Segundo empresa de análise, a queda brusca no faturamento indica fracasso de pirâmides financeiras após boom de golpes em 2019.
Pirâmides financeiras e outras fraudes relacionadas a criptomoedas viram o faturamento despencar em 2020. Segundo um novo relatório da empresa de análise CipherTrace, divulgado nesta segunda-feira (1), o insucesso desse tipo de golpe foi o principal culpado pela queda de 57,7% no volume em dólares movimentado por criminosos no ano passado.
A redução vem após um crescimento substancial no faturamento de criminosos em 2019. Naquele ano, a CipherTrace aponta ter havido US$ 4,5 bilhões provenientes de fraudes, hacks e roubos ligados a criptomoedas. Um dos destaques foi, por exemplo, a PlusToken, um dos maiores golpes de cripto da história, que movimentou US$ 2,9 bilhões.
Já em 2020, uma das maiores pirâmides de criptomoedas foi a WoToken. Seguindo os passos da PlusToken, a fraude teria desviado US$ 1,1 bilhão de vítimas. Segundo a CipherTrace, no entanto, o volume total em dólares provenientes de práticas criminosas não foi muito maior. Dessa maneira, incluindo hacks e roubos, o montante alcançou totais US$ 1,9 bilhão no ano passado.
CipherTrace destaca pirâmides brasileiras ligadas a criptomoedas
A CipherTrace também destacou dois golpes famosos ligados a criptomoedas no Brasil. Um deles é a AirbitClub, empresa acusada de faturar milhões de dólares às custas de investidores.
O esquema seria o mesmo usado por Unick, Atlas Quantum, Genbit e Midas Trend: uma plataforma que garante retornos estáveis em cripto, mas que nunca de fato investe o dinheiro arrecadado. A Justiça americana estima que o grupo tenha lavado pelo menos US$ 20 milhões na compra de imóveis e outros bens.
Apesar de ter ruído em 2016, a pirâmide seguiu com sinais de vida até meados de 2020. No entanto, em novembro do ano passado, um dos fundadores, o brasileiro Gutermberg Santos, foi enfim preso no Panamá. Em seguida, foi extraditado para os Estados Unidos, onde tem cidadania.
Além disso, o relatório de inteligência mencionou a InDeal, cujo fundador, Marcos Antonio Fagundes, foi alvo de processo nos EUA. A empresa teria movimentado pelo menos R$ 1 bilhão em contratos fraudulentos de investimento em criptomoedas com alta promessa de rendimento.
A prisão de Fagundes foi o resultado da Operação Egypto, deflagrada no Rio Grande do Sul em 2019. Mais de um ano depois, as autoridades brasileiras conseguiram reaver US$ 24 milhões em cripto para restituir vítimas.
DeFi é o novo exit scam do mundo das criptomoedas
Apesar da queda de golpes de cripto, os especialistas da CipherTrace apontam preocupação com outros perigos relacionados ao setor. Um deles é o aumento de ransomwares em 2020. Além disso, a empresa aponta que as finanças descentralizadas (DeFi) são o novo exit scam (golpe de saída) do mundo cripto.
Em 2020, metade dos casos de roubo de criptomoedas ocorreu em algum projeto DeFi. Foram US$ 129 milhões em hacks em 18 protocolos como, por exemplo, Cover, Harvest Finance e Pickle Finance. Já os exit scams mais notáveis ficaram por conta de nove fraudes, entre elas Compounder.Finance e Emerald Mine.
Para a CipherTrace, é provável que essa tendência continue em 2021. Para combater a ameaça, a empresa aponta a necessidade de melhorar a auditoria de contratos inteligentes, incrementar a educação de investidores e regulamentar o segmento.
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