A Blockchain SP contou com conferências dedicadas a 14 trilhas diferentes, como ciências descentralizadas, bootcamps, hackathon Ethereum e plataformas Web3 para diferentes aplicações e propósitos. O evento, que ocorreu na Universidade de São Paulo, deixa um importante legado de educação.
Com previsão de chegar à população brasileira entre o final do próximo ano e 2025, o Real Digital ganhou um palco dedicado ao tema. Membros do Banco Central, CVM, autoridades, especialistas e sociedade debateram sobre a CBDC brasileira durante dois dias. E a edição do próximo ano, foi confirmada pela organização. O Digital Finance Brasil ocorrerá em 2024.
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O representante do BC, Rafael Bianchini, falou sobre a moeda digital brasileira e detalhou a eficiência dos smart contracts nos meios de pagamento. O executivo ressaltou que a tecnologia diminuirá erros humanos e otimizar custos.
Regulação permeou várias das iniciativas do Digital Finance Brasil
Doutora pela Universidade Católica de Lisboa, a Procuradora do Estado do Paraná e especializada em cripto economia, Dayana Uhdre, contribuiu com três palestras diferentes. Ela disse à reportagem que “sem dúvidas estamos em um momento de maturação do mercado, o que têm exigido e chamado o aspecto regulatório para mais perto.”
“O desenvolvimento de muitos projetos em ambiente de web3 requer diretrizes jurídicas mais delineadas a fim de garantir a viabilidade e higidez a longo prazo dele. E, o que estamos presenciando no atual cenário é uma certa ‘efervescência regulatória’ no cenário atual brasileiro”, esclarece Dayana.
Na semana passada, a Lei 14.478/2020 entrou em vigor, assim como o Decreto 11.563/23, que determinou o Banco Central como órgão competente a trazer as diretrizes infralegais para o desempenho de atividades no Brasil pelos prestadores de serviços digitais (VASP`s). Uhdre ressalta que veremos muitos debates sendo construídos também ao entorno das recentes manifestações da CVM (notadamente parecer de Orientação 40/2022 e Ofício Circular 04/23).
A advogada acredita que com essas iniciativas, o Brasil tem se mostrado um dos países que visa se colocar na vanguarda do assunto e estruturar um ambiente mais propício ao desenvolvimento de projetos e negócios relacionados ao ecossistema de ativos virtuais.
Porém, para que tal cenário propício ao florescimento e maturação desses empreendimentos de fato se concretize, é necessário estabelecer diretrizes normativas mais claras e adequadas às peculiaridades que as tecnologias blockchains trazem aos modelos de negócios tradicionais. A jurista afirmou estar otimista e ansiosa com o que está por vir.
Agrotoken realiza primeiras transações em commodities agrícolas usando tecnologia blockchain no Brasil
Outro destaque foi o setor que bate constantemente recordes da balança comercial do país, o agronegócio. De acordo com dados do Ipea, Instituo de Pesquisa e Economia Aplicada, em maio deste ano, as exportações atingiram a marca de US$ 16,6 bilhões, aumento de 10% ante o mesmo mês em 2022. O resultado de maio também representa o maior valor já registrado de toda a série histórica do portal Comex Stat da Secretaria Especial de Comércio Exterior e Assuntos Internacionais (Secint).
O CTO da Agrotoken, Ariel Scaliter, participou do Blockchain Festival SP e detalhou em sua palestra a tokenização de commodities agrícolas e recursos naturais no Brasil e no mundo.
Segundo Scaliter, produtores que tokenizarem seus grãos terão acesso às facilidades de uso de um crédito que poderá ser disponibilizado no cartão, mas, primeiro, é necessário fazer a digitalização dos grãos físicos na plataforma da Agrotoken, transacionados de forma segura por meio da tecnologia blockchain.
Como funciona?
Os tokens são convertidos, pela Agrotoken, como crédito para o produtor transacionar os grãos; ou seja, ele pode pagar suas compras em sacas de soja, milho ou trigo utilizando o cartão Agrotoken Visa como meio de pagamento.
O processo de pagamento com tokens acontece de maneira simples, rápida e segura via blockchain. Criptografado pela Algorand em parceria com a Pomelo e demora menos de 4s.
Scaliter, que também é engenheiro, professor e trabalha com Blockchain há mais de uma década, explicou que os tokens podem ser utilizados de maneira fracionada, conforme o valor de cada compra.
“O crédito concedido via cartão equivale a uma operação de barter, em que ocorre o pagamento de insumos por meio de commodities. Porém, fazemos isso de forma totalmente virtual, segura e simples, com o que chamamos de agrotokens. Além disso, o cartão Agrotoken Visa oferece liquidez ao produtor ou investidor que tem grãos estocados ou ainda a serem colhidos”.
A compensação dos Agrotokens é sempre em moeda fiat, ou seja, a moeda impressa e emitida pelo Banco Central de qualquer país, como o real e o dólar, por exemplo.
Vinculados à origem da emissão do ativo físico, os agrotokens são lastreados em ativos reais, ao contrário dos NFTs. Isso significa que têm valor idêntico em todo o território nacional, independentemente de onde e por quem foram emitidos, conforme preço indexado em índices como Esalq, CEPEA/B3, Argus e Platt, paridade que a torna uma stablecoin, ou seja, moeda de baixa volatilidade.
A Agrotoken foi a primeira empresa do mundo capaz de criar tokens fungíveis a partir de commodities agrícolas, com objetivo de digitalizar e democratizar o agronegócio.
Solução desenvolvida pela Mobiup valida e rastreia produto com IoT
Authenticator é a solução desenvolvida e apresentada na Blockchain SP pela Mobiup com objetivo de criar uma identidade digital com diversas aplicabilidades em diferentes indústrias.
“A identidade digital permite verificar autenticidade do produto, protegendo marcas, fabricantes e clientes de produtos falsificados. Em uma versão estendida e customizada a solução permite fazer a rastreabilidade do produto, desde a produção até o consumidor final”, nos contou o head de IoT, Andrei Ochmat.
A solução foi construída na blockchain Hathor com dispositivos de IoT desenvolvidos pela Mobiup em parceria com SB Components da Inglaterra. Entre os dispositivos estão leitores NFC e RFID programáveis de última geração com baixo custo.
“A solução é muito flexível para ter facilidades adicionais que atendam requisitos específicos de diferentes indústrias. Também permite uma iteração maior entre marcas e consumidores se for implementada com outras aplicações como programas de fidelidade e cashback”, detalhou o co-fundador, Rodrigo Caggiano.
Outro problema resolvido pelo produto são casos que necessitam atender a normas regulatórias específicas, como, por exemplo, nas áreas de pesca, transporte de produtos perecíveis, programas de reciclagem ou destinação de resíduos sólidos, programas de controle de infecção hospitalar e muitas outras.
O rastreamento na blockchain habilita transparência e confiabilidade além de permitir que os processos implementados sejam totalmente auditáveis.
Hackathon Ethereum SP 23
O hackathon da Ethereum SP 23 aconteceu online na plataforma da Taikai, patrocinadora da iniciativa. Os participantes apresentam neste domingo os projetos. Em breve, divulgaremos o vencedor e os projetos que participaram.
O desafio contou com hacker houses em São Paulo, Rio de Janeiro e Brasília.
Na capital paulista, o @maac.hub, conhecido como casa de builders, foi o Hacker House do desafio. Em Brasília, foram duas Hacker Houses. A primeira na Universidade Católica de Brasília, e a segunda na Universidade CEUB. No Rio de Janeiro a Hacker House ocorreu no @projeto.educar.mais.
Ethereum bootcamp
Antes do Hackathon, a Ethereum SP 23 promoveu um bootcamp presencial na Universidade de São Paulo(USP). A WEB3DEV realizou uma imersão presencial de Solidity para desenvolvedores e entusiastas no Inteli, o Instituto de Tecnologia e Liderança.
Essa é uma oportunidade para quem procura entrar para o mercado de Web3 e aprender mais sobre a linguagem de programação mais popular para o desenvolvimento de smart contracts. A Solidity foi a primeira linguagem de programação desenvolvida especificamente para a rede Ethereum. E prioriza a segurança dos smarts contracts, conforme explicou a WEB3DEV.
O bootcamp presencial foca em um dia intensivo de aprendizagem, possibilitando além da capacitação uma experiência prática dos temas abordados.
Para o CEO e fundador da WEB3DEV, Daniel Cukier, “essa é uma grande oportunidade de poder ter um contato maior com a comunidade e ajudar desenvolvedores a entrarem para a Web3, uma forma para que qualquer pessoa possa aprender mais sobre a linguagem de programação de contratos inteligentes. O aprendizado de Solidity vai além de adquirir uma nova habilidade, sendo uma chance de fazer parte de uma revolução transformadora”.
O Festival embarca para 2º edição da Blockchain Rio de 12 a 14 de setembro, na ExpoMag.
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