Real avançou contra dólar em dezembro, mas movimento não deve continuar em 2021 mesmo com queda da moeda americana no mercado internacional, na avaliação do mercado.
Após bater quase R$ 6 em 2020, o dólar caiu em dezembro de 2021 e não subiu mais para acima de R$ 5,25. Analistas, no entanto, ainda não veem fôlego suficiente no real para seguir valorizando. Para analistas, a moeda americana não deve cair para menos de R$ 5 em 2021.
O principal indício está no levantamento mais recente do Banco Central. O relatório Focus publicado nesta segunda-feira (4) mostra cautela de agentes em relação ao dólar. Mesmo com o ímpeto das últimas semanas, o mercado projeta que o câmbio irá fechar o ano que se inicia em R$ 5.
Segundo a pesquisa, o cenário só começaria a melhorar a partir de 2022. Ano que vem, a expectativa é que o dólar alcance R$ 4,90 e chegue apenas a R$ 4,85 em 2023. O movimento vem acompanhado de uma projeção menor de inflação. Dessa maneira, a expectativa para a Selic também reduziu.
Aumento da taxa de juros não seria suficiente para impulsionar real frente ao dólar
Ainda segundo o relatório do Banco Central, operadores do mercado projetam Selic em 3% para 2021. A taxa é menor do que a prevista na última semana, quando a expectativa era de taxa base em 3,13%. O movimento vem acompanhado de inflação alta medida pelo IPCA, mas em queda.
A medição, vale ressaltar, ocorreu após perdas para a moeda brasileira. Após atingir R$ 5,04 em 11 de dezembro, o dólar subiu para R$ 5,19 no dia 23 de dezembro e R$ 5,23 no dia 28, pouco antes da consulta. A alta, no entanto, aconteceu mesmo com um recorde de posições vendidas em dólar no exterior.
A aposta na queda do dólar se confirmou logo em seguida. O índice DXY, que mede a força da moeda contra uma cesta de divisas fortes, caiu para menos de 89,5 pontos, o menor patamar desde 1º de abril, no auge da crise do coronavírus. O recuo do câmbio no Brasil para R$ 5,18 no fechamento do ano, portanto, foi influenciado pelo fator externo.
Disputa na Câmara e contas públicas são principais preocupações
O ambiente político conturbado em meio à disputa pela presidência da Câmara dos Deputados deverá dar o contorno do ambiente interno no começo de 2021. Para analistas, a eleição poderá influenciar na agenda econômica para este ano e sinalizar se o governo irá ou não respeitar a lei do teto de gastos.
Aliada a isso está uma projeção de forte crise econômica no horizonte com o fim do Auxílio Emergencial. Ao Canal Rural, o economista-chefe da Necton, André Perfeito, conta que a alta da Selic não deverá ser suficiente para conter a moeda americana.
Os juros devem subir, a favorecendo moeda local. Além disso, a disputa pela presidência do Senado e da Câmara deve impactar o campo político nos próximos dois meses. Com esse cenário, não consigo ver o dólar abaixo de R$ 5. Algumas incertezas persistem, pois estamos em uma situação delicada no campo fiscal. Até hoje não temos certeza se o auxílio emergencial continuará sendo pago ou não.
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