O BoE, Banco da Inglaterra elevou nesta quinta-feira (23/03) a taxa de juros em 0,25% para 4,25%. A maior do Reino Unido desde 2008. Os motivos, de acordo com a instituição que existe de 1694, é evitar uma recessão em meio à turbulência no setor bancário global e minimizar os riscos da inflação.
Um novo aumento do banco inglês também não foi descartado, caso as condições econômicas não melhorem. De acordo com a ata da reunião desta quinta-feira,
“Se houvesse evidências de pressões mais persistentes, seria necessário um maior aperto na política monetária”. Em outro trecho, diz: “o comitê continuará a agir conforme necessário para garantir que a inflação do IPC retorne à meta de 2%.”
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O colapso do Credit Suisse e Silicon Valley Bank nas últimas semanas também influencia drasticamente as ações das autoridades monetárias, no entanto, o Comitê de Política Financeira do BoE, disse que o sistema bancário do Reino Unido continua bem capitalizado e “resiliente” para absorver choques.
“A alta de março do Banco da Inglaterra parece ser a última deste ciclo. Esperamos que uma longa pausa comece em maio. O risco, em nossa opinião, continua sendo a pressão de preços no mercado interno.”, disseram Dan Hanson e Jamie Rush, da Bloomberg Economics.
BoE segue FED e BCE
O anúncio do Banco da Inglaterra acontece um dia após o Federal Reserve dos EUA elevar a taxa de juros da maior economia do planeta em 0,25%, num intervalo de 4,75% a 5%.
O comitê de mercado aberto do banco central americano sinalizou que percebeu “alguma melhora” na economia, mas o chairman Jerome Powell foi enfático, como nas últimas vezes e disse na coletiva de imprensa:
“Se precisarmos subir mais as taxas, subiremos”.
A ata também diz que “O sistema bancário dos EUA é sólido e resiliente. Acontecimentos recentes devem resultar em condições de crédito mais restritivas para famílias, empresas e pesar na atividade econômica, nas contratações e na inflação. A extensão desses efeitos é incerta. O Comitê permanece altamente atento aos riscos de inflação.
Para o Head Global de Novos Negócios da Ripio, Henrique Teixeira,
“O anúncio feito pelo Fed representa a maior faixa dos juros norte-americanos desde os acontecimentos que antecederam a crise financeira global de 2008.
Foi também a primeira decisão de política monetária da instituição desde o início da crise bancária que afetou o mercado nas últimas semanas, cujo foco era adotar uma postura que fosse restritiva suficiente para retornar o percentual de inflação para 2%.
A iniciativa, no entanto, acabou impulsionando um sentimento forte no mercado de criptomoedas, e manteve o preço do Bitcoin acima do nível de US$28.000, apesar da volatilidade. Isso ocorre porque os investidores veem a criptomoeda como um instrumento de cobertura global não correlacionado, semelhante ao ouro”, ressalta o head da Ripio
Contudo, é importante estar atento, porque as diferenças de investidores baleias (carteiras que possuem de 10 a 10 mil BTC) versus investidores de varejo em exchanges (que estão impulsionando os preços) pode acabar causando uma retração de curto prazo nos preços do BTC. Isto porque os investidores de varejo têm histórico ruim de entradas e saídas do mercado. Por isso é importantíssima a presença dos investidores baleias nesta seara de modo que prossiga o aumento da confiança no atual rali da criptomoeda”, concluí Teixeira.
No final da semana passada, o Banco Central Europeu (BCE) elevou a taxa básica de juros em 0,50 pp, para 3%. O argumento também foi a inflação e os recentes crashs no setor bancário privado.
Banco Central do Brasil mantém Selic em 13,75%
No Brasil, o Comitê de Política Monetária do BC optou pela manutenção da taxa básica de juros em 13,75%. Decisão sinalizada na reunião de fevereiro e que não agradou o novo governo. Os ministérios da Fazenda e Planejamento pressionam pela redução dos juros.
Para o economista e CFO da Somus Capital Luciano Feres, a decisão se refere a uma demonstração de responsabilidade fiscal do Banco Central: “O BC não foi influenciado pelos interesses do governo em baixar a taxa a qualquer preço, além disso a decisão demonstra um conhecimento com os mercados globais, já que os principais mercados estão em alta, por causa da inflação”, diz.
Feres ainda explica que ” o Brasil, por ser um país emergente, conta com alto risco, e por isso mantém uma taxa condizente com a realidade para atrair investidores internacionais. Além disso, o cenário de juros e a inflação continuam elevados, então a decisão do Banco Central foi correta e demonstra uma independência apesar das críticas do Governo Federal.”
A ABBC — Associação Brasileira de Bancos acredita que a deterioração do ambiente externo e o quadro de arrefecimento da atividade econômica ainda não produziu impacto relevante no balanço de riscos da inflação que justificasse uma alteração nas diretrizes da política monetária.
Segundo o superintendente da Assessoria Econômica da ABBC, Everton Gonçalves, o Copom reiterou a sua mensagem de preocupação com a “desancoragem” das expectativas de inflação para os prazos mais longos, o que necessariamente implicaria na elevação nos custos para a convergência às metas. Porém, como novidade, sublinhou um eventual desdobramento das ameaças à estabilidade financeira internacional em uma desaceleração mais rápida da atividade econômica global.
O aumento de juros nos Estados Unidos, Brasil e Inglaterra pode ter diferentes implicações para cada país.
Nos Estados Unidos, o aumento de juros pode ser uma forma de controlar a inflação e manter a economia estável. O que pode ajudar a reduzir o endividamento, aumentar a poupança e diminuir os gastos. No entanto, uma alta muito brusca pode causar uma desaceleração na economia e reduzir o investimento.
Por aqui a situação é diferente, já que a elevação da Selic ajudaria a atrair investimentos estrangeiros – já que o Brasil tem a maior taxa real de juros do mundo (percentual dos juros menos a inflação) – e uma Selic alta poderia ajudar a controlar a inflação. Mas por outro lado há o risco de desacelerar o crescimento econômico e aumentar o endividamento do país.
Já no caso dos ingleses, a elevação de juros pode ajudar a controlar a inflação e fortalecer a libra esterlina. O que pode ser positivo para investidores e importadores, mas pode afetar negativamente as exportações. Além disso, um aumento de juros pode aumentar o endividamento das empresas e consumidores, afetando negativamente o crescimento econômico.
Apesar dos diferentes motivoso, as altas taxas de juros nas principais economias do globo só significa uma coisa: que os Bancos Centrais estão bem preocupados com a inflação global, seus mercados internos e os recentes colapsos de instituições consolidadas como Credit Suisse.
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