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Presidente do Banco Central diz que Real Digital pode ser implementado até 2025

5 mins
Atualizado por Júlia V. Kurtz

EM RESUMO

  • BC quer agenda digital integrada com PIX, Open Finance e Real Digital.
  • Roberto Campos Neto diz que Real Digital pode ser implementado até 2025.
  • Presidente do BC defende e reforça autonomia da instituição.
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O presidente do Banco Central do Brasil, Roberto Campos Neto, disse que a implementação do Real Digital pode ocorrer até 2025. Ele falou durante uma apresentação no Milken South Florida Dialogues 2023, evento sobre inovações digitais, nos Estados Unidos.

No evento, o presidente do Banco Central falou sobre inovações digitais. Ele também defendeu a tokenização e a autonomia da instituição.

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Com uma agenda digital pública, Roberto Campos Neto ressaltou que já estamos vivendo em um período de inovação tecnológica sem precedentes no mercado financeiro. De acordo com ele, “no mundo digital de hoje, as pessoas procuram maneiras de representar qualquer coisa que pode ter valor em formato digital”.

Campos Neto citou a transparência da blockchain, realidade virtual e reforçou os processos de tokenização que permitem extrair, em formato digital, valor de diferentes tipos de ativos, como fotos, arte, propriedades, ideias e dinheiro.

“ Este processo de inovação sugere que estamos nos movendo em direção a uma economia tokenizada, na qual a negociação de ativos tokenizados é a principal transformação”.

No sistema financeiro, este processo tende a conduzir a uma dicotomia crescente entre o que é baseado em conta ou em tokens nos balanços dos bancos. Dessa forma, esses desenvolvimentos podem levar à criação de mercados globais, regulados, redes baseadas em token e multiativos, de acordo com Campos Neto

A importância do PIX

Lançado em 2020, o sistema de pagamento instantâneo do Bacen superou as expectativas da instituição, com seu uso aumentando mês após mês. Desde então, a entidade implementou várias novidades.

Entre elas, por exemplo, estão a capacidade de realizar pagamentos nas datas de vencimento ou de forma programada e sacar dinheiro. Além disso, o BC implementou novos mecanismos de acessibilidade e segurança implementados. No futuro, os clientes poderão adquirir alguns serviços financeiros atualmente disponíveis no canais dos bancos, como crédito, usando o PIX.

 “Também esperamos interconexões envolvendo Pix e outros sistemas de pagamento instantâneo, habilitação do Pix para pagamentos internacionais.”

Open Finance

O BC espera que o Open Finance aumente a eficiência do sistema de crédito e pagamento do mercado brasileiro, da mesma forma que promova um sistema financeiro mais inclusivo e competitivo.

De acordo com o CEO do Bacen, o modelo brasileiro é referência global e o maior em abrangência e número de instituições envolvidas.

Em dois anos, o Open Finance já tem números impressionantes. São 15 milhões de clientes e 22 milhões de consentimentos de compartilhamento de dados e mais de 800 instituições de envolvidas.

 Para 2023, o BC espera que as instituições participantes comecem a, primeiramente, oferecer o compartilhamento de dados sobre novos grupos de produtos e serviços, como investimentos, seguros, previdência e câmbio. E, em segundo lugar, a promover melhorias na partilha de dados e iniciação da jornada de pagamentos.

Real Digital e integração de projetos

Campos Neto quer integrar PIX, Open Finance, internacionalização da moeda brasileira e o Real Digital. Ele explica que nos próximos anos, esse processo de inovação levará a “um sistema financeiro cuja concorrência será não só por produto, mas também por canal”.

“Prevemos esses quatro blocos de construção dando origem a agregadores financeiros, permitindo que os clientes acessem informações e serviços de diferentes bancos usando as mesmas aplicações”.

A Interoperabilidade é fundamental para que todas as iniciativas listadas pelo presidente do BC funcionem de maneira interligadas. Ele explicou durante a apresentação que a essa integração servirá de base para estabelecer a moeda digital.

Campos Neto acrescenta que a instituição acredita que os benefícios de um CBDC vão muito além das melhorias no atacado, pagamentos transfronteiriços e/ou permitindo pagamentos instantâneos:

“Nossa visão é que um CBDC é um importante impulsionador de novos modelos de negócios e inovação no sistema financeiro.”

Desafios para o Real Digital

A expectativa é que o Real Digital enfrente muitos desafios com os anos. Entre eles está o de viabilizar usos, além das soluções de pagamento disponíveis hoje. De acordo com RCN, a CBDC brasileira promoverá a prestação de serviços financeiros com depósitos tokenizados.

O princípio será transformar os depósitos em tokens (stablecoins), que podem ser detidos pelo público e têm um valor equivalente a uma CBDC detido por instituições financeiras e emitidas pelo BCB.

O fato de os bancos serem os emissores de depósitos tokenizados evitará a desintermediação e problemas em seus balanços. Como o Real Digital não renderá juros, ele não interferirá diretamente na transmissão da política monetária ou o quadro macroeconômico, explicou o presidente do Banco Central

“ Ao mesmo tempo, depósitos tokenizados terão os mesmos princípios regulatórios que depósitos convencionais, garantindo a segurança do sistema financeiro. Além disso, espera-se que o Real Digital possibilite uma cadeia de comercialização mais eficiente de ativos tokenizados, fortalecendo a migração para um mundo baseado em tokens”.

Outros resultados positivos incluem o uso de novas tecnologias para melhorar controles internos e processos de liquidação, destacou o BC.

CDBC brasileira pode ser lançada até 2025

Atualmente o BC está avaliando por meio do da iniciativa LIFT Challenge Lift a execução de projetos nos casos de uso da CBDC propostos por bancos, instituições de pagamento e outros participantes do mercado, envolvendo soluções para:

“ Nossa ideia é iniciar um projeto piloto em 2023, e se tudo correr como planejado, o CBDC pode estar em funcionamento no final de 2024 ou no início de 2025”.

Monetização de dados

A monetização de dados foi outro tema importante destacado em Miami. Campos Neto destacou na apresentação que “é muito difícil para os usuários do sistema financeiro monetizar seus dados”. De acordo com o presidente do BC, como proprietários de suas informações, eles devem ser capazes de fazer isso.

O Banco central está trabalhando para criar maneiras de permitir que usuários monetizem suas informações no futuro.

Nesse sentido, o agregador financeiro também poderia ser utilizado como uma carteira de dados, onde o usuário poderia armazenar dados e escolher a melhor forma de monetizá-los, explica.

Para isso, será necessário rastrear quais dados podem fluir de forma organizada e segura.

Visão do Futuro

“Em nossa visão de futuro, não é razoável esperar que as pessoas tenham que lidar com muitos aplicativos diferentes para acessar informações e serviços de diferentes financeiras instituições”.  

Nosso conceito é ter um processo integrado que permita que as pessoas escolham um único aplicativo que integra informações e serviços de players distintos.

Autonomia do Banco Central

Roberto Campos Neto afirmou que a independência do BC é importante para que o país pague menos juros. A fala ocorre após o presidente Lula criticar a entidade sobre a manutenção da Selic em 13,25% a.a na última reunião do Copom,

“A principal razão, no caso da autonomia do Banco Central, é que desconecta o ciclo da política monetária do ciclo político, porque eles têm diferentes durações e interesses. Quanto mais independente você é, mais eficaz você é, menos o país pagará em termos de custo de ineficiência da política monetária”, declarou Campos Neto.

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Aline Fernandes
Apaixonada pelo que faz, Aline Fernandes é uma profissional que atua há 20 anos como jornalista. Especializada nas editorias de economia, agronegócio e internacional trabalha na BeINCrypto como editora do site brasileiro. Já passou por quase todas as redações e emissoras do país, incluindo canais setorizados como Globo News, Bloomberg News, Canal Rural, Canal do Boi, SBT, Record e Rádio Estadão/ESPM. Atuou também como correspondente internacional em Nova York e foi setorista de economia...
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