagamentos sem a moeda física.

Até pouco tempo não se aceitava cartão em feiras de rua ou pequenos comércios. Hoje se aceita até PIX.

“Antigamente íamos ao caixa eletrônico antes de ir a feira, e hoje vamos realizando micro transações de PIX durante as compras. Acredito que será 24×7″, disse o especialista da Microsoft.

Vale ressaltar aqui que a CBDC pode facilitar pagamentos transfronteiriços, algo que o PIX ainda não realiza.

Inclusão precisa de apoio de todos os players do mercado

João Aragão acredita que a inclusão vai acontecer se todos os participantes do mercado atuarem juntos para impulsionar o acesso digital. Ele usou o exemplo da Vodafone, na África do Sul, que entrega ao consumidor a linha telefônica, Super APP, cartão e uma linha de crédito na ponta.

Imagine-se nós trouxéssemos isso para o Brasil e ainda com pagamento offline. O cartão do Zé que está lá na Amazônia, e quer comprar borracha para a micro fazenda dele, ele vai poder fazer a compra com o pagamento offline usando o Real Digital, aí, sim, nós estamos fazendo inclusão digital e financeira.

CBDCS terão interação com mercado descentralizado

Hoje no Brasil se entrarmos em um mundo descentralizado, não existe um regulador.

“Vários amigos meus perderam dinheiro em algumas exchanges. Existe liquidez? Não existe, o que foi dito para eles quando tentaram sacar dinheiro é que houve um ataque ransom e volte daqui a seis meses. Isso em no mundo regulado não existe. As regulações não permitem esse tipo de atitude. Existem regras.” contou o executivo.

O professor acredita que também será possível manter a conexão entre o regulado e não regulado, mas existem regras. Para ele, o mercado de criptoativos, em alguns casos, opera de maneira 100% descentralizada. É o caso do Bitcoin, que poderá no futuro interagir com o Real Digital e outras CBDCs.

A CBDC deve permitir essa conexão. Se uma pessoa quiser comprar Bitcoin com Real Digital, poderá comprar. O banco também fará o papel da Exchange. Então eu vou poder comprar o meu pão na padaria, fazer um investimento na B3 utilizando o Real Digital do mesmo jeito. Então ele (Real Digital) vai acabar entrando no ecossistema naturalmente.

Para esse tipo de operação é preciso ter uma carteira digital.

Super APP do BC vai integrar serviços financeiros

Recentemente o presidente do BC, Roberto Campos Neto apresentou a ideia inicial o Super APP, enquanto a Microsoft já trabalha na arquitetura da ferramenta. Ela “combina arquitetura flexível e modular em nuvem, para alavancar novos modelos de negócios, melhorar a experiência e fidelizar o cliente, através do framework Super App tropicalizado.”

As vantagens listadas pela Big Tech incluem:

  • Arquiteturas modulares e flexíveis;
  • Hiper-conectividade entre parceiros e clientes e indústrias;
  • Carteira digital cripto para diferentes criptoativos: stablecoins, CBDC, criptomoedas, NFTs e outros ativos da Web3;
  • Interoperabilidade com protocolos DeFi;

“Então não é só um meio de pagamento. Eu posso ter no meu super APP, conexões com super apps de outros países, realizar pagamentos transfronteiriços. Talvez em breve eu consiga fazer esse pagamento transfronteiriço na Argentina com o Real Digital, ou no Paraguai, México. Tanto faz”, conta o executivo da Microsoft.

Calcanhar de Aquiles

Os criptoativos deram a chance para que muitos desbancarizados ao redor do planeta, tenham independência financeira pela primeira vez.

No entanto, o especialista fez um alerta sobre a entrada de desbancarizados na nova economia tokenizada regulada. Questionado sobre como as instituições financeiras e empresas como a Microsoft podem melhorar as barreiras. Já que, em geral, é preciso comprovar renda, emprego – seja formal ou não – e um endereço com CEP para abrir uma conta em instituições fiduciárias.

É o Calcanhar de Aquiles. Quando pensamos em lavagem de dinheiro por exemplo, o KYC é mandatório. A segurança e a experiência do usuário não podem estar em jogo. É preciso diminuir fricção, mas é preciso saber quem está do outro lado. Esse é o ponto.

Ele exemplifica. “O João que está usando o depósito tokenizado pode ser o mesmo que vai comprar o pão na padaria, mas também pode ser o João Laranja que está lavando dinheiro de crimes, tráfico de drogas, etc; inclusive usando carteiras digitais”.

De maneira geral, essas transações acontecem de maneira anônima. E esse é um dos grandes problemas em um ambiente onde você não conhece quem está transferindo e/ou para quem. O dinheiro literalmente se dissipa em diversas carteiras.

João Aragão (à direita) no estande da Microsoft na Febraban Tech 2023

Microsoft prevê ataque quântico ao Real Digital

A demanda natural do mercado levou a equipe de pesquisas da Microsoft a pensar em futuros e possíveis ataques de computação quântica.

A ideia é para lá de inovadora já que a computação quântica ainda precisa ser muito estudada.

Durante o workshop “A tokenização das finanças: dos criptoativos às moedas digitais de bancos centrais” apresentado no Banco Central em maio, Pereira apresentou a solução que promete mais segurança e privacidade.

A Microsoft apresentou algoritmos aprovados no Lift do real Digital como o PQC da NIST e  SPHINCS+, para serem aplicados em possíveis hacks de computação quântica. Também ressaltou que muitos hackers atacam de olho na assinatura digital do usuário.

Para o Real Digital, a ideia é muito similar. A gigante americana sugere aplicar os algoritmos para validar a transação e a segurança da assinatura digital, assim como na parte de privacidade.

A ideia pode levar a aplicação do algorítmico PQC da NIST, um órgão Internacional validado pela Microsoft e BC, para os Bancos Centrais de todo mundo.

De alguma maneira instituições e governos de todo planeta estão sendo provocados com a nova era da economia tokenizada. E o Brasil – com certeza – saiu na frente. Resta saber se nos manteremos no topo, avançaremos ou ficaremos para trás.

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Aline Fernandes
Aline Fernandes atua há 20 anos como jornalista. Especializada nas editorias de economia, agronegócio e internacional trabalha na BeINCrypto como editora do site brasileiro. Já passou por diversas redações e emissoras do país, incluindo canais setorizados como Globo News, Bloomberg News, Canal Rural, Canal do Boi, SBT, Record e Rádio Estadão/ESPM. Atuou também como correspondente internacional em Nova York e foi setorista de economia dentro do pregão da BM&F Bovespa, hoje B3...
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