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VR vai revolucionar o cinema, diz pesquisador

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Atualizado por Thiago Barboza

Novas tecnologias, como inteligência artificial (IA) e Realidade Virtual (VR) já estão revolucionando os mercados por onde passa. Mas as mudanças estão longe de terminar.

É nisso que acredita o professor Renato de Medeiros. Designer gráfico, ele é especialista em Design Digital, Artes 3D, e Governança da Tecnologia, mestre em Desenvolvimento de Jogos Digitais e atualmente é professor da IBMR e Facha.

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Nesta conversa com o BeInCrypto, Medeiros fala sobre como a IA pode influenciar a criação de games e como as novas tecnologias influenciarão o entretenimento no futuro.

VR vai revolucionar o cinema, diz pesquisador

Eu sou especialista em 3D e estou trabalhando em três personagens para curtas metragens de empresas. Só que eu sou um cara curioso e comecei a usar as ferramentas de IA para agilizar o trabalho, na parte de escrita, diagnóstico.

Eu falo muito disso nas minhas aulas, que é algo que precisamos estudar aos poucos. E, nas aulas, nós fomos experimentando com IA para ajudar com narrativas para games. Além disso, eles criaram artes de personagens.

Então, para mim, isso é algo bom porque eu preciso entender como funciona para acelerar a minha produção e as dos alunos.

  • A IA está sendo usada para criar arte e isso está gerando problemas com direitos autoriais. Como você vê essa questão?

Eu sempre digo que uma imagem vale mais que mil palavras. Eu ministro a disciplina de narrativa e é a primeira vez que alunos conseguiram apresentar um roteiro com IA. Então eu sei desse problema, de modelos usarem como base arte de outros artistas

Eu não sou contra o uso de IA, mas já que, no momento, os modelos estão usando conteúdo de outras pessoas, eu não posso usar no meu trabalho. Eu preciso fazer manualmente. É claro que, com alunos, em um ambiente acadêmico, a coisa é diferente.

Só que, para mim, a IA é uma modinha, da mesma forma que, por exemplo, óculos de realidade virtual. É só ver o que ocorreu com o Facebook, que virou Meta e decidiu que ia apostar em realidade virtual. Não deu certo e a ideia meio que afundou.

Ninguém sabe como será o amanhã. Um exemplo é a greve dos roteiristas de Hollywood, que ocorreu justamente por conta da IA. Os modelos, quando criam roteiros, usam um estilo próprio que é básico.

Essa questão é complicada, mas acho que algumas coisas vão ter que ficar para trás, não tem jeito. As máquinas substituem a mão de obra desde a revolução industrial. Só que não faz sentido uma máquina substituir o homem e o que nós vamos fazer é acelerar e otimizar os processos.

Algumas coisas de realidade virtual podem realente funcionar. No cinema, por exemplo, você vê a história que o diretor decidiu contar. Mas, com VR, as pessoas podem ver o mesmo filme, mas de acordo com a perspectiva do protagonista ou de outra personagem que quiser.

Por exemplo, há algumas personagens que ajudam o protagonista e, se eu quiser saber o que aconteceu com elas, posso usar VR para isso. Claro que isso vai aumentar o trabalho. É preciso escrever mais roteiro, filmar mais cenas.

  • Uma das possibilidades da IA em games é a criação de narrativas customizadas para cada jogo. Como você vê essa possibilidade?

Nós já usamos IA para ajudar nos roteiros, mas também há a possibilidade de usar ela para NPCs. A ideia é que os jogadores, toda vez que falarem com um NPC, recebam uma história diferente.

Do jeito que é hoje, você fala com o NPC e ele te dá uma missão e sempre vai falar a mesma coisa. No futuro, ele vai dar dicas, pistas ou quem sabe até te acompanhar.

Há empresas que já estão criando IAs para games, inclusive para criar roteiros. Eles criaram uma para enriquecer não só os NPCs como evitar repetir o mesmo contexto.

Nós também usamos IA para criar arte. Nós temos um estilo que mistura brutalista com construtivismo, é um estilo muito único. E a IA ainda não entende isso. Você pode pedir para ela construir vários personagens desse tipo e ela não vai criar um do jeito que a gente gostaria que fosse.

  • Que tipo de mudanças IA pode trazer para games de mundo aberto, especialmente os de geração procedural?

Algumas empresas grandes têm dinheiro para investir em uma ferramenta adequada conforme a necessidade. Mas as outras, que tem equipes pequenas, não podem investir em um sistema dessa magnitude, ou seja, a mão de obra não consegue fazer algo assim tão rápido.

Então você fica limitado ao que existe pronto no mercado. ChatGPT e outras ferramentas têm limites, o que significa que não é sempre que você precisa usar.

Uma empresa tem roteiristas que precisam descrever tudo. As personagens têm históricos, têm narrativas, cada uma tem um universo.

O próprio cinema investe bastante nessas ferramentas específicas.

A Pixar mesmo tem essa mania. Ela cria uma ferramenta para fazer neve, um sistema de rendering melhorado, e cria um filme.

A própria Adobe está usando IA, no Photoshop, por exemplo. Você vai tocar no rosto de uma pessoa e ela gera o corpo inteiro.

  • E como fazer para diferenciar filmes feitos por IA?

Já existem experimentos desse tipo. Há um vídeo no Instagram, por exemplo, que mostra pessoas dançando. Mas, se você prestar atenção, verá que eles mudam a cada frame.

Ou seja, a IA ainda não está criando filmes ou animações consistentes. Ela não consegue mostrar rostos virando, precisa esticar. A essência, sim, está ali, mas as características da personagem vão mudando. Então, vai demorar um pouco

  • E essa história de que a IA pode acabar com o mundo? Quão sério é isso?

Isso está acontecendo mesmo. Tanto que governos já se adiantaram para conversar e colocar limites.

Por exemplo, até que ponto é possível uma ferramenta usar arte de outros artistas? É preciso definir isso, saber quem vai ter que pagar, para quem pagar, essas coisas.

Nós já enfrentamos uma greve dos roteiristas de Hollywood que parou a indústria. Isso mostra que temos poder para poder mudar as coisas.

A arte pode pôr as pessoas na rua e dizer “vocês estão acabando com o mundo”. E ou nós fazemos uma greve ou será uma catástrofe humana.

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Júlia V. Kurtz
Editora-chefe do BeInCrypto Brasil. Jornalista de dados com formação pelo Knight Center for Journalism in the Americas da Universidade do Texas, possui 10 anos de experiência na cobertura de tecnologia pela Globo e, agora, está se aventurando pelo mundo cripto. Tem passagens na Gazeta do Povo e no Portal UOL.
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