O OpenSea é o maior mercado de NFTs na rede Ethereum por volume e disponibiliza uma API que é universalmente usada por muitos outros serviços para exibir tokens aos usuários.
Neste contexto, quando a API do OpenSea cai, essas imagens dos tokens não fungíveis (NFTs) ficam indisponíveis e muitos dos serviços, como o Twitter e a carteira de criptomoedas Metamask, perdem essa funcionalidade.
Nos últimos meses, o OpenSea tem causado muitos aborrecimentos tanto a empresas, como proprietários de NFTs pelo constante tempo de inatividade em sua API. Mas neste contexto, quais as opções às partes prejudicadas? Como esta situação poderia ter sido evitada?
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Para respondermos a estas questões, é preciso da um passo atrás, e compreender alguns conceitos. Por isso, nosso artigo de hoje analisará:
- Como se registra a transação da compra de um NFT?
- De que forma um NFT adquire identidade?
- A quem cabe a decisão sobre o armazenamento dos dados de um NFT?
- Armazenamento: on-chain ou off-chain? Vantagens e desvantagens
Como se registra a transação da compra de um NFT?
A principal dúvida de quem é novo no universo dos NFT seja como se dá o registro de um token não fungível.
Tomando como exemplo um NFT de uma obra de arte digital, quando ele é transacionado, o comprador recebe um identificador (ID) do registro daquela transação de compra, que o leva para a obra de arte em formato digital.
Tal identificador pode, ou não, estar registrado em blockchain.
Já existiam NFTs quando o primeiro blockchain surgiu e, nestes casos, um administrador centralizado (como um site ou plataforma) era o responsável por criar “e armazenar” o identificador do registro da transação de compra e venda, bem como o token representativo daquele ativo não fungível.
Com o blockchain, os NFTs passaram a ser registrados em uma rede descentralizada, de modo que, quando a transação de compra e venda de um token é concluída, ela é registrada e adicionada a um bloco, com carimbo de data e hora, tornando-se rastreável na rede blockchain a qualquer momento (no caso de um blockchain público).
Ademais, quando o blockchain é realmente descentralizado, os registros do NFT baseados em blockchain são mais seguros, por ser mais difícil para um cyber criminoso invadir uma rede distribuída.
De que forma um NFT adquire identidade, e é identificado como um ativo único na internet?
Como uma plataforma de eventos identifica um NFT representativo do ingresso de um show? Como a OpenSea identifica um Cryptokittie?
Isto é possível graças aos metadados inseridos no token. São ele que fornecem as informações descritivas para um identificador de um token específico ou a descrição de um token não fungível.
Tendo em conta as perguntas feitas acima, são os metadados que, no caso do Cryptokitties, informam o nome do gato, a imagem do gato, e informam a descrição e quaisquer outras características adicionais do NFT na plataforma OpenSea ou no site oficial.
E no caso de um NFT do ingresso de determinado evento, os metadados podem incluir a data do evento, e o tipo de ingresso, além de um nome e uma descrição.
A quem cabe a decisão sobre o armazenamento dos dados de um NFT?
São os estrategistas blockchain ou desenvolvedores que decidem sobre quais metadados devem ser incluídos na rede blockchain (on-chain) e quais metadados devem ficar fora dela (off-chain).
Dito de outro modo, tanto os estrategistas blockchain como os desenvolvedores podem decidir se os metadados serão inseridos diretamente no contrato inteligente que representa os tokens, ou se serão hospedados separadamente.
Armazenamento on-chain ou off-chain? Vantagens e desvantagens
Os benefícios de representar metadados on-chain são que eles residem permanentemente com o token, persistindo além do ciclo de vida de qualquer aplicativo ou API, bem como pode mudar de acordo com a lógica de negócios da rede.
Uma opção para usuários e empresas evitarem os dissabores provocados pela interrupção da API do OpenSea seria, portanto, representar os metadados on-chain.
No entanto, a maioria dos projetos de NFTs armazena dados fora do blockchain (off-chain) devido às limitações de armazenamento atuais da maioria dos blockchain.
Nessa linha, a maneira mais simples de armazenar esses metadados off-chain é em um servidor centralizado em algum lugar ou em uma solução de armazenamento em nuvem.
Uma das desvantagens do armazenamento off-chain é a possibilidade do desenvolvedor alterar os metadados à seu bel prazer e, ainda, a possibilidade dos metadados desaparecerem de sua fonte original, na hipótese do projeto ficar off-line.
Quanto à melhor forma de armazenar NFTs off-chain, a melhor solução seria o uso de armazenamento descentralizado via IPFS, por exemplo.
Como o IPFS é um sistema de armazenamento de arquivos distribuído (que possibilita a hospedagem do conteúdo em computadores espalhados pelo mundo de modo a replicar os arquivos em muitos locais diferentes), ele garante a imutabilidade e a persistência dos metadados ao longo do tempo.
Efeitos da centralização num ecossistema descentralizado
Para uma aplicação como o Twitter e a carteira MetaMask, confiar no API centralizado da OpenSea cria uma provável dor de cabeça no atendimento ao cliente.
A principal crítica para a constante inatividade da API é que a OpenSea construiu um mercado sobre a infraestrutura centralizada da Web 2.0, em vez de alavancar uma infraestrutura descentralizada, mais condizente com o propósito do blockchain e da Web 3.0.
Em muitos casos, as imagens disponibilizadas através da API do OpenSea são hospedadas no Opensea.io, quando o mais indicado seria que os metadados, descritos no contrato inteligente dos NFTs, fossem armazenados de forma descentralizada, por exemplo, via IPFS.
Dentre tudo o que vimos neste artigo, qual seria sua sugestão para evitar os problemas ocasionados pelas constantes falhas na API da OpenSea?
Será que as empresas da Web3 que estão focadas na descentralização, já não desenvolveram soluções para a indexação dos NFTs capazes de atender as carteiras e serviços que hoje dependem da API da OpenSea? Pense nisto até nosso próximo encontro. Nos veremos em breve!
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