Enquanto o Bitcoin é adotado como moeda para transações diárias em países como El Salvador, no Brasil a adoção da criptomoeda tem uma forte barreira estatal na figura do Pix.
Em seis meses de operação, o sistema de pagamentos instantâneos do Banco Central cresceu rapidamente e ganha terreno de transferências via DOC ou TED e das tradicionais maquininhas.
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Segundo um levantamento Federação Brasileira de Bancos (Febraban), o Pix já abocanha 30% das operações de pagamento no país. Seu crescimento é ainda mais acelerado ao serem consideradas apenas as transações via celular, modalidade em que já representa 51% do total.
Apesar do Brasil ser um mercado promissor para criptomoedas, o Bitcoin está longe de alcançar esses números no país. A criptomoeda surgiu em meio a um ambiente de transferências bancárias lento e com horário para funcionar, mas o Pix parece resolver esses problemas.
A solução do BC é, pelo menos por enquanto, mais rápida e barata que o Bitcoin: enquanto fazer um Pix sai de graça na maioria das vezes, a blockchain do BTC cobra, em média, cerca de US$ 5 (R$ 20) por transação, segundo o site Ycharts.
Fundamentos do Bitcoin são melhores
Flávia Jabur, produtora de conteúdo da BitcoinTrade, comenta que, apesar de as duas ferramentas oferecerem transações rápidas, 100% digitais e sem limite de horário, o Bitcoin segue sendo atrativo porque se propõe a ser um sistema novo de moeda.
Segundo ela, mesmo com a possibilidade do Pix ser um caminho para a implementação do real digital no futuro, ele não possui os mesmos fundamentos do Bitcoin, como a “descentralização, escassez de unidades, transparência do sistema e garantia de privacidade”.
Outro que segue a mesma linha de pensamento é João Hazim, investidor e co-fundador da EscolaCripto. Para ele, o Pix pode até ser comparado com a tecnologia do Bitcoin, mas não a criptomoeda em si.
“O Pix me permite transacionar moeda fiduciária de maneira muito similar à maneira que se transaciona Bitcoin. Mas o Pix não consegue ser um ativo de fato”.
Centralização do Pix é um problema
Aprofundando o fundamento da descentralização, Hazim comenta que, por ser um sistema de pagamentos comandado pelo Bacen, o Pix pode sofrer mudanças determinadas pela instituição ou pelo governo ficar menos atrativo para os usuários:
“Com o Pix você provavelmente terá limites de envio, não sendo possível enviar qualquer montante. Enquanto na rede blockchain eu não possuo qualquer tipo de limites”.
Ele também destaca a falta de privacidade do Pix. Além de ser necessário compartilhar algum dado pessoal para ser possível receber transações, todas elas são mediadas pelo Banco Central, que acaba tendo conhecimento de todas as informações envolvidas nas transações dos usuários.
Sandro F., um empresário que investe em Bitcoin desde 2017, diz que, do ponto de vista do usuário, o Pix é uma ferramenta para que o governo exerça maior controle sobre as transações e, consequentemente, sobre a população.
Para ele, por ser mais centralizado, o sistema do Bacen está mais suscetível a falhas, enquanto a rede Bitcoin traz muito mais segurança e eficiência.
“Por experiência própria, a rede Bitcoin nunca saiu do ar, e o Pix já deixou a desejar. Em uma transação que fiz para aporte em uma exchange, o Pix, que deveria ter sido instantâneo, acabou demorando muito mais que o esperado, e com isso perdi uma valorização do ativo que ia adquirir no momento.”
Criptomoedas podem melhorar suas tecnologias
Flávia Jabur concorda que atualmente o Pix oferece transações mais rápidas e baratas, no entanto, é possível que o Bitcoin consiga se igualar nesses quesitos num futuro próximo.
“Por isso, uma das alternativas é que sejam feitas melhorias na blockchain do projeto [Bitcoin], visando contribuir para desafogar a rede, assim como vem sendo feito na blockchain Ethereum.”
Ela ainda destaca que já existem outras criptomoedas que possuem uma tecnologia semelhante ao Pix, como a XRP, que permite realizar transações em segundos e com taxas muito baixas. Uma blockchain brasileira propõe inclusive eliminar totalmente as taxas sem comprometer a segurança.
Hazim concorda e diz que já existem atualmente diversas criptomoedas que possuem uma tecnologia superior ao do Pix. Para ele, o Pix é uma tentativa de “tornar um sistema [financeiro tradicional] extremamente ultrapassado, em algo que não pareça tão ultrapassado.”
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