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Música tokenizada – como o NFT pode impulsionar receitas?

6 mins
Atualizado por Aline Fernandes

EM RESUMO

  • João Kamradt, o Head at Research and investments da Viden, faz análise sobre como o NFT pode impulsionar receita na indústria musical.
  • Você sabe o que é música tokenizada? NFT de música? NFT de música único? NFT de música em série?
  • NFTs musicais garantem mais autonomia e receita aos artistas.
  • Especialista em WEb3 diz que os NFTs de música são a próxima barreira do entretenimento que o mercado cripto pretende derrubar..
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O BeInCrypto traz uma reflexão de João Kamradt, o Head at Research and investments da Viden, sobre como o NFT pode impulsionar receita na indústria musical.

Doutor em Ciência Política e mestre em Sociologia, o também jornalista diz que os NFTs de música são a próxima barreira do entretenimento que o mercado cripto pretende derrubar.

João Kamradt

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Aperte o play e lucre com o som que você gosta

Para o especialista , a modalidade de ativo digital vem aparecendo como a próxima grande tendência da Web3. E os números validam esse pensamento .

Até o momento, mais de US$ 5 milhões em músicas tokenizadas foram vendidas nas principais plataformas voltadas para esse tipo de NFT, segundo o executivo.

“Artistas melhor remunerados, comunidade mais engajada e que também recebem parte do lucro gerado pelo som. Além disso, mais interação entre as partes são algumas das vantagens que os NFTs podem acrescentar na relação.”

Atualmente, mercado da música está pendendo para os serviços de streamers (Spotify, Apple Music, YouTube, entre outros). Mas, as NFTs mudam drasticamente essa narrativa, que definem como os artistas são remunerados.

Segundo o jornal inglês The Guardian, “o streaming de música no Reino Unido agora traz mais de £ 1 bilhão por ano em receita. Mas o fato é que os artistas podem receber apenas 13% da renda gerada, recebendo de £ 0,002 a £ 0,0038 por streaming no Spotify e cerca de £ 0,0059 na Apple Music”.

Spotify e YouTube continuam sendo os que mais pagam seus criadores. O primeiro pagou US$ 7 bilhões aos artistas ao longo de 2021, enquanto o último pagou US$ 15 bilhões.

Mas como o relatório State of Crypto, da a16z aponta, isso não esconde a disparidade impressionante entre os ativos comercializados na Web2 e aqueles vendidos na Web3. Em 2021, as plataformas da Web3 pagaram, em média, US$ 174 mil por criador. Enquanto a Meta pagou cerca de US$ 0,10 por usuário e o Spotify pagou US$ 636 por artista e o YouTube US$ 2,47 por canal, revela Kamradt.

Ou seja, mesmo ainda sendo um mercado em estágio inicial, a Web3 aumentou de forma consistente a remuneração dos artistas.

Ele ressalta que não é apenas a má remuneração dos streamings aos artistas que irá permitir o crescimento dos NFTs de música. Há inúmeras razões para o crescimento do mercado. Numa recente tread, @DegenDaVinci apontou outras razões para que o mercado de músicas NFT exploda nos próximos meses/anos. Entre elas:

  • O modelo atual de streaming está quebrado e não proporciona ao artista remuneração adequada; 
  • A propriedade de NFTs cria superfãs, que valorizam cada vez mais o artista; além de o relacionamento entre eles ser mais próximo;
  • Ter propriedade sobre ativos como uma música gera um impacto emocional no investidor, que busca criar formas de valorizar seu ativo; 
  • As músicas ainda estão subvalorizadas; 
  • Consolida uma vitória do modelo freemium, como já havia ocorrido em outras áreas do entretenimento; 
  • Pode servir como um token para o holder ir a shows e eventos do artista, criando uma experiência ao vivo com o músico; 
  • Possibilita a divisão da receita entre música e investidor/fã; 
Fonte: A16z – State of crypto 2022

Mas como o consumidor pode lucrar com a tokenização da música?

João também acredita que artistas não são os únicos que podem ser remunerados neste novo cenário. Os consumidores são parte ativa e terão sua fatia do bolo.

Diante desse novo mercado, ele fala em dois modelos de tokenização das músicas: o NFT único e o NFT em série.

Como está implícito, no primeiro tipo é feito um único mint do NFT. Já no NFT em série é possível criar um número fixo de NFTs por música, com a quantidade sendo determinada pelos artistas.

Além disso, a dois tipos de modelos que podem agregar (ou não) valor ao NFT:

1) NFTs sem royalties, no qual o indivíduo detentor da música ganha unicamente na valorização do ativo digital;

2) NFTs com royalties, que acabam concedendo ao proprietário um percentual de royalties associados à música por um determinado período específico;

Decidido o modelo de NFT, se escolhe a plataforma de mintagens de NFTs de músicas, que também servem como marketplaces especializados e curadorias desse mercado. Isso significa que os artistas precisam ser aceitos pela plataforma primeiro, para somente depois poderem oferecer seus produtos lá. 

Os critérios para serem aceitos não são totalmente definidos e claros, mas normalmente são aceitos artistas que possuem um perfil mais ativo no ambiente da Web3. Após ser aceito, o artista pode cunhar a música como um NFT, definir a quantidade de NFTs para distribuição, o preço e a forma da cobrança.

Principais plataformas que já utilizam NFT musical

Audius: Plataforma de streaming descentralizada que permite que os artistas distribuam suas músicas e sejam pagos diretamente por seus fãs.

Catalog: Diferente do modelo acima, a Catalog cunha músicas de 1 para 1. Isso significa que só existe uma cópia existente dessa música NFT. Até por isso, o preço mínimo costuma ser maior, cerca de 1 ETH. A Catalog vem sendo usada para artistas que desejam tokenizar músicas já existentes ou para que eles ofereçam uma versão bem limitada para um superfã.

Royal: Já na Royal as músicas são lançadas em grandes quantidades, em edições entre 500 a 1 mil NFTs da mesma canção. O preço inicial costuma ficar em US$ 50. Os NFTs de música distribuídos pela Royal costumam ser chamados de ativos digitais limitados e possuem, em seu smart contract, percentuais de propriedade para cada um dos seus donos. Ao comprar um NFT de música deste tipo, você teria direito a uma parte dos lucros gerados por aquela canção.

O Royal vem sendo usado por artistas que estão buscando oferecer a propriedade master de um registro já lançado para fãs e colecionadores. A Royal levantou uma rodada inicial de US$ 16 milhões liderada pelo Founders Fund and Paradigm e outra rodada de US$ 55 milhões capitaneada pela a16z, de Andreessen Horowitz.

Sound: Aqui, as músicas são lançadas como edições. Essas edições costumam ser de 25 a 30 cópias no total. O valor unitário costuma ser de 0,1 ETH. A plataforma vem sendo usada por artistas que querem oferecer um maior número de cópias de um mesmo NFT aos seus fãs.

No momento, a maior parte das músicas NFTs são versões tokenizadas de canções já lançadas anteriormente. Como exemplo, podemos citar a música “So You Fell in Love”, da Felly. A canção já foi reproduzida 2,5 milhões de vezes no Spotify e agora está sendo comercializada por 2 ETH na Catalog.

O crescimento do mercado

Os NFTs são uma oportunidade para garantir que os músicos sejam recompensados ​​de forma mais justa por seus esforços. E permitem que criadores tenham maior controle sobre suas músicas e receitas geradas com as mesas. A mudança na relação entre artista e fã, também mudou, uma vez que eles apoiam seus artistas favoritos diretamente.

E o mercado vem percebendo isso. Um gráfico da venda de músicas NFT chamado Top of the Blocks, publicado semanalmente desde março de 2021, oferece pistas sobre o que funcionou até agora. O gráfico é baseado no volume de vendas. Os valores necessários para entrar no top 10 subiram no ano passado, do equivalente a US$ 200 ou US$ 300 para US$ 2 mil ou US$ 3 mil.

Como se vê, os ativos digitais de música funcionam de forma semelhante ao stream da Bandcamp, no qual usuários podiam financiar um artista de forma direta, mas qualquer pessoa podia ouvir a música produzida. Kamradt explica:

A diferença aqui é a blockchain: se um proprietário de NFT decidir vender sua NFT, o artista original também poderá receber uma parte das revendas, através de taxas de transação previamente programadas no  smart contract.

Artistas conhecidos como Snoop Dogg, Nas e Diplo, bem como músicos em ascensão como Daniel Allan, LATASHÁ e Haleek Maul já lançaram suas NFTs de música. NFTs de música pode ser singles, EPs ou álbuns tokenizados.

Da mesma forma que compramos um vinil físico, os NFTs de música são uma versão digital que representa uma quantidade fixa de um trabalho criativo, prensado em blockchains de redes como Ethereum e Solana. Com NFTs de música, há uma quantidade limitada de cópias disponíveis para compra e um mercado global determina seu valor, conclui o especialista e professor João Kamradt.

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Aline Fernandes
Aline Fernandes atua há 20 anos como jornalista. Especializada nas editorias de economia, agronegócio e internacional trabalha na BeINCrypto como editora do site brasileiro. Já passou por diversas redações e emissoras do país, incluindo canais setorizados como Globo News, Bloomberg News, Canal Rural, Canal do Boi, SBT, Record e Rádio Estadão/ESPM. Atuou também como correspondente internacional em Nova York e foi setorista de economia dentro do pregão da BM&F Bovespa, hoje B3...
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