A chegada do projeto World, anteriormente conhecido como WorldCoin, no Panamá levantou alarmes entre várias organizações e especialistas em proteção de dados.
Este projeto, desenvolvido pela empresa Tools for Humanity, utiliza reconhecimento de íris para criar uma identidade digital única e vinculá-la a uma criptomoeda. Embora a iniciativa afirme que o projeto busca promover a inclusão financeira globalmente, críticas e preocupações surgiram rapidamente.
Mundo e dados biométricos: riscos e regulamentações pendentes no Panamá
Silvia Calderón, do Instituto Pan-Americano de Direito e Tecnologia (Ipandetec), aponta que a World está ativa desde 2019, enfrentando questionamentos em diferentes países.
A base do projeto está na coleta de dados biométricos sensíveis, definidos na Lei 81 de 2019 como aqueles que identificam uma pessoa de forma única. Calderón alerta que essa prática pode comprometer a privacidade e a segurança dos usuários.
Nesse contexto, a Autoridade Nacional de Transparência e Acesso à Informação (Antai) emitiu um comunicado destacando os riscos da comercialização de dados biométricos.
Embora Javier Tuirán, representante da Tools for Humanity, assegure que eles não armazenam imagens de íris e apenas geram um código numérico, o ceticismo persiste. Casos recentes em países como Espanha e Argentina revelam falhas nos sistemas de controle e sanções por irregularidades no gerenciamento de dados.
Criptomoedas e privacidade: o debate despertado pela chegada de World no Panamá
Apesar dos riscos, mais de 15 mil panamenhos participaram do programa desde seu início em novembro de 2024. Pessoas, atraídas pela promessa de obter criptomoedas, permitiram a captura de seus dados biométricos via um processo que, segundo a empresa, cumpre com os padrões de segurança.
No entanto, as garantias oferecidas têm sido insuficientes para apaziguar as críticas de setores que consideram que os participantes não estão totalmente cientes das implicações.
O uso de dados biométricos continua sendo uma questão controversa no Panamá, dado que a legislação atual não regula projetos dessa natureza. Especialistas consultados mídia local, como a advogada Lía P. Hernández, insistem que a falta de regulamentações específicas deixa um vazio legal que pode ser explorado. Isso se torna mais relevante à luz de denúncias sobre transparência insuficiente e casos anteriores onde menores conseguiram participar de atividades semelhantes.
Em um mundo onde os dados são cada vez mais valiosos, iniciativas como a World convidam à reflexão sobre os limites éticos da inovação tecnológica. Enquanto a empresa promete inclusão e acesso à economia digital, vozes críticas alertam sobre os riscos de um futuro onde a privacidade pode ser o custo dessa transformação.
ANPD investiga “venda de íris” no Brasil e World ID se manifesta
No Brasil, a World ID se manifestou sobre o processo de fiscalização da ANPD (Autoridade Nacional de Proteção de Dados). No momento, a agência brasileira analisa os documentos enviados pelo projeto descentralizado.
A ANPD investiga, desde o ano passado, a coleta de dados biométricos pela Tools for Humanity no Brasil. Ela é a responsável pelo dispositivo Orb, utilizado no projeto World ID para verificação de identidade humana. O projeto de Altman remunera o humano verificado com o token próprio. E a novidade ganhou popularidade na maior cidade do país.
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