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Ethereum vai se tornar deflacionário depois da fusão?

3 mins
Atualizado por Júlia V. Kurtz

EM RESUMO

  • Apesar dos esforços para alterar a emissão do ETH o ativo ainda não é deflacionário.
  • As múltiplas funcionalidades do token prejudicam o uso como dinheiro.
  • Especialista acreditam no potencial do Ethereum como rede de alto volume de negociações.
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Após a fusão do Ethereum, a dinâmica de emissão de ETH foi alterada, conforme estimado pelos analistas da Ethereum Foundation. No entanto, o ETH ainda é inflacionário. Quando o Ethereum se tornará deflacionário e sua oferta deixará de se expandir?

Conforme dados disponibilizados pela plataforma ultra-som.money, houve um aumento na emissão de 8.426 ETH desde a fusão até a quinta-feira (29). Apesar do aumento, esta emissão ainda é menor do que as de um modelo de prova de trabalho (PoW), que projetariam mais de 120 mil ETH no mesmo período.

Especialistas questionam o uso do ETH como dinheiro

O ex-CEO da BitMEX, Arthur Hayes, defende a tese de que o aumento no volume de transações da rede poderia criar um ciclo de feedback de alta para o ativo, incentivando reflexivamente a compra, o uso e a deflação do ETH.

Porém, em recentemente entrevista ao Unchained Podcast, Hayes observou que pode haver limite para o aumento das taxas de transação.

“Digamos que a deflação fique tão grave que se torne tão cara que ninguém a use… bem, adivinhe o que vai acontecer? Eles vão mudar a taxa de inflação”.

Por esta razão, Hayes não acredita que o Ethereum possa se desenvolver como uma rede monetária a ponto de competir com o Bitcoin. Pois o papel adicional do ETH como gás interfere em sua capacidade de ser dinheiro, enquanto o valor do Bitcoin “não pode ser confundido com a utilidade real de outras coisas”.

O CTO da Theter, Paolo Ardoino, tem um argumento similar que corrobora com a tese de Hayes. Ele afirmou que a narrativa do Ethereum “continua mudando” e tem muitas outras prioridades que dificultam a competição com o Bitcoin como dinheiro.

Novo mecanismo de emissão e queima de tokens

São duas as variáveis de emissão do ETH: recompensa por bloco e taxa de queima. 

O mecanismo de taxa de queima, introduzido em 2021 no hard fork London, representa a quantia de ETH que é queimada através das taxas de gás. Quando ocorre o aumento no volume de transações na rede Ethereum, consequentemente a taxa de queima aumenta junto com a taxa de gás.

Após a fusão a taxa de emissão diária de ETH, no mês de setembro, caiu de 14.600 ETH para apenas 1.600 ETH, um declínio de quase 90%. Entretanto, apenas a redução de emissão e queima de tokens não são suficientes para tornar o ETH deflacionários.

A recompensa por bloco é todo ETH gerado a cada validação efetuada pela rede. A partir da implementação da Ethereum Merge cada novo bloco é gerado e acrescentado a rede aproximadamente a cada 12 segundos. Essa recompensa varia de acordo com a quantidade de ETH travados na em stake na rede.

Atualmente são cerca de 14 milhões de ETH em staking gerando uma recompensa em torno de 1.700 ETH por dia. Desta forma, para que o ETH se torne deflacionário o número de tokens gerados por meio da recompensa por bloco deve ser menor ao que está sendo queimado pela rede.

Como a dinâmica desse mecanismo vai se modificar ao longo do tempo é algo a ser observado. As taxas de staking são muito atrativas em relação ao baixo risco do investimento e, em teoria, um aumento na quantidade de ETH em staking aumentaria a inflação.

Por outro lado, parte dos especialistas confiam que o Ethereum irá evoluir para uma rede de alto volume para comércio descentralizado, isso aumentaria as taxas de transação, consequentemente elevando a taxa de queima e só então tornando a emissão de ETH deflacionária.

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Thiago Barboza
Thiago Barboza é graduado em Comunicação com ênfase em escritas criativas pela Universidade Federal da Bahia (UFBA). Em 2019 conheceu as criptomoedas e blockchain, mas foi em 2020 que decidiu imergir nesse universo e utilizar seu conhecimento acadêmico para ajudar a difundir e conscientizar sobre a importância desta tecnologia disruptiva.
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