Em nova pesquisa, consultoria aponta profunda preocupação com praticidade, segurança e outras implicações do uso da Inteligência Artificial (IA) generativa no dia a dia.
O levantamento feito pelo Boston Consulting Group (BCG) mostra que a IA generativa pode amplificar o PIB global em 7% e duplicar o crescimento da produtividade na próxima década.
Apesar do otimismo, o estudo realizado com 2.000 executivos em todo mundo, levanta questões sobre divisões e ceticismo. Mais de 50% deles desencorajam a adoção de Inteligência Artificial generativa dentro das empresas e por colaboradores
Os principais receios que conduzem a esse comportamento estão associados à capacidade limitada de rastreamento da ferramenta, possíveis equívocos na tomada de decisões, carência de habilidades e incertezas acerca da segurança dos dados.
A IA generativa (GenIA) não é apenas uma ferramenta; é uma mudança de paradigma. Os líderes devem tentar imaginar o cenário estratégico além do horizonte, destaca o BCG.
Empresas iniciantes tem receio de IA
Conforme a pesquisa, os participantes atuam em mais de 20 setores diferentes e uma opinião foi compartilhada por mais de 50% deles. Nos negócios em fase inicial a rejeição para adoção de IA, ultrapassa os 50%.
Geralmente é ao contrário, companhias mais maduras e com maior experiência tendem a abraçar novas tecnologias. Neste caso foi diferente. Apenas 3% dos executivos afirmaram que a IA generativa agrega valor ao negócio e já usam ferramentas com a tecnologia no dia a dia.
“Toda inovação exige cautela antes de ser aplicada nos processos do negócio e, nesse caso, não é diferente. Apesar disso, é importante que as empresas compreendam suas dificuldades e tracem um plano de ação para, principalmente, manterem um nível competitivo”, afirma o sócio e líder da prática de pessoas e organizações do BCG, Santino Lacanna.
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Segurança de dados preocupa
Mais de 80% dos respondentes mostraram apreensão em relação a rastreabilidade limitada e a inconstância nas respostas dadas pela ferramenta.
Essas são questões que podem atrapalhar a tomada de decisões ou resultar em implicações jurídicas, ressalta o BCG.
A preservação da segurança dos dados e a prevenção do acesso não autorizado às informações representam áreas de preocupação adicionais para líderes que desestimulam a adoção da IA.
“Alguns entrevistados afirmaram ter receio de usar a ferramenta e colocar em risco as informações sobre seus clientes. A implementação de um sistema de criptografia e controles de acesso aos dados podem resolver essas questões, mas investir em treinamento e em uma cultura de conscientização em segurança digital é essencial”, afirma Santino.
Falta de planejamento e talentos
O BCG também identificou quais os principais desafios relatados pelos entrevistados.
Mais de 80% destacaram a ausência de um plano estratégico e de uma estrutura de governança eficaz para a IA generativa como as principais barreiras, enquanto mais de 70% indicaram a falta de acesso a profissionais especializados na tecnologia.
Apesar do quadro geral um tanto negativo, a pesquisa também mostra as características da IA generativa apreciadas pelos entrevistados.
A maioria dos líderes demonstrou otimismo em relação ao potencial de retorno sobre o investimento da GenIA. Mostraram confiança na qualidade e disponibilidade dos dados que possuem para sustentar e viabilizar a adoção dessa tecnologia em seus negócios.
A ideia da análise feita pelo BCG também é entender como essas empresas abordam IA. Boa parte delas estão na América do Norte, são da área de tecnologia, mídia e telecomunicações.
- Investir e apoiar startups: organizações maduras no quesito IA generativa investem e apoiam novos negócios de inovação na ferramenta. Um exemplo é um fundo de US$ 500 milhões anunciado pela Salesforce em junho, voltado para startups como a Anthropic e a Cohere, que constroem grandes modelos de linguagem e se concentram em aplicações empresariais e na segurança das plataformas.
- Parcerias estratégicas: cooperação colaborativas são uma marca registrada das empresas pioneiras em IA generativa. Por exemplo, o Zoom uniu forças com a Anthropic, startup de segurança em IA generativa, para aprimorar sua plataforma de atendimento ao consumidor com recursos de agente virtual.
- Construir novas habilidades: integrar as habilidades relacionadas à IA generativa nas operações é uma estratégia fundamental. A Palo Alto Networks, líder em segurança cibernética, está incorporando recursos IA para aprimorar suas soluções de detecção e prevenção de ameaças. Outro exemplo é o lançamento do Infinity Quizzes pelo BuzzFeed, desenvolvido por IA generativa, que mostra como as organizações de mídia podem aproveitar a tecnologia para criar conteúdo personalizado e envolvente.
- Contratação e qualificação de talentos: empresas pioneiras reconhecem a relevância de um profissional bem-preparado, promovendo treinamentos para a capacitação e investem em talentos especializados. Segundo o BCG, essas empresas têm três vezes mais funcionários usando IA diariamente do que outras empresas.
“É importante lembrar que não existe uma receita: cada empresa precisará compreender, de forma individual, como a IA generativa pode colaborar para uma operação mais eficiente e produtiva. A IA generativa não é uma tendência de negócio passageira e, por isso, reforço que é essencial se preparar para adaptar estratégias e processos para o uso da tecnologia. Empresas pioneiras já veem esse valor, que será ainda maior no futuro”, finaliza Santino.
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