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Inteligência artificial e ética: 6 questões que precisamos enfrentar

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Atualizado por Airí Chaves

A inteligência artificial (IA) tem o potencial de transformar muitos aspectos de nossas vidas, desde a forma como trabalhamos e nos comunicamos até a forma como cuidamos de nossa saúde e tomamos decisões. No entanto, junto com essas oportunidades, surgem também preocupações importantes sobre a ética da IA. Como podemos garantir que a IA seja usada de maneira justa e responsável, respeitando os direitos humanos e promovendo o bem-estar de todos?

Neste artigo, exploraremos seis questões éticas importantes relacionadas à IA.

A importância da ética na inteligência artificial e por que devemos discutir isso

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A primeira razão para nossa preocupação com a ética na IA é a necessidade de garantir que essas tecnologias sejam usadas de maneira justa e equitativa. A IA tem o potencial de amplificar as desigualdades existentes em nossa sociedade, seja por meio de algoritmos tendenciosos que perpetuam a discriminação ou pela substituição de empregos humanos por máquinas. A ética na IA ajuda a garantir que esses sistemas sejam projetados e implementados de maneira a minimizar esses riscos e maximizar os benefícios para todos.

Outra preocupação importante é a privacidade. À medida que os sistemas de IA se tornam mais sofisticados, eles também se tornam mais capazes de coletar, armazenar e usar grandes quantidades de nossos dados. É vital que tenhamos normas éticas em vigor para proteger nossa privacidade e garantir que nossos dados não sejam usados de maneira prejudicial.

Por último, mas não menos importante, a ética na IA é necessária para garantir a responsabilidade. Quando as coisas dão errado com a IA, seja por meio de um erro de programação ou de uma decisão tomada pela IA, é importante que haja responsabilidade e transparência.

Discutir a ética na IA é vital para garantir que essas questões sejam abordadas. Sem um diálogo aberto e contínuo, corremos o risco de deixar essas decisões importantes nas mãos de um pequeno grupo de desenvolvedores de IA ou de empresas com interesses comerciais.

Além disso, ao falar sobre ética na IA, podemos aumentar a conscientização sobre essas questões e garantir que elas sejam levadas em consideração no desenvolvimento e implementação de novas tecnologias de IA. Isso também nos permite aprender com os erros do passado e evitar a repetição desses erros no futuro.

6 questões sobre a ética envolvendo IA

1 – Automação e desemprego

A IA tem o potencial de automatizar muitas tarefas, tanto rotineiras quanto cognitivas, e isso pode levar à substituição de empregos humanos por máquinas. No entanto, a relação entre automação e desemprego é complexa e ainda é objeto de debate entre os especialistas.

De acordo com um relatório da OCDE, a IA tem feito progressos significativos em áreas como ordenação de informações, memorização, velocidade perceptiva e raciocínio dedutivo, todas relacionadas a tarefas cognitivas não rotineiras. Como resultado, as ocupações mais expostas aos avanços e à automação pela IA tendem a ser aquelas de alta qualificação, como profissionais de negócios, gerentes, profissionais de ciência e engenharia e profissionais legais, sociais e culturais.

Isso contrasta com o impacto de tecnologias anteriores de automação, que tendiam a assumir principalmente tarefas rotineiras realizadas por trabalhadores de baixa qualificação. A exposição mais alta à IA pode ser uma coisa boa para os trabalhadores, desde que eles tenham as habilidades para usar essas tecnologias de maneira eficaz. A pesquisa da OCDE sugere que os trabalhadores que têm habilidades digitais fortes podem ter uma maior capacidade de se adaptar e usar a IA no trabalho e, portanto, colher os benefícios que essas tecnologias trazem.

No entanto, também há indicações de que a exposição mais alta à IA está associada a um crescimento menor nas horas médias trabalhadas em ocupações onde o uso do computador é baixo. Isso sugere que a adoção da IA pode aumentar as disparidades no mercado de trabalho entre os trabalhadores que têm as habilidades para usar a IA de maneira eficaz e aqueles que não têm.

2 – Responsabilidade

A questão da responsabilidade pelos sistemas de IA é frequentemente referida como o “problema do hiato de responsabilidade”. Ou seja, à preocupação de que, à medida que os sistemas de IA se tornam mais autônomos e capazes de tomar decisões por conta própria, pode se tornar mais difícil ou impossível atribuir responsabilidade moral ou legal a pessoas por eventos indesejáveis causados por esses sistemas.

No entanto, o hiato de responsabilidade não é um problema único, mas um conjunto de pelo menos quatro problemas interconectados – lacunas na culpabilidade, responsabilidade moral e pública e responsabilidade ativa – causados por diferentes fontes, algumas técnicas, outras organizacionais, legais, éticas e sociais. As lacunas de responsabilidade também podem ocorrer com sistemas não aprendentes.

Uma abordagem para lidar com o problema do hiato de responsabilidade é projetar sistemas socio-técnicos para “controle humano significativo”, ou seja, sistemas alinhados com as razões e capacidades humanas relevantes. Isso pode incluir medidas como garantir a transparência e a explicabilidade dos sistemas de IA, estabelecer mecanismos de supervisão humana e desenvolver padrões éticos e legais claros para o uso da IA.

3 – Distribuição de riqueza

Outra questão ética da IA é a distribuição da riqueza. A IA tem o potencial de aumentar a eficiência e a produtividade em muitos setores da economia, mas também pode levar à concentração de riqueza nas mãos de poucas empresas que possuem e controlam essas tecnologias. Isso pode aumentar as desigualdades econômicas e sociais e criar desafios para a distribuição justa de riqueza.

Uma pesquisa recente sugere que a IA pode ser capaz de desenvolver métodos de distribuição de riqueza que são mais populares do que os sistemas projetados por humanos. No entanto, é importante notar que a IA não pode resolver esse problema sozinha. É necessário um esforço conjunto de governos, empresas e sociedade civil para garantir uma distribuição justa de riqueza em uma sociedade onde a IA desempenha um papel importante.

Isso pode incluir medidas como políticas fiscais progressivas, investimentos em educação e treinamento, programas de proteção social e regulamentação adequada do setor de tecnologia. Também é importante garantir que os benefícios da IA sejam compartilhados amplamente, em vez de serem concentrados nas mãos de poucos.

4 – Interações humanas

A IA pode ser usada para criar bots de conversação que podem imitar interações humanas e fornecer serviços de atendimento ao cliente, suporte técnico e outras funções. Isso pode levar a situações em que as pessoas preferem se comunicar com bots em vez de humanos.

Embora isso possa parecer conveniente e eficiente, também levanta questões éticas importantes. Por exemplo, como garantir que os bots não reproduzam ou amplifiquem preconceitos e discriminações existentes na sociedade? Como garantir que os bots respeitem a privacidade dos usuários e não sejam usados para fins de vigilância indevida? E como garantir que os bots não substituam completamente as interações humanas, levando a um empobrecimento das relações sociais?

Essas são questões complexas que exigem uma abordagem cuidadosa e equilibrada. É importante garantir que a IA seja usada de maneira ética e responsável, respeitando os direitos humanos e promovendo o bem-estar de todos. Isso pode incluir medidas como garantir a transparência e a explicabilidade dos sistemas de IA, estabelecer mecanismos de supervisão humana e desenvolver padrões éticos claros para o uso da IA.

5 – Transparência

A IA é frequentemente referida como uma “caixa preta” porque pode ser difícil entender como os sistemas de IA tomam decisões. Isso pode levar a preocupações sobre a justiça e a responsabilidade dessas decisões, especialmente quando elas afetam diretamente a vida das pessoas.

Para lidar com essa falta de transparência, muitos especialistas têm defendido a abertura da “caixa preta” da tomada de decisão de IA e torná-la mais transparente. Isso pode incluir medidas como garantir a explicabilidade dos sistemas de IA, fornecer justificativas para as decisões individuais e estabelecer mecanismos de supervisão humana.

A transparência na tomada de decisão de IA pode levar não apenas a estados cognitivos, mas também a estados emocionais nos funcionários. Os estados cognitivos causados pela transparência incluem competência percebida e compreensão percebida, entre outros. Existem poucos estudos sobre estados emocionais causados pela transparência.

Garantir que os sistemas de IA sejam compreensíveis para os humanos é fundamental para garantir a confiança e a aceitação desses sistemas. Para tanto, é necessário possuir medidas como o desenvolvimento de padrões éticos claros para o uso da IA e o estabelecimento de mecanismos eficazes de supervisão e responsabilização.

6 – Criatividade e direitos autorais

A IA já está sendo usada para gerar obras em música, jornalismo e jogos. Essas obras poderiam, em teoria, ser consideradas livres de direitos autorais porque não são criadas por um autor humano. Como tal, elas poderiam ser livremente usadas e reutilizadas por qualquer pessoa.

No entanto, essa questão é controversa e ainda está sendo debatida por especialistas em direito autoral. Alguns argumentam que conceder direitos exclusivos para obras produzidas por IA impediria os propósitos centrais do direito autoral e empobreceria o domínio público sem nenhum benefício público reconhecível na forma de criatividade aumentada.

Outros argumentam que a IA pode ser vista como uma ferramenta usada por artistas humanos para criar obras originais, e que essas obras devem ser protegidas por direitos autorais como qualquer outra obra criada por humanos.

A questão da autoria e dos direitos autorais quando a IA está envolvida na criação de obras ainda está sendo debatida e pode depender das circunstâncias específicas de cada caso. Portanto, estamos em um ponto crítico, onde precisamos encontrar maneiras de adaptar as leis de direitos autorais para abranger o conteúdo gerado por IA, garantindo ao mesmo tempo que o direito de autoria seja devidamente atribuído.

O futuro da ética na IA

A ética na IA é uma questão importante que merece nossa atenção e reflexão. À medida que a IA se torna cada vez mais presente em nossas vidas, é importante garantir que ela seja usada de maneira ética e responsável, respeitando os direitos humanos e promovendo o bem-estar de todos.

Isso inclui enfrentar questões complexas como privacidade, viés, responsabilidade e distribuição justa de riqueza. Também é importante garantir que a IA seja transparente e compreensível para os humanos, para que possamos confiar nesses sistemas e usá-los de maneira eficaz.

Como sociedade, precisamos ter um debate amplo e inclusivo sobre a ética na IA e trabalhar juntos para encontrar soluções para essas questões. Isso inclui governos, empresas, sociedade civil e cidadãos comuns. Somente trabalhando juntos podemos garantir que a IA seja usada para o bem comum e construir um futuro melhor para todos.

Perguntas frequentes

Qual a ética da IA?

Quais são os riscos éticos da inteligência artificial?

O que ocorrerá no futuro quanto a ética e a inteligência artificial?

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Airí Chaves
Com formação em marketing pela Universidade Estácio de Sá e um mestrado em liderança estratégica pela Unini, escreve para diversos meios do mercado de criptomoedas desde 2017. Como parte da equipe do BeInCrypto, contribuiu com quase 500 artigos, oferecendo análises profundas sobre criptomoedas, exchanges e ferramentas do setor. Sua missão é educar e informar, simplificando temas complexos para que sejam acessíveis a todos. Com um histórico de escrita para renomadas exchanges brasileiras,...
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