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Worldcoin interrompe registro de íris no Brasil. Especialistas falam sobre projeto de Sam Altman

6 mins
Atualizado por Aline Fernandes

EM RESUMO

  • Worldcoin interrompe registro de íris no Brasil, segundo Folha de São Paulo.
  • Especialistas falam se aceitariam escanear a íris no novo projeto de Sam Altman.
  • Opiniões sobre Worldcoin estão divididas.
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Um dos projetos mais falados nas últimas semanas, o Worldcoin teria interrompido o escaneamento de íris no Brasil. A informação foi publicada na Folha de São Paulo.

O projeto do CEO do ChatGPT, Sam Altman, desembarcou no Brasil há algumas semanas e chegou a escanear a íris de brasileiros. Só não se sabe exatamente quantos. O número nunca foi informado.

A ideia por trás da iniciativa Orb é criar identidades únicas, verificadas com o registro pela íris. Para atrair candidatos a aderirem ao projeto, a Worldcoin estava remunerando com 25 tokens nativos os interessados. Hoje, o valor de 1 Worldcoin (WLD) vale US$ 1,71. Já chegou a valer US$ 5,3.

Criticado por alguns por questões de privacidade e uso de dados sensíveis, a Worldcoin disse a reportagem da Folha que a ação no Brasil não foi um lançamento e sim um teste e “não planeja um serviço permanente desta vez.” A empresa também não informou o número de brasileiros cadastrados.

Desde o lançamento do Orbs, em 24 de julho, mais de 211 mil pessoas tiveram suas írises cadastradas em todo planeta. Mais de 2.2 milhões se inscreveram. Usuários em 120 países foram escaneados, segundo o site da Worldcoin.

Fonte: Worldcoin

O risco de vazamentos de dados de íris e face, preocupa especialistas. Os dados devem ser armazenados com segurança máxima.

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Worldcoin: é seguro trocar os dados da íris por token?

O BeInCrytpo conversou com especialistas do mercado cripto sobre a proposta de escanear a íris dos olhos das pessoas em troca de 25 tokens WLD.  

Perguntamos a esses experts:

Você aceitaria vender escanear sua íris por cerca de R$ 200 (na cotação de hoje)? Se sim, por quê? Se não, por quê?

Vale lembrar aos leitores que as respostas não devem ser consideradas como padrão, e não necessariamente reflete a opinião das plataformas que os profissionais trabalham.

O CMO do Mercado Bitcoin e Colunista MIT Technology Review, Robson Harada foi claro:

Pessoalmente tenho um apetite maior a risco pela inovação e pioneirismo, então particularmente não me importo em fornecer esse dado em favor de um projeto tão disruptivo e consensualmente polêmico.

Harada, que aceitou a escanear a íris pelo Orb e foi uma das primeiras pessoas em São Paulo a participar do projeto no Brasil, explica que não aceitou pelo valor pago de 25 WLD. Mas sim por ser “mais um incentivo a interação com a plataforma e o token, estimulando a adoção e uso.”

“Nossos dados já estão espalhados por aí, claramente existe um risco de privacidade nisso, o qual eu o compro por todos os motivos acima. Pelo menos eles estão dando algum incentivo financeiro para isso, muitas empresas os fazem apenas pegando consentimento (ou não) de forma não transparente ao usuário”, complementou ele.

Para o colunista do MIT, o fato é que não sabemos ainda o destino e uso final desse dado. Assim como o propósito do projeto, que se espera ser de importância para o futuro da humanidade, ainda que não haja garantias disto.

Reforço que cada vez mais, teremos discussões e soluções que criem mais transparência e até renda pelo tráfego, uso e consentimento de dados pessoais.

Harada se diz a favor da inovação, evolução e disrupção, e por isso topou colocar sua privacidade em risco para testar, entender as soluções e trazer parecer técnico para leigos e pessoas em busca de informações. “Não recomendo a um cidadão não informado ou versado no tema fazer isso somente pelo dinheiro sem entender os riscos associados”. Ele alertou, “não recomendo porque qualquer vazamento e/ou problema, esse valor não vai pagar sua exposição não planejada”.

Thiago Monteiro, analista cripto e CEO da consultoria de Web3 Descentraliza, diz que “ficaria entre a rampa e balança, literalmente na corda bamba porque se eu pensasse que o mundo nunca mudaria e que teremos as mesmas estruturas sempre, não pensaria duas vezes em ganhar os tokens de forma tão fácil”.

Porém, pensando na velocidade que o mundo tá avançando tanto cientificamente e com o advento da web3 e sua política de proteção de dados em estado missionário tão frequente, não sei se me arriscaria sem pensar ao menos duas ou três vezes, conta Monteiro.

O CEO da Sonica, Alexandre Adoglio, diz que a tecnologia que prova a identidade de um ser humano é um caminho inevitável, perante a adoção em massa que estamos observando da IA.

“Mas como em toda escala deste tipo, precisa-se se atentar aos problemas inerentes a este tipo de identificação, alguns da própria Worldcoin – que por enquanto – é centralizada e depende de um hardware para ser executada. Outras situações para serem sanadas são do próprio conceito de Proof of Human, como por exemplo identidades duplicadas, vazamento de dados e centralização de poder”, alerta Adoglio.

Para o executivo, o uso de dados tão pessoais como a íris, é apenas mais uma tratativa do proof of human, que já estamos utilizando em nossas rotinas, como escanear o rosto para usar o aplicativo do banco.

“É importante entender que no caso da Worldcoin o escaneamento da iris gera uma hash e não uma foto, que são dados totalmente diferentes, pois a hash não identifica quem é o usuário em si, mas somente que ele existe, via zero knowledge proof (prova de conhecimento zero)”, diz Adoglio.

Apesar dos riscos, Adoglio também foi um dos brasileiros que escaneou a íris no Orb.

“Já fiz isso de graça quando abri minha conta no banco digital que hoje utilizo. Na real paguei por isso”, finaliza o CEO da Sonica.

O Projeto Worldcoin propõe uma inovação impressionante ao utilizar varreduras de íris para estabelecer identidades únicas por meio da tecnologia blockchain. No entanto, essa abordagem levanta preocupações significativas, na opinião do responsável pela área de tecnologia da Soulprime, Felipe Dias.

“A proteção de dados pessoais sensíveis é crucial, dada a natureza das varreduras biométricas. Além disso, a possibilidade de fraudes e a abordagem centralizada da Worldcoin contradizem a ideia de identidade descentralizada”, apontou.

Para Felipe Dias, embora o conceito de identidade descentralizada seja promissor, é necessário equilibrar inovação e segurança, bem como transparência em relação à proteção de dados. A oferta de 25 WLD em troca do escaneamento dos globos oculares pode ser vista com desconfiança por levantar questões sobre o valor dos dados pessoais em comparação com os benefícios prometidos.

No momento, o projeto levanta dúvidas suficientes para não me sentir confortável com a ideia de escanear minha íris como parte dessa solução, opina Dias.

O CTO da keeggo, consultoria em tecnologia Rogério Athayde diz que atualmente não aceitaria escanear a íris por 25 WLD. Cerca de R$ 200 na cotação do dia. Ele diz que dependeria de diversos fatores individuais.

Algumas razões pelas quais eu poderia aceitar ou recusar permeiam as necessidades financeiras, os benefícios percebidos, confiança da segurança de dados, além da ética e privacidade sobre as informações compartilhadas. Enquanto estes itens não estiverem bem esclarecidos, a minha resposta seria negativa, a fim de minimizar os riscos futuros em caso de vazamento de dados., opina Athayde.

Já o CEO da Qesh IP, Cristiano Maschio, CEO da Qesh IP afirma que permitiria sim escanear sem custo, pois acredita que aumentaria ainda mais a segurança e privacidade.

“O scanner de íris é considerado o mais confiável na hora de proteger o conteúdo armazenado no celular, por exemplo, devido  à sua singularidade. Temos como exemplo a Samsung, que lançou o Galaxy Note 7 com um scanner de íris que pode ser usado para bloquear a tela e aplicativos, e até mesmo para realizar pagamentos por meio do Samsung Pay.”

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Aline Fernandes
Apaixonada pelo que faz, Aline Fernandes é uma profissional que atua há 20 anos como jornalista. Especializada nas editorias de economia, agronegócio e internacional trabalha na BeINCrypto como editora do site brasileiro. Já passou por quase todas as redações e emissoras do país, incluindo canais setorizados como Globo News, Bloomberg News, Canal Rural, Canal do Boi, SBT, Record e Rádio Estadão/ESPM. Atuou também como correspondente internacional em Nova York e foi setorista de economia...
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