Um relatório da Chainalysis revela que o Brasil movientou cerca de R$ 791 bilhões em criptomoedas entre 2021 e 2022, também destaca que o país é o sétimo maior mercado do setor.
A pesquisa analisou os dados on-chain da América Latina no intervalo de julho de 2021 a junho de 2022, e apontou que foram movimentados quase R$ 3 trilhões (US$ 562 bilhões). Representando um crescimento de 40% em relação ao total do ano passado.
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O crescimento posiciona o continente como o sétimo maior mercado global com cinco países dentre os trinta principais no índice de criptomoedas do ano sendo: Brasil (7), Argentina (13), Colômbia (15), Equador (18) e México (28).
Os dados apontam ainda que os principais fatores que impulsionam a adoção no continente foram o uso de criptomoedas como reserva de valor e para obter lucro.
Stablecoins para remediar a inflação
A instabilidade econômica que afeta os países do continente a anos, resulta em elevados níveis de inflação. A taxa de inflação combinada das cinco maiores economias da América Latina (Brasil, Chile, Colômbia, México e Peru) superou 8%, igualando o nível de 15 anos atrás conforme dados apresentados em abril pelo FMI.
Países fora desse grupo enfrentam taxas ainda maiores de inflação e acaba estimulando os investidores a optarem por stablecoins, USDT, USDC e USDD, para se protegerem da flutuação cambial. Na Argentina, com inflação acumulada de 66% no ano, 31% das das transações inferiores a US$ 1 mil foram feitas com stablecoins, contra 26% no Brasil e 18% no México.
Uma pesquisa apresentada pela Mastercard neste ano mostra que mais de um terço dos consumidores latino-americanos já usam stablecoins para fazer compras diárias, corroborando os dados apresentados pela Chainalysis.
A crônica instabilidade da economia argentina e o crescente uso de stablecoins transformaram o país em uma das comunidades de blockchain mais ativas do continente. A crise dos últimos anos alavancou o número de pessoas trabalhando com cripto e recebendo em criptomoedas, gerando um grande debate público sobre a legalização de salários em Bitcoin, a utilização de blockchain na administração pública e em comunidades agrárias e a oferta de criptomoedas por bancos tradicionais do país.
A maior conferência de bitcoin da América Latina, LABITCONF, é realizada no país todos os anos e atrai milhares de participantes e palestrantes. Já participaram do evento Vitalik Buterin, fundador da Ethereum, e Elizabeth Stark, CEO e cofundador da Bitcoin Lightning Network.
Lucrando com DeFi
Apesar do alto risco envolvido, o levantamento da Chainalysis destacou um grau elevado de adoção DeFi no Brasil. Um grande número de usuários de criptomoedas está se envolvendo com protocolos sem permissão para emprestar, negociar e travar tokens em busca de yields rentáveis oferecidos pelos protocolos.
O país perde apenas para o Chile na implementação ao redor da região, com mais de um terço das transações sendo realizadas a partir de serviços DeFi.
“O Brasil é um mercado crescente de criptomoedas e, mesmo com o inverno que o setor observou neste ano, o número de usuários continua a crescer. Com a chegada de grandes players no mercado, os criptoativos devem se popularizar ainda mais”, diz a diretora de pesquisa da Chainalysis, Kim Grauer.
Em resumo, o levantamento da Chainalysis revela três fatores responsáveis pela adoção cripto na América Latina: reserva de valor, envio de remessas e investimentos especulativos.
“À medida que as criptomoedas evoluem e as necessidades dos usuários latino-americanos mudam, será interessante ver quais casos de uso surgem para atender às suas necessidades”, finaliza Grauer.
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