O Banco Central se manifestou sobre o pedido do MP-TCU (Ministério Público junto ao Tribunal de Contas da União) para que a Corte de Contas investigue o presidente do BC, Roberto Campos Neto. A BC está à disposição do TCU e afirmou que a prática é usual e consagrada.
O motivo para o pedido de investigação foi uma declaração de Roberto Campos Neto durante entrevista à Black Rock no dia 20 de julho. Na ocasião, ele disse a maior plataforma de gestão de ativos no mundo, que está aberto à possibilidade de terceirizar a gestão de ativos da instituição.
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Roberto Campos Neto não especificou quais ativos a initiativa privada gerenciaria com a implementação da ideia.
TCU critica gestão de ativos
Conforme o documento do MP-TCU, o executivo teria dito que o BC tinha um programa de gestão terceirizada até meados dos anos 2000, mas foi descontinuado e a instituição passou a controlar os ativos de forma direta. Agora, Neto disse repensar esse cenário.
“A gente está aberta a essa terceirização, vamos dizer assim, à gestão externa”, declarou.
“A gente teve um programa grande de gestão terceirizada. Hoje, grande parte da gestão não é terceirizada, mas a gente está aberta a fazer a gestão terceirizada, principalmente porque a gente está olhando novas classes de ativos. Posteriormente, o BC pode decidir colocá-los sob a gestão direta. O principal ativo do regulador são as reservas financeiras internacionais do Brasil, ou seja, uma espécie de poupança do país.”
De acordo com relatório do BC, o Brasil fechou 2022 com US$ 324,7 bilhões em reservas internacionais.
Para o subprocurador-geral do MP-TCU, Lucas Rocha Furtado, a ação coloca em risco a capacidade do país honrar compromissos financeiros e uma medida cautelar deve ser instaurada para proteger os bens da autoridade monetária de seu próprio presidente.
O presidente do BC tem avançado a passos largos com a atual gestão. Implementou uma agenda moderna, digital e tokenizada, que colocou o Brasil na frente das maiores economias do mundo com o Pix e agora com o piloto do Real Digital.
Prática é consagrada por gestores externos, diz BC
A reportagem questionou a declaração de Roberto Campos Neto. Conforme resposta do BC, “o uso de gestores externos por bancos centrais é prática consagrada e bastante usual”.
“Em levantamento de 2021 do Banco Mundial, por exemplo, cerca de 72% dos bancos centrais consultados tinham recursos administrados por gestores externos. Dentre os principais motivos para a busca de um gerente externo, destacam-se diversificação e a transferência de tecnologia.
O programa de gerenciamento externo das reservas internacionais começou no início dos anos 2000, e o último ciclo foi de 2012 a 2017. Mais detalhadamente, tivemos dois ciclos concluídos do programa de gerenciamento externo.
O primeiro foi entre 2000 e 2010, com um montante de US$ 1,2 bilhão. O segundo foi entre 2012 e 2017, com volume total alocado de US$ 6 bilhões. Não temos desde 2017 recursos alocados em programas de gerenciamento externo. O gráfico abaixo destaca o efetivo percentual de reservas internacionais em programas de gerenciamento externo a cada ano.”
A resposta enviada ao BeInCrypto também ressalta que o Banco Central está permanentemente à disposição do Tribunal de Contas da União para prestar esclarecimentos sobre qualquer tema de interesse do órgão de controle.
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