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Mês “horribilis” e o efeito dominó da FTX

12 mins
Atualizado por Anderson Mendes

EM RESUMO

  • A Origem do Grupo FTX e a relação entre a corretora e o fundo de hedge Alameda.
  • Eventos chave que antecederam o pedido de falência do Grupo FTX.
  • O efeito dominó pós pedido de falência.
  • promo

Nos dois últimos artigos desta coluna, vimos o colapso e o hack da FTX. Continuando a série sobre o que pode ser o maior caso de fraude de todos os tempos, hoje veremos a origem promissora do FTX Group, comentaremos todos os eventos-chave relacionados ao colapso e, por fim, analisaremos o contágio da quebra no mercado.

No dia 24 de novembro de 1992, a Rainha Elizabeth II, olhando para o ano recheado de numerosos escândalos para a família real, se referiu a ele como um “Annus Horribilis”, um ano horrível.

Coincidência ou não, novembro também foi o mês revelação de numerosos escândalos envolvendo o Grupo FTX, que desmascararam o garoto propaganda cripto Sam Bankman-Fried (SBF) e fizeram desmoronar seu castelo de areia. 

Mas vamos começar do início.

A origem do Grupo FTX

Em 2019, antes de fundar a FTX, SBF se mudou para Hong Kong ao lado de um grupo de traders – incluindo Caroline Ellison – para continuar a construir seu fundo de hedge, Alameda. Havia rumores de que o fundo era uma pequena loja com US$ 5 milhões em patrimônio líquido e um saldo de capital alavancado de US$ 55 milhões. Eles logo se tornaram proeminentes criadores de mercado dominando volumes em exchanges centralizadas. Enquanto acumulavam US$ 200 milhões em dívidas, a Alameda prometia aos investidores 15% de retorno com “nenhuma desvantagem” no investimento (o que deveria ser, no mínimo, duvidoso).

Mais tarde, em 2019, SBF começou a captar para uma nova corretora, a FTX. Este movimento veio na esteira das estratégias de sucesso de mercado da Alameda e do novo token da corretora BNB criado pela Binance. Mais tarde, a FTX copiaria esta estratégia e lançaria seu próprio token, o FTT. A partir daí, a empresa passou a ser uma das maiores e mais populares exchanges para traders profissionais devido a sua relação estrutural exclusiva com a Alameda, mecanismo de liquidação e listagem rápida de novos tokens.

Em última análise, a participação de SBF tanto na corretora FTX como no fundo de hedge Alameda provou ser o ponto crucial da queda.

A relação entre a FTX e a Alameda

Como uma corretora, a FTX custodiou os saldos e posições das contas dos usuários, além de facilitar a negociação. 

O objetivo da Alameda, como criadora de mercado, era ganhar dinheiro capturando spreads nas negociações e até mesmo assumindo alguma exposição de direcionamento. Normalmente estas funções são mantidas separadas, pois conhecer as posições dos clientes (FTX) proporciona uma vantagem injusta a um negociador (Alameda). 

Sem a devida segregação de responsabilidades, há amplo espaço para a negligência, como sugerido por muitos nas mídias sociais. Esta negligência ficou muito clara através de inúmeros relatos de que a Alameda foi, no mínimo, a primeira a executar listas de tokens FTX.

Como se isto não bastasse, o fundo de hedge desempenhou um papel crítico na “vantagem crucial” da corretora – ser seu mecanismo de liquidação. A FTX ostentava que seu mecanismo de liquidação estava à frente dos concorrentes. Isto permitia aos criadores de mercado operarem com menos risco, resultando em spreads mais apertados entre os preços de compra e venda para os comerciantes. 

Nesse passo, à medida em que os traders se acumulavam na corretora, a liquidez era mantida, o que contribuiu para o crescimento da FTX. 

Tal mecanismo de liquidação também teve o benefício de remover o “fluxo tóxico” para a corretora e seus criadores de mercado (em grande parte Alameda). Como fluxo tóxico entenda “ordens de negociação que têm informações adicionais e vem na forma de arbitragem ou liquidações na corretora” 

Embora a “vantagem crucial” da FTX tenha sido um benefício tanto para traders como para criadores de mercado, a questão é: como exatamente a exchange foi capaz de oferecer esta “vantagem” enquanto seus concorrentes não o foram? 

E podemos encontrar a resposta a esta pergunta na relação direta entre a FTX e a Alameda.

No caso de uma grande liquidação, onde a venda normal instantânea de uma posição na corretora poderia se mostrar desastrosa, a FTX permitiu que um “provedor de liquidez reserva” assumisse a posição. E a exchange descreveu esse processo, aqui

Claro que esse provedor de liquidez reserva era a Alameda. Devido ao papel que a Alameda desempenhou na qualidade determinante da FTX, o sucesso financeiro de ambas as empresas estava entrelaçado mesmo que as entidades estivessem legalmente separadas.

Pois bem, em situações de grande liquidação, a Alameda estava efetivamente fornecendo liquidez de saída aos participantes do mercado, na esperança de se proteger ou lucrar com a posição no futuro. 

Em quedas normais do mercado, que depois se recuperam isto é viável, mas…. extremamente arriscado. Isto porque, em caso de problemas sistêmicos, estas posições liquidadas podem ir rapidamente a zero. E foi exatamente isso que aconteceu…

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O mês “horribilis” – Parte 1: eventos-chave anteriores à quebra

2 de novembro

A CoinDesk relata que aproximadamente 40% dos ativos da Alameda estão em tokens FTT.

6 de novembro

O CEO do Binance anuncia que liquidará 2,1 bilhões de dólares em tokens FTT.

7 de novembro

O CEO da Alameda oferece a compra de tokens FTT da Binance por US$ 22 (preço de mercado na época)

Segundo tweets de SBF (agora excluídos), “Um concorrente está tentando ir atrás de nós com falsos rumores. A corretora FTX está bem. Os ativos estão bem. A FTX tem o suficiente para cobrir todas as participações de clientes. Nós não investimos ativos de clientes (mesmo em tesouros)”. Se você quiser ter acesso aos tweets apagados do SBF, eles estão arquivados aqui.

8 de novembro

A FTX faz uma pausa nos saques. A exchange diz ter concordado com condições provisórias com a Binance sobre uma possível aquisição (agora eliminada).

Os reguladores se posicionam e pressionam mais a situação: A SEC exige melhores proteções para os investidores. A Casa Branca diz que está monitorando a situação.

9 de novembro

A Binance oficialmente se retira do acordo citando “as questões estão além de nosso controle ou capacidade de ajudar”. Eles também citam explicitamente “relatórios sobre fundos de clientes extraviados e supostas investigações de agências americanas” como outras razões.

O Departamento de Justiça  (DoJ) e a Securities and Exchange Commission (SEC) se unem para uma investigação conjunta da subsidiária da FTX nos Estados Unidos.

10 de novembro

A FTX fecha uma parceria com a Tron para que os clientes possam retirar ativos através de um grupo seleto de swaps. O fundo de apoio aos swaps é de US$ 13 milhões.

Em uma declaração pública via Twitter, SBF culpa um erro interno do rastreamento das margens dos clientes pela crise de liquidez. Ele também anuncia que a FTX está procurando levantar capital para tranquilizar os investidores.

Os clientes FTX nas Bahamas têm permissão para sacar seus fundos devido a solicitações do regulador, o que acabou criando um mercado negro de clientes tentando sacar através de contas locais. A Securities Commission of the Bahamas (SCB) publicou uma declaração no Twitter negando ter feito tais pedidos.

O Wall Street Journal relata o que muitos suspeitavam – a FTX emprestou fundos a clientes da Alameda.

11 de novembro

FTX dá início ao pedido de falência após Sam Bankman-Fried (SBF) deixar o cargo de CEO da “sua” corretora cripto.

BlockFi, empresa focada em cripto Lending (empréstimos), pausa seus saques devido a sua exposição à FTX. A empresa também assume sua insolvência.

12 de novembro

Horas depois da FTX anunciar que entraria com um pedido de falência, a corretora foi supostamente hackeada em mais de US$ 600 milhões das reservas restantes.

O balanço patrimonial mostra uma diferença de aproximadamente 8 bilhões de dólares entre o passivo e o ativo. 

14 de novembro

A Binance cria um fundo de recuperação para futuras crises de liquidez.

SBF inicia um estranho tweet com um destinatário desconhecido. Por óbvio, não só os clientes com fundos presos na FTX serão atingidos pelo pedido de falência do Grupo.

Já na segunda-feira (14) após o anúncio do pedido de falência, o proeminente investidor Ikigai Asset Management anuncia que detém a grande maioria dos ativos com FTX e não tem certeza se poderá continuar operando.

Como veremos a seguir, os efeitos da quebra também possuem impacto em projetos com os quais o Grupo FTX tinha relações de financiamento e nas instituições com as quais eles tinham relações de empréstimo.

O mês “horribilis” – Parte 2: os efeitos da quebra no mercado (contágio)

1) Inúmeros fundos manifestam suas preocupantes exposições ao FTX Group

O contágio da quebra do Grupo FTX começa a se espalhar, com inúmeros fundos anunciando publicamente sua exposição à FTX e Alameda. 

As perdas da Sino Capital já estão na metade da casa dos sete números. O Venture Capital cripto “Multicoin” anunciou uma exposição de US$ 25 milhões. O Ikigai divulgou que a grande maioria dos ativos totais do fundo de hedge está na FTX. A BlockFi iniciou oficialmente seus preparativos para o pedido de falência. 

Contudo, nem tudo são más notícias. A Electric Capital possui apenas US$125.000 bloqueados na exchange. Curiosamente, a Alameda enviou US$ 50 milhões de volta ao Gênesis no final do dia 15 de novembro, indicando que alguns credores estão retornando aos fundos (apesar de não estar muito claro o por quê). 

Ainda assim, a situação da FTX é grave.  O Grupo pode ter mais de um milhão de credores.
Segundo informes “internos” não confirmados, a explicação para o colapso, em uma reunião da Alameda, está em uma onda de gastos da FTX de proporções épicas que vão desde negócios com estádios, financiamento de políticos a apartamentos. 

A Alameda na verdade pegou emprestado dinheiro da exchange garantidos por tokens FTT. Esses maus empréstimos foram concedidos em maio de 2022, durante o colapso do projeto de stablecoin algoritmia Terra/Luna, a financiadores centralizados. E isto acabou por piorar a situação, eis que essas empresas se tornaram inadimplentes. 

Em razão disto, a FTX utilizou os fundos dos clientes para cobrir os prejuízos do fundo de hedge Alameda, como já mencionado nesta coluna.

Ainda, no dia 16 de novembro, o Multicoin teve uma queda de 55% em seu principal fundo este mês. A Galaxy Digital confirmou que não tem nenhuma exposição ao Lending da Genesis ou ao programa de recompensas do Gemini Trust. A Cumberland, o maior criador de mercados, anunciou no dia 17 de novembro que possui menos de US$ 10 milhões em exposição ao FTX Group.

2) Patrocínios esportivos celebrados pela FTX começam a ser reconsiderados

Como ao longo do mês horribilis a reputação do Grupo  FTX caiu drasticamente, uma ampla gama de seus patrocínios está sendo reconsiderada. Como, por exemplo, o contrato de 19 anos assinado entre a FTX e a Arena do Miami Heat, no valor de US$ 135 milhões, concedia à exchange o direito de nomear a Arena da franquia da NBA. O Heat disse que eles estavam tomando medidas imediatas para rescindir o contrato. 

Aqui, vale destacar que a FTX ainda assinou excelentes parcerias com a MLB, Fórmula 1, UC Berkeley, e outras equipes esportivas. Resta aguardar para ver se teremos uma onda de ações para rescindir tais contratos, que estão na casa das centenas de milhões de dólares.

Outro anunciante, a TSM, foi outro que decidiu suspender sua parceria com a FTX no dia 17 de novembro.

3) Em entrevista, SBF culpa a “contabilidade confusa”??!!

SBF conversou com a Vox, e disse que ainda está trabalhando nos bastidores para levantar fundos. Nesta entrevista, ele confessou que a FTX emprestou seu dinheiro à Alameda, e que depois o perdeu. Ele afirma que tecnicamente isto não significa ter emprestado fundos aos clientes. E que acreditava na capacidade da Alameda de cobrir todos os empréstimos. 

Ele ainda confessou nesta entrevista que a alavancagem era maior do que ele imaginava, e culpou a “contabilidade confusa”. A alavancagem foi de US$13 bilhões em comparação os US$ 5 bilhões (seu entendimento na época). Por fim, SBF comentou ter se arrependido do pedido de falência do Grupo.

4) Mais declarações e especulações causam nervosismo no mercado 

No dia 16, CZ começou a analisar a aquisição do livro de empréstimos da Genesis. A Coinbase declarou não possuir nenhuma exposição ao Genesis Trading. Os rendimentos da Circle foram reduzidos a 0%. A Circle Yield declara que seus produtos estão sobrecolateralizados. O total de empréstimos pendentes é de US$ 2,6 milhões.

Há especulação de que a Grayscale Bitcoin Trust (GBTC) precisa ser dissolvida. O DCG (Digital Currency Group) é a empresa matriz da Genesis Global Capital e do GBTC Trust, dono do fundo de Bitcoin Grayscale. Pois bem, o DCG é a base do Genesis, e a dissolução do GBTC Trust pode ser necessária em caso de algum problema de solvência mais amplo em todo o Grupo DCG. 

Se o GBTC Trust fosse liquidado, provavelmente faria uma grande diferença para seus detentores, devido ao desconto atual de aproximadamente 40% no valor do ativo líquido. 

Importante destacar aqui que o preço do BTC seria afetado negativamente, pois o GBTC detém ~650k BTC. Do outro lado, a Tether anuncia que não tem exposição à Gemini ou à Gemini Earn.

Ainda, o Comitê de Serviço Financeiro da Câmara dos Deputados dos EUA anuncia que realizará uma audiência em dezembro sobre o colapso da FTX e as consequências mais amplas para o criptograma. Eles estão solicitando a adesão de SBF e dos principais atores da Alameda Research e Binance.

A Genesis pausou os saques em seus negócios de empréstimo. A Gemini fez uma pausa nos levantamentos de seus produtos. Genesis foi um grande credor da indústria originando cerca de US$ 3 bilhões em empréstimos ativos a partir do final do terceiro trimestre.

Além disso, a FTX, de propriedade da Liquid Global, entrou com um processo para o pedido de falência e suspendeu todos os saques. A plataforma de empréstimo Sal também suspendeu os saques. A Oxigen revelou que a FTX detinha a custódia de 95% dos tokens MAPS e OXY.  

No dia 17 de novembro, a Jump Crypto afirma que eles continuarão as operações, repudiando rumores de que eles podem estar fechando. Eles também acrescentaram: “Acreditamos que somos uma das empresas mais bem capitalizadas e líquidas em criptográfico”.

No dia 18 de novembro, o WSJ revela que SBF vendeu US$ 300 milhões em ações da FTX no ano passado. Eventual falência da Genesis Capital pode estar em cima da mesa, enquanto a DCG poderia ficar isolada. 

Além disso, há rumores de que outro credor, Vauld, está com recursos presos na FTX, que podem chegar ao montante bloqueado de 10 milhões de dólares.

No último dia 20, a FTX revela que seus 50 maiores credores possuem uma dívida de 3,1 bilhões de dólares, e que a dívida de seu maior credor é de 226 milhões de dólares.

5) As tentativas de proteger interesses de clientes e credores

Recente briefing da Comissão de Valores Mobiliários das Bahamas mostra que a autoridade mobiliária ordenou a transferência de ativos da corretora FTX para uma carteira digital controlada pela autarquia para “proteger os interesses de clientes e credores”.

A Genesis está buscando um empréstimo emergencial de US$ 1 bilhão para atender às necessidades de liquidez.

O novo CEO da FTX John Ray manifesta sua indignação em uma declaração pública, apontando o seguinte: “Nunca na minha carreira vi uma falha tão completa nos controles corporativos e uma ausência tão completa de informações financeiras de compliance”. John Ray também supervisionou a falência da Enron, comentou que nunca havia visto um balanço tão ruim quanto o da FTX.

A história continua…

A série de eventos que levaram à quebra do FTX Group (todos analisados aqui nesta coluna], ainda estão vindo à tona.

É muito provável que muitos dos negócios “off-chain”, celebrados a portas fechadas pela exchange, nunca venham a ser totalmente expostos.  Sua queda, como vimos hoje, não apenas afeta os fundos de clientes presos na corretora , mas também as instituições com as quais ela mantinha relações privadas.

O financiamento de projetos cripto geralmente envolve capital de risco privado em troca de uma parte do fornecimento de um token. Após o boom cripto dos ICOs em 2017, o financiamento privado para projetos cripto tornou-se um mal necessário à medida que o financiamento público se tornou cada vez mais difícil devido à incerteza regulatória.

Pois bem, antes de emprestar um ao outro, as instituições precisam obter liquidez.  E grande parte da liquidez tem origem nos programas de empréstimos de varejo e institucionais. 

Os fundos dos usuários, por sua vez, são custodiados por instituições que executam várias estratégias para devolver um rendimento. E tais estratégias incluem: negociação e participação em DeFi, staking, ou empréstimo de ativos a outras instituições centralizadas como empresas comerciais e balcões de OTC.

O resultado disso? É uma enorme quantidade de alavancagem à medida que a liquidez é passada de instituição para instituição.

Acontece, como já comentei aqui, o Bitcoin e os criptoativos em geral NUNCA devem ser alavancados, pelo simples fato de que não podem ser alavancados com segurança.

Por fim, é importante destacar que neste episódio do FTX Group, o problema não foi causado pelas criptomoedas, ou pela tecnologia blockchain em si. 

O colapso e a quebra tem a mesma origem de outros escândalos famosos nas finanças tradicionais (CeFi): a negligência e a má-gestão, potencializadas pela falta de transparência dos controles corporativos e nos negócios “off-chain”.

Conhecimento é poder!! Nos vemos em breve!

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Tatiana Revoredo
Tatiana Revoredo é membro fundadora da Oxford Blockchain Foundation. LinkedIn Top Voice em Inovação e Tecnologia. Estrategista Blockchain pela Saïd Business School, University of Oxford. Especialista em Blockchain Business Applications pelo MIT. Especialista em Artificial Intelligence & Business Strategy pelo MIT Sloan & MIT CSAIL. Especialista em Cyber-Risk Mitigation pela Harvard University. Convidada pelo Parlamento Europeu para a “The Intercontinental Blockchain Conference”....
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