Inteligência Artificial (IA), tokenizaçao, Drex, regulamentação cripto no Brasil estão entre os destaques do relatório “Tendências em Tecnologias de Pagamento” da ELO.
O CEO de uma das principais empresas de tecnologia de pagamentos do Brasil, Giancarlo Greco disse que “estamos diante de um dos movimentos mais disruptivos desde a origem do mercado de capitais, lá no século 17.”
De fato, com uma mudança sem precedentes de paradigmas na economia global, a nova era da economia tokenizada já chegou. E o Brasil é um dos países que mais avançam nesse setor. Um exemplo elogiado globalmente é a CBDC brasileira, DREX .
Estima-se que até o final desta década, mais de 98% do PIB global vai flutuar livremente pelos sistemas de integração das CBDCs, diz Greco no documento da ELO.
Hoje mais de 130 nações estão explorando de alguma maneira o uso das moedas digitais de Bancos Centrais (CBDCs).
A Elo é participante do consórcio Drex do BC brasileiro, em parceria com a CAIXA, principal agente das políticas públicas brasileiras, e com a Microsoft, uma das maiores empresas de tecnologia do mundo.
O foco da plataforma é viabilizar a oferta de soluções compatíveis com o Drex às instituições financeiras e de pagamento no mercado brasileiro, garantir o acesso aos benefícios da moeda digital ao usuário final com usabilidade e muita segurança.
O ecossistema do Drex vai trazer possibilidades tecnológicas inéditas, inclusive para processos já conhecidos, convergindo soluções de simplificação e agilidade para produtos e serviços que hoje são morosos e burocráticos”, afirma o Superintendente Nacional da Administração Financeira da CAIXA, Rafael Dias Silva.
“Um ótimo exemplo é o Delivery vs Payment (DV), que é uma forma de liquidação de transações em que os títulos financeiros só são entregues após o pagamento. Com o Drex, vamos digitalizar de ponta a ponta modelos de financiamento que antes eram puramente analógicos”, explica o executivo da CAIXA, refletindo sobre um tema estratégico para a entidade.
“Se até pouco tempo, uma linha de crédito habitacional poderia demorar até 15 dias para ser aprovada, com o Drex, a mesma operação poderá levar 24h para estar à disposição na rede, ao alcance das partes interessadas”, conclui Rafael.
A adoção da tecnologia blockchain no mercado financeiro tem grande potencial de provocar um movimento de inovação aplicada aos serviços bancários, tornando-os mais ágeis, eficientes e baratos. Mas existem desafios, entre eles os tecnológicos e regulatórios, que precisam ser resolvidos para que possamos nos valer dos benefícios. Nesse ponto, o desenvolvimento do Drex deve ser encarado como uma grande oportunidade para resolver essas questões, que uma vez superadas, vão destravar todo esse valor em potencial”, detalhou o Diretor de Tecnologia do Banco do Brasil, Rodrigo Mulinari.
Até julho desde ano o Bacen vai trabalhar para a questão da privacidade com programabilidade e com descentralização e privacidade de dados.
Com expectativa dos primeiros testes com a moeda digital brasileira no final do ano, o mercado aguarda com ansiedade o Drex, também devido ao sucesso estrondoso e global do PIX.
“Acredito que a conversa sobre privacidade ainda irá longe… Não podemos falar em Drex em produção, sem antes, resolver a questão da confidencialidade”, afirma o especialista em blockchain e ativos digitais do inovabra do Bradesco, George Marcel Smetana.
E completa: “O segundo desafio é o da escalabilidade. Soluções que usam zero-knowledge proof podem ter um impacto significativo no número possível de transações por segundo (volumetria) e restringir a programabilidade, isto é, a capacidade de se desenvolver Smart Contracts de forma geral. Isso pode acabar restringindo os casos de uso a serem implementados na rede do Drex.”
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Regulamentação cripto no Brasil
O Banco Central ficará responsável por regulamentar o setor de criptoativos no país. Espera-se que a lei já aprovada e em vigor tenha novas alterações e inserçoes da autarquia até o final deste primeiro semestre.
Acredito que nos próximos meses o setor de criptoativos terá melhorias importantes no seu arcabouço de segurança jurídica. Com isso, teremos um novo ambiente de negócios, mais bem protegido e inteligente, sobretudo na perspectiva dos investidores”, afirma o co-fundador da LoopiPay, Felipe Brasileiro.
“A evolução na perspectiva regulatória vai aumentar o número de empresas interessadas em rentabilidade na economia cripto e trará uma nova atmosfera institucional para o setor, que hoje é dominado pelo investidor de pessoa física”, completa Felipe.
O Brasil é um dos países mais avançados quando o assunto é regular o setor cripto. Saiu na frente por exemplo dos Estados Unidos, maior economia do globo.
Tokenização, um caminho sem volta
Nenhum outro mercado teve um salto qualitativo tão robusto quanto o domínio da tokenização de ativos financeiros nos últimos três anos, ressata a ELO.
Grandes consultorias internacionais como CitiBank, governos e institutos de pesquisa preveem que o setor vai gerar mais de US$ 4 trilhões em receitas para o PIB global até o final de 2030.
“Os tokens já estão sendo processados na condição de um dos mais potentes insumos para a evolução dos programas de governança, pois sua formatação permite o vislumbre completo das etapas de origem, desenvolvimento e troca de bens concretos, ou seja, um framework muito mais ágil e transparente para empresas, indústrias, e até mesmo para o poder público”, diz o CPO da Bitshopp, Marcos Mocatino.
O Brasil tem o potencial de atingir a marca de R$ 2,2 bilhões de ativos tokenizados até o final desse ano, informa o relatório com base em levantamento da PwC
Tokenização Verde
O mercado de crédito de carbono vem se consolidando no Brasil como um dos principais na temática de tokenização de ativos verdes. As receitas podem ultrapassar os US$ 120 bilhões até 2030.
“Um ativo, verdadeiramente verde, deve representar uma solução passível de rastreabilidade dentro de um repertório considerado amigável à agenda de sustentabilidade. Eu gosto do termo amigável, pois ele traduz a sutileza por trás da intenção do investimento”, observa o diretor de Inovação da Federação Nacional de Associações dos Servidores do Banco Central (a Fenasbac), Rodrigoh Henriques.
E a “força” que dá lastro ao setor é igualmente uma das mais robustas do mundo: o agronegócio. O agro é o maior cliente em potencial para os fundos de ativos verdes baseados em tokenização,segundo as diretrizes globais de ESG. Trata-se da nova métrica para as atividades de governos e empresas e qualquer outra entidade de relevância social. Em 2023, o agronegócio atingiu a marca de geração de riqueza de R$ 2,63 trilhões, número que o posiciona como responsável direto por 24,4% do PIB do Brasil.
“Mas o mercado de tokenização de títulos verdes não está apenas atrelado ao agro, pelo contrário. Uma ótima representação do seu potencial variado são os tokens que incentivam a criação de redes de energia renováveis”, ilustra Rodrigoh.
O que esperar da tokenização de ativos verdes em 2024
Para ELO , os principais avanços devem acontecer nas áreas de transporte, logística, projetos de Web3 e políticas estruturais para governos e entidades internacionais nas áreas de gestão do clima, segurança alimentar e supervisão de áreas preservadas.
Uso da IA é tendência global
A IA foi apontada no estudo como uma das grandes tendências para este e os próximos anos no setor de pagamentos.
Hoje, podemos afirmar que 70% a 80% das empresas no Brasil desenvolvem projetos com a IA em um nível básico de maturidade. Na prática, apresentam no máximo um ou dois casos de uso. Já o sistema financeiro tem exemplos mais avançados, mas, considerando a média da economia, nosso mercado ainda está nos primeiros passos”, avalia o Head of Advisory da Avanade, Felipe Almeida.
Para o executivo, hoje, não há motivos para duvidar que a IA tem um potencial muito grande de expandir o volume de crédito do mercado, seja no aumento do limite a quem consegue acessar crédito, ou em propostas para o público desbancarizado. Na minha visão, a IA também será um poderoso vetor de inclusão financeira”
O que esperar das novas plataformas de pagamentos em 2024
A IA será capaz de conceber “universos particulares”, sempre com foco no cliente. Os esforços de aplicação e desenvolvimento no sistema financeiro vão criar abordagens cada vez mais ágeis e hiperpersonalizadas, programadas para suprir necessidades específicas dos usuários.
“Com a consolidação de programas de IA Generativa para consumidores, como o Bard do Google e o ChatGPT da OpenAI, o mercado de IA está pronto para se tornar um dos maiores da Economia Global, e pode chegar até US$ 1,3 trilhão nos próximos 10 anos. Atualmente o faturamento com IA está pouco acima dos US$ 40 bilhões.” diz a ELO.
Até o final de 2024, o BNDES pretende lançar uma linha de crédito de R$ 2 bilhões orientada à indústria nacional, onde o crédito servirá de amparo às estratégias de alavancagem e regulação das diferentes categorias de Inteligência Artificial.
Prevenção a fraudes
A IA também pode ser utilizada para evitar ou antecipar ataques ou novos esquemas de fraude, já que nos últimos dois anos o Brasil perdeu mais de R$ 100 bilhões em tentativas de hacks cibernéticos.
E por fim a Elo acredita que não surgirá um modelo universal e fechado para combater fraudes cibernéticas.
“Ao contrário, os diferentes mercados terão que descobrir o seu caminho. A regra de ouro é que a IA ajude a validar boas decisões no negócio e amplie as fontes de conhecimento disponíveis no mercado, conectando cada vez mais os dados disponíveis no setor.”
Educação também foi citada como um dos fatores de prevenção a novas ameaças cibernéticas financeiras.
“O fraudador quase sempre será mais ágil para criação de novos golpes, do que a IA na identificação desses novos golpes. Por isso, a consciência das pessoas diante das ameaças é fundamental para fecharmos a equação da segurança cibernética”, ponderou o co-fundador e CMO da Vaas, Paulo Orione.
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