A CPI das Pirâmides Financeiras sabatinou nesta quarta-feira os fundadores de empresa de assessoria de investimentos MSK Operações e Investimentos, Glaidson Tadeu Rosa e Carlos Eduardo de Lucas. A empresa tem mais de dois mil processos judiciais.
Glaidson disse logo na abertura que também é uma vítima e todos os clientes da MSK Operações e Investimentos tinham ciência – em contrato – que os investimentos eram de alto risco. A rentabilidade prometida era de até 5%.
Em janeiro de 2022, o fundador da MSK fez um acordo com as vítimas e não cumpriu. Em abril do mesmo ano, pediu recuperação judicial. Hoje na CPI, acusou Saulo Gonçalves Roque, um ex-trader da empresa, de apropriação indébita de fundos. Roque estaria desaparecido desde janeiro do ano passado.
Estou aqui pedindo ajuda para rastrear essas carteiras e ressarcir os 3.500 clientes, disse Glaidson.
O deputado Caio Vianna disse durante a audiência que Roque será convocado.
Ao ser questionado como conseguia novos clientes, Glaidson informou que todos eram recomendações de cliente para cliente. Segundo o executivo, o investimento era ótimo e um recomendava aos outros.
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Seu sócio o contradisse em seu depoimento. Carlos Eduardo de Lucas disse haver um time de agentes trabalhando – de forma terceirizada – em busca de novos clientes.
Conforme o depoimento de Glaidson, a MSK captou 3.500 clientes até o final de 2021. A empresa estaria devendo pouco mais de R$ 500 milhões.
Ele negou que ouve crime de lavagem de dinheiro e pirâmide financeira. E afirmou que dará acesso total a justiça de todas as carteiras e o que for necessário.
Questionado por Viana sobre o porquê deu o acesso à chave das cold wallets a Saulo Gonçalves Roque, Tadeu Rosa disse que confiou no ex-trader e assumiu responsabilidades.
Após o valor entrar na empresa, passava por ele (Saulo Roque) e pelo Fernando Fernandes Gomes (ex-trader da MSK) para saber em qual corretora seria direcionada. Os valores eram direcionados para plataformas de criptomoedas
Já Carlos Eduardo de Lucas informou que chegou a pesquisar a vida de Roque, mas à época não havia nada que o desabonasse.
Glaidson confirmou que nenhum investidor era avisado da valorização ou desvalorização dos ativos, porque todos tinham acesso à internet.
Ele não soube responder qual é o atual patrimônio da MSK, e esclareceu que tem cerca de R$ 380 a R$ 400 milhões bloqueados em algumas carteiras. Eduardo de Lucas não soube responder se esse valor está em Bitcoin.
Já pedimos o bloqueio em alguns processos sigilosos para ressarcir todos, disse Glaidson
O fundador da MSK informou atualmente ter de patrimônio pessoal a casa que vive e cerca de R$ 100 mil bloqueados pela justiça. Glaidson não tem certeza do valor exato que possuí na conta bancária pessoal.
O executivo ainda respondeu ao Presidente da CPI, Aureo Ribeiro, que não sabia quem era seu maior cliente e nunca teve nenhum contato com outros convocados como Sheik dos Bitcoins, Faraó dos Bitcoins (o outro Glaidson), Gas consultoria, entre outros.
Tadeu Rosa esclareceu que sua tratativa comercial era transparente e a MSK tinha acesso a exchanges como a Binance para negociações de criptomoedas.
Ao final do seu depoimento, agradeceu a todos pela “oportunidade de falar empresa que era um grande sonho e estou à disposição de todos.”
“Essa assessoria de investimentos oferecia um retorno fixo de cerca de 5% ao mês, mas deixou de devolver o dinheiro”, afirmou o deputado Luciano Vieira (PL-RJ).
Em 2022, a empresa foi indiciada pela Polícia Civil de São Paulo pela prática de vários crimes, como pirâmide financeira e publicidade falsa.
“Não se sabe exatamente o tamanho da fraude”, afirma o deputado. “No indiciamento enviado para o Ministério Público no começo do ano, constam dois valores muito diferentes para estimar quanto dinheiro tinham os proprietários da empresa, indo de US$ 1 milhão a US$ 1 bilhão.”
O deputado Júnior Mano (PL-CE) afirma que as evidências apontam para a participação direta de Carlos Eduardo de Lucas e Glaidson Tadeu Rosa na execução e coordenação das atividades ilícitas da empresa.
Instalada em junho, a CPI tem 4 meses para concluir os trabalhos, mas pode prorrogar por mais dois meses. Segundo a Comissão de Valores Mobiliários (CVM), ao todo, 11 empresas teriam realizado fraudes utilizando moeda digital. Incluindo a divulgação de informações falsas e promessa de rentabilidade alta, ou até garantida, para atrair as vítimas e sustentar o esquema de pirâmide.
STF isenta Tatá Werneck e Cauã Reymond de depôr CPI das Pirâmides cripto
Frustrado com o habeas corpus concedidos pelo STF aos atores Tatá Werneck e Cauã Reymond, o presidente da CPI, disse que a comissão não medirá esforços para identificar e punir os responsáveis pelas fraudes.
Isso porque os artistas foram convocados para dar explicações na CPI após participaram de peças publicitárias da Atlas Quantum. A empresa, que usava Bitcoins em operações financeiras, lesou clientes em R$ 2 bilhões.
“As pirâmides se utilizam de pessoas famosas para conferir credibilidade as mentiras que propagam. As pessoas acessam esse conteúdo e acreditam que se trata de algo sério e realmente rentável, pois acompanham a vida desses artistas – e nada parece dar errado. A importância do depoimento que participaram dessas pirâmides é saber quem estava por trás das empresas e tentar recuperar os ativos”, disse Áureo Ribeiro.
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