A Globo – uma das maiores emissoras de TV do mundo, marcou presença no painel “Rumo ao Futuro: Como a Globo Usa IA Generativa e outras Inovações para Transformar a Indústria de Mídia”, durante a 3ª edição do Rio Innovation Week.
Foram discutidos temas como a inovação em conteúdo, o uso de IA em produtos e serviços e o futuro do consumo audiovisual. O debate trouxe ainda a perspectiva do impacto da tecnologia no conteúdo, na personalização de experiências e na publicidade para TV.
Criatividade potencializada pela IA
Com foco no uso da IA na produção de conteúdo, Manoela Zozimo, Coordenadora de Dramaturgia Globo, mostrou como a tecnologia pode ser aplicada para agilizar processos e auxiliar os times de desenvolvimento criativo.
Foram apresentados casos de uso da Inteligência Artificial pela área de pós-produção da Globo, como colorização automática, redimensionamento de vídeos em Full HD para 8K, tratamento de som, inserção de product placement, entre outras ações que já são feitas com base em IA.
Um dos destaques demonstrados no painel foi o tratamento e recuperação de imagens antigas com uso de IA para a campanha da Copa de 2022, levando ao público a memória de momentos históricos da competição com alta qualidade.
“Uma marca registrada da Globo é essa busca por novas tecnologias, por inovação, entender o que está acontecendo no mercado. A utilização de Inteligência Artificial nos nossos conteúdos começou há três anos como uma experimentação, mais voltada para a análise de novas ferramentas e um olhar para eficiência. Hoje, com o nosso conhecimento adquirido somado ao talento dos nossos profissionais, usar IA no nosso processo criativo é a cereja do bolo”, disse Zozimo.
Outro assunto de destaque foi a utilização da tecnologia associada aos dados, o que permite não só aprofundar o conhecimento do consumidor, mas principalmente pensar em novas abordagens e formas de relacionamento, oferecendo ao usuário final e ao mercado publicitário novas oportunidades.
“Temos 80 milhões de pessoas assistindo nossos conteúdos todos os dias, 100 mil conteúdos diariamente, isso gera cerca de 12 milhões de eventos, transformados em dados, gerando mais de 2 petabytes armazenados nas nossas bases. Imagina processar esse volume de dados, construir a jornada completa do consumidor com todo esse conhecimento, e disponibilizar para todas as áreas da empresa para que elas possam tomar as decisões de forma segura? Isso é possível com a ajuda IA”, explicou a Head de Estratégia Corporativa, Estratégia e Governança de dados na Globo, Andressa Maddalena.
Processamento de dados e conteúdo jornalístico
Utilizada em todo o ecossistema Globo, passando pela TV aberta e canais pagos, Globoplay e por todo o portfólio digital, incluindo g1, ge e gshow, a IA também é aplicada para ganhar escala, cruzar dados de consumo e contexto, otimizando inclusive processos internos.
“A IA nos ajuda a classificar cada conteúdo produzido, fazendo um detalhamento do que se trata cada notícia, vídeo e imagem. Quando um consumidor procura informações sobre o esporte favorito dele, conseguimos deduzir o que ele gosta de consumir. Em um momento em que a atenção está cada vez mais disputada pelos vários players no mercado de conteúdo e mídias sociais, oferecer conteúdo relevante, no momento certo e no melhor formato para cada um, se torna essencial. Além disso, usamos a IA para resumir matérias e otimizar a entrega de chamadas nas homes dos nossos portais. Assim, podemos concentrar nossos esforços na criação do conteúdo e deixar as tarefas de otimização de resultados e distribuição de conteúdo para inteligência artificial”, exemplificou Andressa.
Com o auxílio da Inteligência Artificial, o modelo de negócio data driven da Globo também se destaca no mercado publicitário. Além do processo de conhecimento do consumidor, a tecnologia é usada para otimizar o inventário e permite a inserção de anúncios contextualizados em vídeos.
“Na prática, é usar uma publicidade que converse com o conteúdo do vídeo, de forma muito mais eficiente e mais barata – o que é ótimo para o anunciante, principalmente os pequenos e médios, que normalmente têm um orçamento limitado”, explicou Andressa.
“Um bom exemplo é o Globo DAI, Dynamic Ad Insertion em que – a partir do consumo do canal simulcast da TV Globo no Globoplay – duas pessoas assistindo ao mesmo conteúdo podem receber propagandas diferentes no break, alinhadas ao perfil de cada uma. Para essa solução juntamos a experiência que temos no linear com a segmentação e inteligência de dados do digital, buscando a melhor combinação de sucesso para os anunciantes. É um ganha-ganha entre marca e consumidor”, finalizou.
Outro exemplo de oferta de IA para o mercado publicitário na Globo é o ORA (Oportunidade Real de Agrupamento), um produto que utiliza recursos de reconhecimento de texto e imagem para mapear as oportunidades na TV aberta, nos 20 canais por assinatura e nas plataformas digitais proprietárias da Globo.
Com um alto poder de processamento de dados, o ORA analisa em minutos os conteúdos da Globo em conjunto com os filmes publicitários dos anunciantes, antecipando os principais temas que serão abordados nos programas de seus canais lineares e identificando oportunidades reais de contextualização para campanhas.
O futuro da Televisão
Os rumos do mercado de mídia e o futuro da televisão também estiveram em pauta, com a participação de Ana Eliza, Gerente Sênior do Regulatório na Área de Estratégia e Tecnologia da Globo, e Carolina Duca, Head do time de Telecom da Globo. Interligada com a evolução do modelo de negócios e com as ofertas cada vez mais inovadoras para o mercado publicitário, a conversa teve como foco a TV 3.0 e sua relação com Inteligência Artificial e disponibilidade de dados.
“Ao longo dos últimos 70 anos a TV evoluiu muito. Mas o foco dessa evolução foi muito pautado na qualidade do conteúdo exibido. O que está sendo proposto na indústria é algo diferente, é a evolução na forma como as pessoas veem televisão, como elas se relacionam com a TV e como podemos gerar novos negócios a partir disso”, comentou Carolina.
“A TV aberta como conhecemos hoje é uma mídia de massa, tem credibilidade e gera assunto, mas o que queremos no futuro é habilitar a TV a também se adaptar a você e não o contrário”, acrescentou.
De acordo com Ana Eliza, a IA terá um papel fundamental neste processo de geração de novos negócios, permitindo, por exemplo, que um usuário compre produtos direto da TV, à medida que será impactado por aquilo que é de seu interesse.
“A TV 3.0 é a nossa próxima fronteira para tornar todo o nosso ecossistema de mídia integrado e personalizado. A IA vai permitir que ela seja personalizada na escala de milhões, mantendo a qualidade e a segurança que são o DNA da Globo”, reforçou.
Encerrando a apresentação, Raymundo Barros, Diretor de Tecnologia e Estratégia da Globo, falou sobre o papel da Inteligência Artificial para o desenvolvimento do mercado de mídia.
“Para uma empresa de mídia como a Globo, IA é o início de uma disrupção de nossa cadeia de valor que passa por ganhos na otimização nos processos, onde a tecnologia vem avançando com tamanha velocidade nos possibilitando traçar variadas rotas dentro de nossos produtos. A IA estará no nosso processo criativo, mas orquestrada, é claro, pelas pessoas, nossos talentos, que se utilizarão dela para apoiar todo o processo”, ressaltou.
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