Uma pesquisa feita pela Universidade José Simeón Canâs, de El Salvador, mostrou que apenas 6,1% da população local se sente beneficiada com a lei que tornou o Bitcoin (BTC) uma moeda legal no país.
Desde que o presidente Nayib Bukele revelou em junho do ano passado o seu plano de tornar o Bitcoin uma moeda legal em El Salvador, o país se tornou uma espécie de “El Dorado” para os entusiastas da criptomoeda. Porém, parece que a população local não tem vivido o “sonho” que muitos possuem de ver o BTC se tornar uma moeda amplamente aceita.
71% dos mais de 1.200 salvadorenhos entrevistados pelo Instituto de Opinião Pública da Universidade Centro-Americana José Simeón Cañas afirmaram não terem visto benefícios ao utilizar a criptomoeda. Pouco menos de 12% disseram que a nova lei trouxe poucas vantagens econômicas, enquanto somente 6,1% sentiram que ela foi benéfica para eles.
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População de El Salvador não adere ao Bitcoin
Os dados desta pesquisa são mais um indicativo de que a população local está resistente em relação ao uso do Bitcoin. Vale lembrar que a adesão compulsória da criptomoeda não foi feita como uma resposta ao clamor do povo, mas sim por ser um desejo do próprio Bukele e de sua base. Ao obrigar a população a aceitar a criptomoeda, o presidente tem enfrentado diversas críticas e processos.
As tentativas de fazer a criptomoeda se popularizar no dia a dia da população não estão tendo sucesso. Um dos casos mais notórios envolve a Chivo, carteira cripto desenvolvida pelo governo local. Para incentivar a utilização do dispositivo, cada cidadão do país que se cadastrasse receberia o valor de US$ 30 em BTC para usar livremente.
Porém, uma pesquisa feita pelo National Bureau of Economic Research (NBER) em fevereiro mostrou que apenas 20% dos usuários voltaram a usar a carteira após gastar o valor recebido, mesmo com ela oferecendo outros benefícios, como descontos em pagamentos de combustível.
“Enquanto a maioria dos cidadãos de El Salvador tem um celular com internet, menos de 60% deles baixaram a Chivo Wallet e 20% continuaram usando o aplicativo depois de gastar seu bônus de inscrição de US$ 30. Além disso, 5% dos cidadãos pagaram impostos com Bitcoin e, apesar de seu status de curso legal, apenas 20% das empresas – principalmente as grandes – aceitam Bitcoin.”
Riscos para Nayib Bukele e para o país
Apesar de virar uma “celebridade cripto”, sendo convidado para discursar em grandes eventos sobre o Bitcoin ao redor do mundo, Bukele ficou mais exposto politicamente devido ao seu projeto de lei.
Atualmente, seu governo acumula grandes prejuízos em relação ao Bitcoin, devido as grandes compras que têm sido feitas na criptomoeda. Além disso, ele tem sido pressionado pelo FMI, que deseja que o Bitcoin deixe de ser uma moeda local no país. Porém, isso não parece abalar o presidente, que chegou a usar memes para responder a instituição e continua realizando novos investimentos em BTC e na estrutura do país para dar suporte ao mercado cripto.
Todavia, novas quedas do Bitcoin podem aumentar ainda mais os prejuízos do seu governo, gerando mais insatisfação na população. Vale lembrar que El Salvador é um país de terceiro mundo, e para muitos, o governo deveria usar o capital investido no BTC para prover melhorias em outras áreas, como saúde e educação.
Curiosamente, apesar da pouca utilização do Bitcoin em El Salvador, menos da metade dos entrevistados pela Universidade acreditam que Bukele teve grandes falhas em sua gestão, com apenas 3,9% acreditando que a lei da criptomoeda pode ser vista como um fracasso do governo.
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