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Exclusivo ONG Educar+ muda vidas com Web3

7 mins
Atualizado por Aline Fernandes

EM RESUMO

  • Educar+ usa web3 como metodologia para ensinar sobre ecossistema cripto.
  • CEO e fundadora, Carol Santos levará pessoas de diversas comunidades para o Blockchain Rio em uma parceria com a organização do evento.
  • ONG no Complexo do Chapadão tem alunos e fila de espera.
  • promo

A história da ONG Educar+ se funde com a da criadora, Carol Santos, idealizadora e fundadora do projeto focado em expandir as perspectivas de mundo de crianças e adolescentes através da educação, cultura, e tecnologia focada no ecossistema Web3 no Complexo do Chapadão, zona norte do Rio de Janeiro.

O Be[In]Crypto foi conhecer a história e o trabalho de uma carioca que tem mudado para melhor a comunidade onde nasceu, cresceu e vive. Durante uma tarde de inverno e aulas sobre criptomoedas, Carol nos contou como está fomentando conhecimento através de várias parcerias que incluem a Play For Change e o Mercado Bitcoin.

Carol Santos, à esquerda de preto, CEO e fundadora Educar+ e alunos da ONG

A jovem de apenas 24 anos, formada em pedagogia, começou a se engajar em projetos sociais aos 17 com a ideia de mudar para melhor o lugar onde nasceu e cresceu, a comunidade chamada Final Feliz, no Complexo do Chapadão.

“É praticamente o último bairro do município do Rio de Janeiro, a gente está na divisa da Baixada bem longe da área central, cerca de uma hora e meia, por isso muita gente nunca ouviu falar de nós aqui, estamos muito afastados. O próximo bairro é Nilópolis.” explica Carol.

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Ela conta que “por conta da falta de visibilidade e do cenário de violência, as crianças começaram a desenvolver um comportamento agressivo, tem a questão do envolvimento com o tráfico. Isso começou a gerar muito inquietação, então o Educar+ surge exatamente na tentativa de mostrar uma nova perspectiva para essas crianças, visto que aqui no território (são várias comunidades em todo Chapadão) temos pouquíssimas organizações sociais. Aqui na comunidade Final Feliz somos a única. Antes não tinha nenhuma”.

A idealizadora da ONG diz que quando era criança chegou a participar de um projeto social que marcou sua infância, mas acabou antes de crescer. A falta de iniciativas socioeducativas e políticas públicas foram um impulso para a educadora.

Educar + na comunidade Final Feliz no Complexo do Chapadão – RJ.

Assim, em 2017, nasce a ideia e a iniciativa Educar+. No final de 2020, a atual sede foi comprada após a doação da Norsul, empresa de transporte marítimo. Já em 2021, após participar do Caldeirão do Huck, o projeto social ganhou mais visibilidade, conseguiu angariar recursos para finalmente transformar o ambiente em salas de aula, brinquedoteca, espaços para computação e artes.

A Educar+ também ganhou um edital da prefeitura que “foi muito bom e por isso hoje estou integralmente para ONG, junto com mais algumas colaboradoras, mas ainda faltam muitas ações voltadas para Zona Norte, principalmente no Complexo do Chapadão “, explica Carol.

Alunos precisam frequentar escola para participar das atividades na ONG

Com aproximadamente 100 alunos, entre 06 e 15 anos, a ONG exige que todos estejam matriculados . A pedagoga explica que além de não conseguir receber uma quantidade maior de estudantes por falta de uma estrutura maior e poucos recursos, não seria viável ter turmas maiores pois também cairia a qualidade de ensino.        

“Começamos com 60 alunos, mas hoje atendemos em média 100 crianças e adolescentes em contraturno na parte da tarde, porque é o período que os estudantes estão livres, pois pela manhã estão na escola”.

“Temos uma parceria com os órgãos locais como a secretária de educação, o conselho regional de educação que é a 6ª CRE – que cuida da nossa região e faz a ponte entre a escola e a secretaria. Eles também cuidam principalmente da questão da evasão escolar, ou seja se temos uma criança aqui na comunidade não matriculada, a 6ª CRE vai em busca de vaga para que ninguém fique fora da escola.”

Alunos Educar+ escolhem criptomoeda da turma em votação

Carol nos conta que existe uma demanda grande na ONG, mas ainda não consegue atender.

“É muito fácil falar que a gente atende 300 crianças e não entregar qualidade nenhuma. Na verdade, eu estou totalmente ao contrário. A gente tem 100 e atende todos com qualidade. Temos crianças que este ano sairão da alfabetização, outras não sabiam ler e hoje lêem e adolescentes que passaram pela Educar+ e seguiram carreiras. É aí que entra a Web3.”

Web3 é destaque na metodologia de ensino

As atuações do Educar + incluem : Alfabetização, Game nós juntos que é a nossa metodologia gamificada de incentivo à leitura, Artes, Audiovisual, Informática chamada na ONG de Era Digital, que funciona mais uma inclusão digital, Capoeira e LiteraMundo, um projeto que tem como objetivo desenvolver e descobrir autores.

“As crianças estão criando livros e esse material está disponível no nosso site. A ideia é colocar tudo na web3”. diz Carol.

Inclusão financeira, Educação e Transformação social através da Web3

A Tecnologia é um dos pilares da Educar+, que começou a ser desenvolvido este ano porque durante a pandemia o projeto social foi duramente atingido por falta de recursos, acesso tecnológico, internet e conhecimento. Por isso em 2022 a temática se tornou tão necessária.

“No final do ano passado, em setembro, conheci a Play For Change – uma DAO que gera inclusão social, digital e financeira em comunidades menos representadas utilizando Web3 e cripto – e eles me apresentaram o jogo Axie Infinity como uma possibilidade de geração de renda através de jogos NFT”, detalha Carol.

Junto com outras duas jovens do projeto, a fundadora jogou para aprender, antes de levar a novidade para o projeto. Depois de repassar o conhecimento para os alunos, Carol e outras duas jovens conseguiram gerar renda com Axie Infinity, sendo que uma delas conseguiu complementar a renda para pagar o aluguel e até uma parcela da faculdade, provando que o modelo jogue para ganhar, realmente muda a vida das pessoas que jogam games NFT.  Uma delas gostou tanto que está estudando programação.

“A gente começou com Axie Infinity, criamos um grupo de WhatsApp e começou a crescer. Foi quando percebemos que não era só repassar o dinheiro, precisávamos educar. Então começamos a desenvolver workshops e palestras com pessoas da rede da Play4Change, tivemos aulas de educação financeira, planejamento, blockchain, conceitos básicos e de repente virou o ano, chegou 2022 e fomos parar na Ethereum Rio, que para nós foi um divisor de águas, porque foi aonde tivemos a primeira oportunidade de falar ao mercado cripto o que estamos fazendo”, conta a CEO da Educar+.  

Não demorou para Carol perceber que a Web 3 seria a porta de entrada para os jovens e crianças do Educar + e o melhor, com um caminho prá-la de promissor.

Depois da participação na Ethereum Rio, a ONG não parou mais de se envolver em eventos do ecossistema cripto que conquistou o coração de todos, até dos pequenos que já tem as primeiras noções na sala de aula do que são criptoativos.

Alunos votam escolher layout da critpomoeda da turma

Metodologia Game Nós Juntos

É um programa de incentivo à leitura. São 4 níveis: autoconhecimento, cidadania, meio ambiente, futurismo. Com desafios semanais, as crianças entregam um projeto e são recompensadas com um token da Muda, que elas podem trocar por livros, passeios, fones de ouvido, gift cards, X-tudo, chocolates e coisas que precisam e gostam.

A Muda é outra parceira da Educar. A plataforma aberta que ajuda na criação de novas Organizações, por meio de moedas sociais em blockchain, diz que pela falta de acesso ao sistema financeiro por grande parte da população, hoje há mais de 1,7 bilhão de pessoas sem acesso a bancos e serviços financeiros básicos.

Alunos de cripto serão multiplicadores de conhecimento

A gestora do projeto explica que os alunos do primeiro grupo do Blockchain Academy irão se tornar mentores para multiplicar o conhecimento nas comunidades. O Be[In]Crypto chegou na Educar+ em um dia de aula sobre o que são os criptoativos e as duas turmas estavam bem afiadas e curiosas sobre as novas possibilidades da web3, que se tornou o novo projeto da ONG.

Carol Santos e aluna Anabella Marina Nogueira dos Santos de 10 anos

Alunos da comunidade Final Feliz participam da NFT.Rio

Em julho, os alunos da professora Carol puderam ver de perto seus desenhos sendo transformados em NFT. Também com apoio da Play4Change e Mercado Bitcoin. Ela nos contou que foi a primeira coleção de NFT feita por crianças que se viram protagonistas da própria história em um palco e aplaudidas de pé.

“O NFT Rio recebeu muito bem nossas crianças, a ação trouxe empoderamento para elas e as pessoas queriam tirar fotos com o grupo.”

A coleção NFTs de Impacto está disponível na plataforma do Mercado Bitcoin e quando um token é vendido, 30% da receita vai para família da criança e os outros 50% voltam para ONG que vai comprar computadores, muito necessários para as aulas de programação.

“Com a participação nesses eventos, surgiu o interesse por programação. Aí criamos um grupo para aprender programação de maneira autônoma. Mesmo sem curso, conseguimos um voluntário da Rocinha, Fernando Wogran que dá aulas online para as meninas. Grande parte são mulheres”, conta Carol Santos.

As oportunidades começaram a surgir, e quatro dos vinte jovens deste grupo, já estão apreendendo programação. A Educar + promove encontros quinzenais para discutir web3, através da Play4Change responsável por fazer a ponte da parceria educacional com a Blockchain Academy, do Mercado Bitcoin.

Educar+ e Blockchain Rio se unem para expandir conhecimento web3

A Educar + quer expandir a experiência com outras comunidades e conseguiu uma parceria com a Blockchain Rio – maior evento do setor da América Latina , que acontece na semana que vem no Rio de Janeiro.

“O Francisco, CEO do Blockchain Rio é maravilhoso, me deu acesso para levar todos os jovens que pudermos levar. Hoje estamos com 50 inscritos, mas queremos levar muito mais, não só do Complexo do Chapadão, temos jovens do Morro da Providência, Morro dos Prazeres, Nova Iguaçu, Caxias, Japeri, ou seja, são jovens de várias partes da cidade que poderão ter o primeiro contato com a web 3 e todo o universo cripto.”

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Aline Fernandes
Aline Fernandes atua há 20 anos como jornalista. Especializada nas editorias de economia, agronegócio e internacional trabalha na BeINCrypto como editora do site brasileiro. Já passou por diversas redações e emissoras do país, incluindo canais setorizados como Globo News, Bloomberg News, Canal Rural, Canal do Boi, SBT, Record e Rádio Estadão/ESPM. Atuou também como correspondente internacional em Nova York e foi setorista de economia dentro do pregão da BM&F Bovespa, hoje B3...
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