Os países que formam o G20 decidiram pausar as chamadas moedas digitais de Bancos Centrais (CBDC). A decisão está em comunicado oficial divulgado no último domingo (22) pelas 20 maiores economias do mundo.
O posicionamento vem após o encontro de 2020, realizado no último fim de semana em Riade, capital da Arábia Saudita. No comunicado, o grupo destaca que novos problemas globais requerem novas soluções financeiras.
A pandemia reafirmou a necessidade de aprimorar os arranjos globais de pagamento transfronteiriço para facilitar transações de pagamento mais baratas, rápidas, inclusivas e transparentes, inclusive para remessas.
No entanto, o texto menciona que as “moedas estáveis globais” só deverão entrar em operação quando houver regulamentação. A ideia é que a legislação sobre o tema também tenham que estar estabelecidas.
Nenhuma das chamadas “moedas estáveis globais” deve começar a operar até que todos os requisitos legais, regulamentares e de supervisão relevantes sejam adequadamente tratados por meio de um projeto apropriado, e estejam aderindo aos padrões aplicáveis.
O posicionamento não é exatamente novo. A presidente do Banco Central Europeu, Christine Lagarde, há havia dito que os CBDCs deverão demorar para sair do papel.
G20 deve aguardar novos estudos do FMI para liberar moedas digitais globais
O tema das moedas digitais no G20 foi mediado por relatórios sobre o tema preparados pelo Conselho de Estabilidade Financeira (FSB). Além disso, fizeram parte ações a Força-Tarefa de Ação Financeira (FATF) e o Fundo Monetário Internacional (FMI).
O comunicado traz um elogio ao trabalho realizado pelas entidades. No entanto, reforça que ainda é preciso medir o impacto que as moedas digitais trariam para o mundo. A preocupação, dessa maneira, é com o cenário macroeconômico.
Esperamos que os órgãos padronizadores se envolvam na revisão dos modelos existentes à luz desses relatórios e façam os ajustes necessários. Aguardamos com expectativa o trabalho futuro do FMI sobre as implicações macrofinanceiras das moedas digitais e as chamadas “moedas estáveis globais”.
A decisão vem apesar do apoio declarado do primeiro-ministro chinês, Xi Jinping, às stablecoins nacionais. Ele havia defendido que o G20 deveria adotar uma “atitude aberta e acolhedora” em relação às moedas digitais.
A China, vale lembrar, está em estágio avançado de testes de sua versão de CBDC. O yuan digital já chegou até mesmo a ser distribuído entre cidadãos de algumas cidades. O lançamento oficial da moeda, ao que tudo indica, é iminente.
Real digital é questão de tempo, sugerem autoridades
Enquanto o G20 pausa o lançamento de stablecoins nacionais, o Brasil trata a questão como transitória. Em setembro, o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, disse que o futuro do real é ser digital. Já em novembro, o ministro da Economia, Paulo Guedes, reforçou que o CBDC brasileiro está a caminho.
Para especialistas, a chegada do Pix vai acelerar a digitalização e deve criar as bases para a eventual criação do real digital. Dessa maneira, assim que for acordado entre os principais líderes mundiais, o Brasil já poderá estar preparado.
Isenção de responsabilidade
Todas as informações contidas em nosso site são publicadas de boa fé e apenas para fins de informação geral. Qualquer ação que o leitor tome com base nas informações contidas em nosso site é por sua própria conta e risco.