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Painel aborda cibercrimes envolvendo criptoativos durante Crypto House of Commons

4 mins
Atualizado por Aline Fernandes

EM RESUMO

  • Plataforma que nasceu da necessidade de informações sobre crimes cripto é usada em quase 90 países.
  • Governo americano também usa a BlockSherlock.
  • Site reúne atores públicos e privados para combater cibercrimes envolvendo criptoativos.
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O Crypto House of Commons reuniu na capital paulista as mentes por trás da iniciativa brasileira BlockSherlock. O delegado da polícia Civil do estado de Goiás, Vytautas Zumas e a Procuradora da Fazenda Nacional, Ana Paula Bez Batti participaram do painel “Persecução jurisdicional e criptoativos: da perspectiva doméstica às operações transnacionais e a problemática do “câmbio versus stablecoins”.

Lisandro Vieira, empreendedor e cofundador da WTM internacional, o advogado criminalista Felipe Américo Moraes, especialista na área de criptoativos e autor do livro “Bitcoin e Lavagem de Dinheiro”, Agostinho Cascardo, Adido policial Federal do Brasil em La Paz, Bolívia com certificação profissional em Blockchain, também participaram da troca de ideias sobre como operacionalizar e criar parcerias colaborativas para facilitar a elucidação de crimes cibernéticos envolvendo a Web3.

da esquerda para direita : Lisandro Viera, Ana Paula Bez Batti, na tela Agostinho Cascardo e Vytautas Zumas

Detalhes da BlockSherlock

A plataforma BlockSherlock nasceu em 2020 quando o delegado Vytautas Zumas, que trabalhava no ministério da Justiça, percebeu a importância de uniformizar e apoiar investigações no tema pelo país, além da necessidade de criar um núcleo cripto especializado ao perceber uma lacuna na troca de informações sobre crimes envolvendo criptoativos.  

O serviço BlockSherlock utilizado pelo FBI em mais de 87 países, que virou referência para troca de informações entre servidores e operações envolvendo crimes cripto, também conta com a colaboração da Procuradora da Fazenda nacional, Ana Paula Bez Batti que participou de várias investigações, incluindo a Força-Tarefa com o Cybergaeco (MPSP), representando uma das maiores apreensões em processo envolvendo criptoativos.

Batti esteve envolvida na operação que prendeu o ex-garçom Glaidson Acácio dos Santos, acusado de participar de esquema de lavagem de dinheiro envolvendo bilhões de reais e 591 BTC na Região dos Lagos, Rio de Janeiro. O caso ficou conhecido como Faraó dos Bitcoins. Ela explica que muitas vezes são encontrados pen drives e quem não é especialista, não percebe a valor do conteúdo. Daí a importância de um núcleo especializado cripto.

Você coloca o pen drive no computador, não vê imagem nenhuma e joga o dispositivo no lixo – quando na verdade todo o produto do crime que estava armazenado lá ou então os conjuntinhos das palavras que chamamos de sementes de recuperação são perdidos – pois muitos acham que podem ser até um exercício de inglês. Por isso, o Ministério da Justiça incentivou o grupo cripto que deu origem ao BlockSherlock”, explica Ana.

Existem protocolos para pedir os desbloqueios de criptoativos, de outros valores em exchanges e que muitas vezes o juiz ou outro profissional envolvido na investigação não conhece, exatamente por serem tecnologias nascentes, detalha a procuradora.

Cascardo complementa e diz que “a capacitação dos profissionais que lidam com crimes cibernéticos é um problema mundial”.

A BlockSherlock conta com 790 servidores públicos cadastrados de diferentes setores e órgãos que incluem a Polícia Federal, Receita Federal, COAF, Ministérios Público Federal e Estaduais e o serviço de inteligência do governo americano FBI entre as entidades que acessam o site para esclarecer crimes cibernéticos.

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Preservando a indústria cripto

Na plataforma também é possível entender detalhes técnicos sobre blockchain e Web3 para impedir criminosos que atuam em uma camada da internet conhecida por “deep weeb” e ser difícil de rastrear. As criptomoedas também são muito usadas por ser uma tecnologia relativamente nova para boa parte da sociedade, que ainda tem pouco conhecimento sobre a natureza desses crimes.

Vytautas, que também coordena o Laboratório Tecnológico de Lavagem de Dinheiro e Centro de Monitoramento de Interceptações Telefônicas da Gerência de Operações de Inteligência da Polícia Civil do Estado de Goiás, falou dos mixers durante seu painel ao lembrar que muitos ainda veem os criptoativos como algo maléfico.

“Não podemos demonizar por exemplo o Tornado Cash que foi criado para garantir mais privacidade aos usuários, mas maus atores do mercado distorcem a solução, da mesma maneira que criminosos usam a internet, pix, whats app e ninguém demoniza a internet ou qualquer uma dessas ferramentas usadas por pessoas mal intencionadas”

Zumas acredita que é necessário mais entendimento sobre o tema e lembra que a grande massa de lavagem de dinheiro está no sistema financeiro tradicional.

“Eu nunca vi uma simbiose tão boa, claro com cada um dentro do seu papel – entre público e privado como eu vejo na indústria dos criptoativos. Eu não vejo isso no sistema bancário, não vejo em provedores de conteúdo como Google, Apple, redes sociais.. e é o setor mais demonizado e é o que mais se ajuda, incrível”. concluí do delegado.

Leonardo Gomes dos Santos, Papiloscopista Policial na Polícia Civil do Estado de Goiás integra o Grupo de Trabalho sobre Criptoativos, do Departamento de Justiça dos EUA (DOJ-USA) e também faz parte dos colaboradores da BlockSherlock, que virou referência global para conectar diversos setores.

Felipe Américo Moraes advogado criminalista da Breno Brandão revela que representa clientes q vítimas de golpes envolvendo criptomoedas, tem a receber cerca de R$ 200 milhões.

Temas jurídicos, questões regulatórias, metaverso e blockchain também ganharam destaque no Crypto House Of Commons.

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Aline Fernandes
Aline Fernandes atua há 20 anos como jornalista. Especializada nas editorias de economia, agronegócio e internacional trabalha na BeINCrypto como editora do site brasileiro. Já passou por diversas redações e emissoras do país, incluindo canais setorizados como Globo News, Bloomberg News, Canal Rural, Canal do Boi, SBT, Record e Rádio Estadão/ESPM. Atuou também como correspondente internacional em Nova York e foi setorista de economia dentro do pregão da BM&F Bovespa, hoje B3...
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