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Por que tanta gente acha que Web3 é ‘bobagem’?

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Atualizado por Thiago Barboza

Cunhado por Gavin Wood, co-fundador da Ethereum e criador da Polkadot e Kusama, o termo Web3 surge para dar nome a evolução das interações na internet. Entretanto, por ser uma tecnologia ainda em desenvolvimento, seu conceito se torna difuso para muitas pessoas, fazendo-as crer que a “Web3” é uma bobagem.

Portanto, para compreender melhor o novo conceito de web e eliminar alguma dúvida que você, leitor do BeInCrypto, ainda tenha, conversamos com especialistas e entusiastas da descentralização.

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A Web3 é “bobagem”?

Para o pesquisador e apresentador na Modular Crypto e embaixador da Nodle Network, “Uai so serious?”, a Web3 é a próxima forma de interação online. Portanto, não pode ser considerada uma bobagem.

“A Web3 não está clara para o público geral porque ele não sabe nem o que é Web2. A primeira barreira da Web3 é o próprio nome que deram a ela. O forte de Gavin Wood não é ser ‘user friendly’”, afirma o pesquisador.

Já para o criptólogo, tecnofilósofo e influencer digital cripto, Castaneda, a confusão é gerada pelo o termo ser utilizado de diversas maneiras, como “uma espécie de tendência dentro do universo cripto”.

“Certamente não é uma bobagem, mas a dificuldade em definir precisamente o que ele significa, está contribuindo para uma falta de clareza e para o discurso de que a ideia em si não possui importância”, opina Castaneda.

Portanto, a Web3 está longe de ser algo descartável dentro do avanço da Era Digital. No entanto, compreender essa evolução parece ser imperativo para a adoção ao público mais amplo. Mas qual é a confusão de conceitos causada pela Web3? 

Cada web em seu lugar

Quando se trata de explicar os conceitos de novas tecnologias é sempre uma tarefa árdua. O uso dessas ferramentas é sempre mais simples do que as teorias que as definem.  E isto é, justamente, o que encanta as pessoas.

Para adentrar nesses conceitos e desvendar os mistérios da Web3, é preciso antes olhar para trás. Na visão de “Uai so serious?”:

“Para explicar o que é Web3 ao público geral, não existe outra forma senão traçar uma linha do tempo da web. E, junto, nomear os períodos e características das interações digitais online de cada web (Web1/Web2/Web3). Acho que a dificuldade começa aí!”

No entanto, na visão de Castaneda essa recapitulação é importante, porém é sempre apresentada de forma insuficiente:

“Normalmente as pessoas narram o significado de Web3 recapitulando as Webs 1 e 2, principalmente sob um ponto de vista tecnológico. Na Web1 só haviam sites estáticos, e os usuários da internet ou eram leitores, ou eram programadores. Na Web2 temos o surgimento de sites dinâmicos, que permitem interações mais sofisticadas, dando início a inovações como o internet banking e as plataformas de mídias sociais.” diz ele.

Que complementa, “Já a Web3, seria o momento em que tecnologias de cripto e blockchain se mesclam a Web2, trazendo um maior grau de descentralização e maior captura de valor da economia digital para os usuários finais.”

Mas ele prefere fazer uma leitura diferente da web, agregando os efeitos sociais que essa tecnologia provocou devido a seu uso massivo. Deste modo ele traça uma timeline da web um pouco mais complexa:

Web1

“Na Web1 criamos uma ferramenta que permite a transmissão mais eficiente de informações em uma rede global. Sendo o principal representante dessa web a ferramenta do e-mail, que por si só modificou diversas estruturas corporativas. Agilizando a troca de informações simples, mas que ainda atendem aos interesses de cada usuário nos seus próprios ramos de atividade.”

Web2

“Na Web2 é que as empresas percebem que a própria internet é um negócio em si. Quando observamos a ascensão da “economia da atenção” e o surgimento dos grandes oligopólios tecnológicos, como Amazon, Meta e Google. A Web2 tem consequências enormes na ordem social, econômica e até mesmo política, como pudemos observar na interação entre as mídias sociais e as épocas de eleição tanto nos EUA, como no Brasil.”

Web3

“A Web3, nesse sentido, deseja alcançar uma internet que não seja regida de forma centralizada pelo domínio desses oligopólios. Devolvendo, assim,  para os usuários finais mais controle sobre suas vidas digitais e sua privacidade. Além de maior chance de capturar valor da economia digital, utilizando para isso, a infra-estrutura tecnológica de blockchain e criptoativos.”

É inegável que o uso disseminado da web impactou a forma de consumir informação e a interação entre as pessoas, alterando o convívio social. No entanto, essas mudanças ocorreram de formas sutis que muitos não as percebem. O que trás a questão: A transição da Web2 para Web3 será percebida, ou todos utilizarão a “nova web” sem saber?

Migração natural

Desde a ampla adoção da internet as pessoas têm uma extensão de sua personalidade no meio digital. Nossos dados são coletados e armazenados a cada clique, possibilitando a reprodução de um perfil digital extremamente detalhado.

Logo, é difícil imaginar que quem faz uso contínuo da web fique de fora ou alheia a sua evolução. No entanto, até que ponto essa mudança será percebida?

Sobre esta questão Castaneda é sucinto:

“Tecnologias são adotadas quando fazem sentido na vida prática das pessoas, e não pela sua compreensão técnica.”

Ele acredita que essa migração será feita de forma natural, sem perceber “as diferenças técnicas” da Web2 para a Web3. “Do mesmo jeito que todos nós migramos nossas vidas digitais para as grandes redes sociais sem qualquer preocupação entre a diferença de Web1 e Web2”, conclui.

“Uai so serious?” também aposta em uma migração suave:

“Acho que utilizarão sem saber. Já temos exemplos reais até de tecnologias blockchain que são utilizadas e você não precisa saber nada dos conceitos e processos. Como embaixador da Nodle Network, vivencio isso na prática. As pessoas fazem download da app e não sabem, por exemplo, que é uma carteira ou que estão se conectando à blockchain. Acredito que esse será o caminho!”

Porém ele confia que alguns aspectos relevantes como privacidade de dados e auto custódia, por exemplo, farão a diferença na experiência online. E, com o tempo, auxiliará na conscientização de que a Web3 soluciona alguns problemas enfrentados hoje:

“Ou seja, as pessoas não vão saber, porém vão se sentir mais seguras e confiarão mais nas interações online quando a plataforma que ela utilizar for Web3. Elas chegarão à conclusão de algo do tipo: ‘Olha só, aqui eu não preciso dar meus dados pessoais para utilizar a plataforma. Interessante!’”

De fato, a web que utilizamos hoje transformou os dados pessoais em commodity concentrada nos hardwares de poucas empresas. Todo movimento que procure devolver às pessoas o controle de seus dados pessoais deve ser comemorado. Mas até que ponto esse desenvolvimento será benéfico para o ambiente virtual? E em quanto tempo essa mudança irá acontecer?

O futuro é aqui?

A evolução tecnológica conduz o progresso da sociedade. Com o avançar das décadas o dinheiro investido em novas tecnologias é cada vez maior e, consequentemente, o tempo de evolução é cada vez menor.

Por fim, indagamos aos nossos convidados em quanto tempo essa migração acontecerá?

Ambos concordam que é difícil prever o tempo de evolução de uma determinada tecnologia. Mesmo assim Castaneda arrisca:

“Creio que entre 5 a 10 anos o nosso conceito de vida digital já vai ser bem diferente do que vemos agora. Valores como transparência, isonomia e distribuição de valor irão ganhar espaço na economia da internet.”

Mas “Uai so serious?” lembra que já vivemos permeados pelas ferramentas Web3 e que uma adesão em massa pode ocorrer a qualquer momento:

“A Web3 estará disponível na palma de nossa mão e fará parte do cotidiano muito em breve. Hoje já é possível ouvir podcast, assistir vídeos e até ganhar renda passiva na blockchain. Portanto, estamos no início de uma curva que é exponencial, então a qualquer momento a adesão irá escalar de forma muito rápida.”

E quais benefícios a Web3 trará ao ambiente virtual?

“Se ela não for benéfica, então não será de fato uma Web3, mas uma extensão da Web2 disfarçada de outra coisa. A Web3 é, antes de mais nada, um conjunto de valores e de ideias sobre como indivíduos precisam ter uma melhor experiência em suas vidas digitais”, sentencia Castaneda.

“Benéfica e maléfica! Depende de como a pessoa quer utilizar essa tecnologia. Tem gente que usa o PIX para aplicar golpes em pessoas, enquanto que a maioria das pessoas usam para dar praticidade em nosso dia a dia. A Web3 não será diferente”, pondera “Uai so serious?”.

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Thiago Barboza
Sound Designer de profissão e apaixonado por comunicação, Thiago Barboza é graduado em Comunicação com ênfase em escritas criativas pela Universidade Federal da Bahia (UFBA). Em 2019 conheceu as criptomoedas e blockchain, mas foi em 2020 que decidiu imergir nesse universo e utilizar seu conhecimento acadêmico para ajudar a difundir e conscientizar sobre a importância desta tecnologia disruptiva.
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