As transferências bancárias e de dinheiro nos Estados Unidos muitas vezes podem ser um processo meticulosamente lento. Ao contrário de muitos países onde a transferência de fundos pode ocorrer instantaneamente, a transferência de dinheiro entre contas nos EUA pode levar dias.
No entanto, o Federal Reserve, o banco central dos EUA (Fed), parece estar ciente disso e planeja competir com as criptomoedas.
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O Fed desenvolveu o FedNow, um meio veloz com potencial de revolucionar o setor bancário, permitindo que as transferências bancárias ocorram em segundos, assim como as criptomoedas.
Fed quer acelerar o sistema bancário tradicional
O Federal Reserve reconheceu a necessidade de evoluir para permanecer relevante em um mundo onde as transações financeiras podem ser executadas instantaneamente com criptomoedas. Lançado em julho, o FedNow visa revolucionar o sistema bancário dos EUA. O atual sistema ainda se mantém lento, muitas vezes levando dias para que os fundos sejam transferidos entre as contas.
Embora plataformas digitais como Venmo do PayPal e Cash App da Block Inc. ofereçam soluções rápidas, elas apenas mascaram a mecânica lenta do sistema bancário tradicional.
O FedNow visa eliminar essa burocracia. Ele quer facilitar as transferências bancárias instantâneas e, finalmente, colocar o sistema bancário dos EUA em sintonia com os países que já oferecem pagamentos bancários quase instantâneos.
A Automated Clearing House (ACH) tem sido o método tradicional de transferência por décadas. Esse sistema agrupa as transações, processando-as em intervalos que podem levar dias para serem concluídas.
Esse ritmo lento muitas vezes resultou no abandono de transações financeiras pelos consumidores devido ao longo tempo de processamento. Além disso, tem sido especialmente caro para os assalariados que enfrentam multas por atraso ou cheque especial.
FedNow é um divisor de águas?
Uma pergunta que muitos podem fazer é: por que os bancos ainda não resolveram esse problema? A resposta curta, é que eles tiveram pouco incentivo para fazê-lo.
Com receitas derivadas de taxas de cheque especial e a capacidade de obter rendimentos de títulos de curto prazo, acelerar o processo não era uma prioridade.
Alguns bancos ainda oferecem suas plataformas de transferência de alta velocidade, como Zelle ou o sistema de pagamentos em tempo real (RTP). No entanto, estes são comercializados principalmente para clientes empresariais. Embora anunciados como serviços em tempo real, eles muitas vezes recorrem ao sistema legado e o banco estende o crédito de curto prazo até que os pagamentos sejam liquidados.
A introdução do FedNow significa a intenção do Federal Reserve de competir com as criptomoedas, aproveitando seu recurso de pagamentos instantâneos.
No entanto, com esse recurso, há uma ressalva. Uma vez que o pagamento é feito, ele não pode ser cancelado ou retido. Além disso, ao contrário dos cartões de crédito, não há recompensas ou proteção contra fraudes com o FedNow.
Um passo em direção ao dólar digital ou não?
Apesar das limitações, a introdução do FedNow gerou rumores de uma transição para a moeda digital. Essa narrativa foi alimentada ainda mais pelo aumento da popularidade das criptomoedas e pelo declínio do uso de dinheiro físico.
Esses rumores foram intensificados por políticos especulando sobre uma possível moeda digital oficial apoiada pelo governo para substituir o dólar. No entanto, o Federal Reserve negou essas alegações, afirmando que o FedNow é apenas uma ferramenta para agilizar as transferências bancárias.
Por outro lado, a Commodity Futures Trading Commission (CFTC) destacou os riscos significativos associados aos ativos digitais. Isso levantou questões sobre a capacidade do setor financeiro de gerenciar esses novos desafios.
A volatilidade e a imprevisibilidade associadas a criptomoedas como o Bitcoin reforçaram a necessidade de regras robustas de gerenciamento de risco. Consequentemente, solicitando uma reavaliação da estrutura regulatória existente da CFTC.
CBDCs: as novas fronteiras na competição monetária
As Moedas Digitais do Banco Central (CBDCs) são outro desenvolvimento que agita as águas financeiras. Vistos como uma resposta ao aumento das criptomoedas, os CBDCs visam combinar a estabilidade das moedas tradicionais com a velocidade e acessibilidade das digitais.
No entanto, a promessa de proteção da privacidade, uma característica fundamental das criptomoedas, permanece não cumprida em muitas CBDCs propostas.
Christine Lagarde, presidente do Banco Central Europeu, afirmou que os bancos centrais não têm interesse em usar dados pessoais do consumidor no fornecimento de dinheiro digital.
“Será tão privado quanto dinheiro? Não. Portanto, uma moeda digital nunca será tão anônima e protetora da privacidade, em muitos aspectos, quanto o dinheiro. O dinheiro sempre estará por perto [para privacidade]”, disse Lagarde.
Ainda assim, levanta a questão de saber se uma CBDC dos EUA poderia rivalizar com suas contrapartes internacionais na frente da privacidade.
Esse cenário competitivo, em que a proposta de valor da privacidade se tornou significativa, pode definir o sucesso das CBDCs e, de forma mais ampla, o futuro do dinheiro.
Dinheiro na era digital
Está claro que o Federal Reserve não está parado diante das inovações disruptivas das fintechs. Com a introdução do FedNow, o Federal Reserve está dando passos significativos para se manter competitivo nas finanças digitais.
No entanto, como eles continuam a se adaptar e evoluir, especialmente na proteção da privacidade e na adoção de criptomoedas, ainda não se sabe.
Seja por meio de sistemas de pagamento rápido como o FedNow ou desenvolvimentos potenciais em direção a uma CBDC com foco na privacidade, a competição entre CBDCs e criptomoedas sem dúvida moldará o futuro do dinheiro.
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