Especialistas ouvidos pelo Be[In]Crypto acreditam que a reversão da política monetária do Federal Reserve (Fed) deve determinar o fim do bear market.
Os meses de maio e junho foram de tensão para os mercados de risco, e não foi diferente para o Bitcoin (BTC) e as demais criptomoedas. O aprofundamento da crise econômica global e a ameaça de recessão nos EUA provocaram uma corrida dos investidores para o dólar.
A chegada prematura do inverno cripto frustrou as expectativas dos investidores confiantes em ver o Bitcoin a US$ 100.000 no final de 2021. Por ser o dólar a moeda de referência globalmente, os holofotes se voltam para o banco central da maior economia do mundo, o Federal Reserve, pois suas políticas ditam o rumo dos mercados.
SponsoredEspecialistas, investidores e analistas têm questionado até quando o Fed manterá a política de retração através do apertamento quantitativo (QT) e da elevação de juros para tentar navegar com mais suavidade a primeira crise econômica global enfrentada pelo mercado cripto.
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Saída da crise será lenta
Bacharel pela University of Miami e doutorando em economia pela Washington State University, Gabriel Mendes, ressalta que o Fed continua sendo a maior e mais confiável autoridade monetária do mundo, e por isso o dólar se mantém cada vez mais forte. Entretanto, ele entende que o choque negativo das cadeias globais e a situação fiscal mais solta resultaram na atual elevação de juros, e para reverter a política atual será necessário que a situação se agrave muito.
“Uma reversão do tightening (QT) depende de um trimestre de recessão particularmente forte.”
Portanto, com uma recessão batendo à porta e uma persistente inflação, seria natural o prolongamento da política de retração. Porém, Mendes explica que historicamente a situação fiscal nunca foi o foco central para as decisões do Fed, e o preço a ser pago por prolongar o QT poderá ser muito alto.
“A inflação que estamos observando hoje advém de uma cadeia produtiva que se partiu. O movimento do Fed é para evitar um efeito cascata”, lembrou Mendes.
O atraso do Fed em reconhecer que a inflação não era passageira e a demora em agir abalaram a confiança da entidade exigindo uma ação mais enérgica, posteriormente, para equilibrar o lado monetário da equação. Entretanto, os resultados apenas regrediram a patamares anteriores ao afrouxamento quantitativo (QE).
Sponsored SponsoredAo final de julho o resultado da inflação dos EUA foi de 9,1%, o nível mais alto em 40 anos, colocando a maior economia do mundo em recessão técnica.
Porém, Mendes destaca que os motivos dessa crise “não são meramente financeiros” como a crise anterior. “A guerra entre Rússia e Ucrânia e as estruturas do pós-pandêmia estão revertendo o processo que manteve a inflação baixa desde 2008”, analisa Mendes.
Ele acredita que o Fed ainda tem espaço para ação pois “controla a moeda de referência”, mas que a dinâmica será mais lenta por não depender apenas do lado monetário.
Fed retornará ao expansionismo
Por outro lado, o investidor e analista de mercados, @criptoverso_, acredita que o risco de recessão fará o Fed reverter sua política em breve, pois “sempre que o Fed realizou QT ou aumentou os juros, mudou de posição novamente pouco tempo depois”.
SponsoredEle explica que o PIB e o desemprego são as variantes que o Fed está de olho. Porém o aumento dos juros e a política de retração contribuem para o decréscimo do PIB, e “é só uma questão de tempo para o desemprego voltar a subir e incomodar o Fed”.
Desde a crise de 2008 o Fed já realizou 4 rodadas de QE e, após iniciar uma subida nos juros em 2016, teve que voltar atrás em 2019.
“O que está segurando isso é a inflação, mas o desaquecimento econômico, somado a uma recuperação na produção industrial e nas cadeias logísticas, deve em breve reduzir a inflação, o que deixará o Fed mais “confortável” para o retorno ao expansionismo.”
O analista destaca que a constante alteração de política do Fed está fazendo com que a correlação entre os diferentes mercados de risco aumente, pois são os mais afetados. Como resultado de cada volta à política expansionista, o mercado de ações e de criptos se aquece novamente, mas com prazo limitado até a próxima inversão de política monetária.
Sponsored Sponsored“É como um doente tomando energéticos em vez de medicamentos. Cada nova dosagem confere um novo fôlego, porém com intervalos cada vez mais curtos, até a fadiga completa.”
Ele avalia que o Fed ainda tenha “espaço para manobras antes de uma recessão drástica”, entretanto a cada novo ciclo os indicadores ficarão cada vez piores.
“O fato de um país controlar a principal moeda global não confere superpoderes capazes de alterar a ordem natural das coisas. Séculos de história apenas mostram que superpotências são passageiras. Impérios surgem e são destituídos.”
Novo mercado de alta deve demorar
No mês passado, o ex-CEO da BitMEX, Arthur Hayes, divulgou sua tese denominada “Doom Loop”, onde ele explica que a depreciação das moedas fiduciárias, através da expansão monetária, levará ao crescimento, adesão e ascensão do Bitcoin. Posteriormente ele disse que o Fed em breve terá que voltar a política monetária expansionista.
Já o analista Raoul Pal também publicou em seu Twitter uma análise dos ciclos de alta do Bitcoin e a correlação com os momentos de expansão monetária. Pal acredita que a impressão de dinheiro tem mais a ver com o crescimento do Bitcoin que o halving.
Apesar da recuperação das últimas semanas, os principais analistas acreditam se tratar apenas de um rali de alívio pois o Bitcoin vem em queda desde novembro de 2021 sem nenhum movimento significativo de recuperação. Mas um novo mercado de alta consistente deve acontecer apenas dentro de 6 a 12 meses, justamente o período em que, muitos apostam, o Fed deve retomar a política expansionista.