A Polícia Federal (PF) realizou nesta terça-feira (27) uma operação contra uma associação criminosa que utiliza criptomoedas e NFTs em Santa Catarina e Paraná. As perdas das mais de 22 mil vítimas no Brasil e no mundo estão estimadas em R$ 100 milhões.
Segundo a PF, estão sendo cumpridos dois mandados de prisão e seis mandados de busca e apreensão nos municípios de Itajaí, Balneário Camboriú, Curitiba e Londrina.
Outras ações como bloqueio e confisco bens de cinco pessoas e três empresas também fazem parte da operação batizada de Fast.
Como funcionava o esquema
Os fraudadores criavam criptomoedas e vendiam prometendo altos ganhos. O velho esquema Ponzi de pirâmides financeiras. Os investidores eram levados a acreditar que essas criptomoedas eram valiosas por serem vinculadas a supostas parcerias com empresas.
A promoção do golpe aconteceu durante uma feira de criptoativos em Dubai, justamente para trazer mais sofisticação e credibilidade ao projeto. Muitas vítimas não imaginariam que um evento poderia promover algo fraudulento, especialmente em um mercado tão bilionário como Dubai.
Apesar do lançamento do projeto ter acontecido na cidade no meio do deserto, a base da organização criminosa fica em Balneário Camboriú, Santa Catarina, estado no sul do Brasil.
Logo após a promoção do golpe nos Emirados Árabes, segundo a PF, “a organização também passou a atuar na comercialização de franquias de mobilidade urbana, o que continua sendo divulgado pelos integrantes.”
“Os integrantes do grupo responderão pela prática de crimes contra o Sistema Financeiro Nacional, associação criminosa e lavagem de dinheiro”.
As penas máximas totais previstas podem chegar a 28 anos de reclusão. Segundo fontes ouvidas na condição de sigilo pelo BeInCrypto, a PF está no rastro da organização desde 2022.
Fonte revela suposto cabeça da operação
Em 2022 foi lançado um projeto com foco em mobilidade urbana, que nasceu descentralizado, após ver tanto dinheiro captado em rodadas de venda privada e pré-venda, o CEO fez o quê? Secou a liquidez na principal DEX da BNB Chain, pagou uma listagem de US$ 60 mil, listou o token em uma CEX própria e foi para Dubai, conta a fonte.
Quando o executivo voltou recentemente ao Brasil, foi vítima de um caso que viralizou na mídia. A imagem do suposto cabeça do projeto, que se intitula, em sua conta no Instagram, CEO da @drivetryp.app, @drivecrypto e @drivefood.app, caiu na rede. Allan Barros tem mais de 215 mil seguidores.
O drive crypto de Barros, diz ser “o primeiro aplicativo de mobilidade Web3 desenvolvido usando o conceito DRIVE TO EARN com elementos Game-Fi/Social-Fi.”
O suposto CEO do projeto cripto fraudulento foi proibido de usar o próprio notebook em uma padaria. Ele inclusive ostenta uma vida de luxo na rede social, mostrando uma imagem de homem bem-sucedido.
“Eu não tô se alimentando aqui”, disse em certo momento durante a discussão com o proprietário do estabelecimento.
A CEX citada pela nossa fonte, seria a Web3Bank, carteira supostamente usada por Barros e criada por ele mesmo, mas já está fora do ar, como mostra a imagem.
“Após o dito cujo sair em uma polêmica aqui no Brasil, a PF esperou ele se estabelecer novamente no Brasil para dar o ‘bote’”, detalhou nossa fonte.
O grupo do telegram está ativo, mas já há usuários reclamando.
Allan Barros fará evento em São Paulo nesta quarta-feira (28/02)
O post acima é do Instagram do próprio Allan, que está promovendo nesta quarta-feira (28/02) um evento sobre o futuro da mobilidade urbana, justamente para levantar capital, no que ele chama de Coquetel de Negócios.
A Polícia Federal não pode divulgar e nem confirmar a identidade dos investigados para preservar a idoneidade da investigação em andamento.
A reportagem também enviou uma mensagem para Allan Barros, via Instagram e assim que recebermos a resposta, publicaremos aqui.
Vítimas fizeram as denúncias para PF
A PF chegou aos golpistas após analisar várias denúncias recebidas pelo canal oficial da Polícia Federal em Itajaí. O recurso é para tratamento de informações sobre pirâmides financeiras ([email protected]).
“A PF reforça que as denúncias encaminhadas por esse canal são tratadas com total sigilo.”
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