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Mundo continua a implementar CBDCs e Brasil prevê testes do Real Digital para 2023

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Atualizado por Júlia V. Kurtz

EM RESUMO

  • Países continuam a pesquisar CBDCs.
  • Brasil deve testar Real Digital a partir de 2023.
  • Pesquisas indicam maior interesse em pagamentos digitais.
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Autoridades do mundo trabalham para explorar e implementar novas tecnologias digitais de pagamentos seguros. As moedas digitais de bancos centrais (CBDCs) são um dos temas mais debatidos por reguladores em todo mundo.

Mais de 90% dos bancos centrais do globo estão envolvidos atualmente em algum projeto da moeda digital fiduciária.

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Os desafios para equilibrar as necessidades, preservar a hierarquia de política monetária das instituições, aumentar o uso e adoção das CBDCs por consumidores e varejistas, parecem estar no topo da lista das prioridades dos BCs no mundo.

Há também questões que envolvem as preocupações de agências reguladoras sobre a integração com criptomoedas descentralizadas, como o Bitcoin.

CBDCs avançam no mundo

O Sand Dólar do Banco Central das Bahamas e a JAM-DEX da Jamaica foram as duas únicas CBDCs lançadas em 2022.

No início de dezembro, o Banco Central da Índia lançou com sucesso o piloto da Rúpia Digital. Já o banco da Coreia do Sul (BoK) compartilhou os resultados da segunda fase, quando testou blockchains baseados em Ethereum em escalabilidade e privacidade.

Embora estivesse satisfeito com alguns aspectos de suas simulações de ganhos digitais, como o uso de CBDC para pagamentos off-line e remessas internacionais, o BoK destacou problemas de desempenho com o blockchain.

Na mesma época, o Banco de Compensações Internacionais (BIS) compartilhou resultados do projeto piloto conjunto de seis semanas, com 20 bancos comerciais diferentes que realizaram mais de 160 pagamentos no valor de cerca de US$ 22 milhões.

As novidades também incluem os planos do BC turco de lançar o piloto da própria moeda, a Lira digital, ainda em 2023. Esta semana, o BC cazaque disse começa já no mês que vem a implementação do Tenge Digital e até 2025 deve concluir o projeto.

Os dados do CBDC Tracker, plataforma que rastreia o movimento global das CBDCs, mostram que, em 2022, seis países implementaram os testes incluindo Cingapura, França, China e Nigéria. Mais de cem nações já pesquisaram, lançaram ou começaram a desenvolver as próprias moedas digitais fiduciárias.

Nos Estados Unidos, o Federal Reserve e a Iniciativa de Moeda Digital do Instituto de Tecnologia de Massachusetts anunciaram, em 2021, o Projeto Hamilton, uma exploração conjunta do uso de tecnologias novas e existentes para construir e testar uma plataforma de moeda digital.

A maior economia do planeta tem tratado o tema com cautela. Em março, o presidente Joe Biden assinou a ordem executiva para que agências reguladoras e instituições federais explorem os riscos dos criptoativos, inclusive considerou criar o dólar digital. E, na primeira quinzena de dezembro, dois senadores americanos apresentaram um projeto de lei que exige dados de carteiras descentralizadas.

Real Digital está em estágio de execução de projetos

O Brasil está na lista dos países listados pelo CBDC Tracker que estão em estágio avançado de pesquisa e publicaram uma prova de conceito da própria moeda digital.

O presidente do Bacen, Roberto Campos Neto, criou uma agenda de inovação para o banco e a previsão é que o Real Digital comece seus testes pilotos no varejo em 2024.

De acordo com Roberto Campos Neto,

“ Nos últimos 3 anos, vivenciamos uma mudança muito grande de vários paradigmas da economia global.  Essa mudança já vinha ocorrendo há anos de forma moderada e silenciosa e a a pandemia acelerou o processo”.

O presidente do Bacen explica que tem “uma agenda completa de digitalização da intermediação financeira, que tem entre os objetivos maior inclusão; menor custo de intermediação; mais competição, com redução de barreiras à entrada; eficiência no controle de riscos; monetização de dados; e a Tokenização completa de ativos financeiros e contratos.

O BC brasileiro também quer internacionalizar a moeda, permitir um sistema de pagamentos transfronteiriços mais eficiente, ampliar o uso pela população de um” Sistema barato, rápido, seguro, transparente e inclusivo o Programável.”

Com o Real Digital, o Banco Central fará a ponte para o ambiente DeFi, ligando o sistema bancário ao mundo digital, introduzindo o conceito de tokenização, reduzindo a moeda física e aumentando a eficiência bancária e implementar a interação de tokens com carteira digital. A CBDC brasileira também terá integração com o PIX.

Entre os desafios citados pelo BC estão a escalabilidade, taxas de liquidação, limitações de plataformas Blockchain, interoperabilidade e falta de maturidade sobre as novas tecnologias.

Já as oportunidades listadas pelo Bacen incluem a redução dos custos de transação e fricções para projetar, distribuir, negociar e liquidar acordos financeiros, auditabilidade, rastreabilidade e transparência, inclusão financeira ferramentas automáticas ao alcance de todos, com transparência e execução não discriminatória.

Empresas como Itaú Unibanco, Santander Brasil, B3, blockchain R3, Microsoft, Visa do Brasil, ConsenSys e Aave estão entre os parceiros selecionados que estão desenvolvendo parte das soluções para implementar o Real Digital.

“Em 2023, o BC continuará engajado nas ações que vão ajudar a transformar o mercado, melhorar o ambiente de negócios no país e a criar o sistema financeiro do futuro”.

Banco central Europeu publica manifesto com foco em usuário

No início de dezembro, o Banco Central Europeu publicou um artigo sobre adoção de CBDCs com foco nos clientes, que são segundo a instituição, muito importantes para o sucesso para implementar a moeda digital europeia.

Segundo uma publicação do diretor da Digital Euro Association (DEA), Jonas Gross, os principais destaques do documento são que “provavelmente as CBDCs de varejo enfrentarão desafios para entrar no mercado e serem adotadas por consumidores e comerciantes”.

Gross e seus pares chamam a atenção para iniciativas fracassadas no Equador e Finlândia, sinalizando que o BCE está interessado na ampla adoção global do Euro Digital.

A publicação do BCE diz “parece estar crescendo um consenso entre os bancos centrais em algumas regiões de que o foco deve estar nas necessidades dos usuários e que um certo nível de adoção precisa ser alcançado”.

Ainda de acordo com a instituição, “Os principais atributos dos instrumentos de pagamento a serem usados ​​pelos usuários finais são os custos, benefícios e recompensas, facilidade de uso, discurso de transação, privacidade e segurança”.

“À medida que a privacidade de dados e a conscientização sobre segurança crescem, está se tornando cada vez mais importante para os participantes do setor incutir confiança nos pagamentos”

Outra pesquisa mostra que 30% dos consumidores bancários afirmam que o uso de dados de pagamento é “uma invasão de privacidade que deveria ser proibida”, destaca Gross.

O documento do BCE conclui que “garantir o nível desejado de adoção de CBDCs de varejo pode impor restrições significativas às escolhas de design do banco central e aos objetivos de polític. De fato, em alguns cenários, os bancos centrais podem se encontrar diante de um dilema ao buscar equilibrar as necessidades para preservar a hierarquia de objetivos de política do banco central aumentar as chances de adoção e uso de CBDCs de varejo por consumidores e varejistas e evitar quaisquer efeitos econômicos adversos”.

Um cenário provável em um futuro mais distante é que as stablecoins terão um impacto significativo no mercado global de pagamentos de varejo, concluí Gross.

Finlândia desenvolveu 1ª CBDC em 1993

Dinamarca, Equador, Filipinas  e Haiti estão entre as nações que cancelaram seus projetos de CDBCs.

A Finlândia desenvolveu, em 1993, o Projeto Avant, que chama atenção pela ambição de estabelecer um único sistema nacional de carteira eletrônica – os bancos comerciais trariam suas bases de clientes e suas redes de caixas eletrônicos. O Banco da Finlândia esperava que a Avant assumisse o lugar das moedas para pequenas compras.

O sistema de cartão inteligente Avant criado pelo Banco da Finlândia na década de 1990 pode ser considerado o primeiro CBDC do mundo e o único até agora que entrou em produção de acordo com o site do que monitora o assunto.

Um relatório divulgado pela Visa sobre preferências de pagamentos digitais mostra que 6 em cada 10 pessoas da geração Z preferem dispositivos móveis para compras digitais , além de serem céticos em relação às instituições financeiras tradicionais, preferindo ferramentas digitais e móveis.

O levantamento aponta que os jovens estão interessados ​​em investir em criptomoedas e NFTs e cerca de 59% acreditam que podem ficar ricos investindo em criptoativos”. O relatório ainda revela que, entre os investidores, 1 em cada 4 investe em cripto e 1 em 10 em NFTs.

Tem ainda a parcela dos desbancarizados. De acordo com dados recentes da Global Index, 1,7 bilhões de pessoas no planeta não tem uma conta em instituições bancárias tradicionais.

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Aline Fernandes
Apaixonada pelo que faz, Aline Fernandes é uma profissional que atua há 20 anos como jornalista. Especializada nas editorias de economia, agronegócio e internacional trabalha na BeINCrypto como editora do site brasileiro. Já passou por quase todas as redações e emissoras do país, incluindo canais setorizados como Globo News, Bloomberg News, Canal Rural, Canal do Boi, SBT, Record e Rádio Estadão/ESPM. Atuou também como correspondente internacional em Nova York e foi setorista de economia...
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