O segundo turno das eleições presidenciais na Argentina se aproxima. No próximo domingo (19), duas visões muito diferentes sobre aspectos centrais da vida política competirão para suceder a Alberto Fernández.
De um lado, está o atual ministro da Economia e candidato do partido “Unión por la Patria”, Sergio Massa. Do outro, o forasteiro libertário Javier Milei.
O líder do partido “La Libertad Avanza” obteve recentemente o apoio do espaço “Juntos pela Mudança”, liderado pelo ex-presidente Mauricio Macri, que ficou em terceiro lugar nas eleições gerais de outubro.
Criptomoedas na Argentina
As propostas de ambos os candidatos em relação às criptomoedas não tiveram um papel fundamental na campanha. Porém, cada um mostrou claramente o que pensa sobre o setor.
Vale lembrar que os ativos cripto têm desempenhado um papel cada vez mais importante na economia local, uma vez que a população tem recorrido a eles para fugir da inflação que assola o país.
O partido no poder na Argentina teve divergências internas nos últimos anos. Por um lado, estão os chamados “Kirchneristas duros”, cuja visão sobre as criptomoedas tem sido e é crítica.
Por outro lado, há quem se interesse pelas novas tecnologias e, principalmente, preste atenção aos dados que fazem da Argentina um país fortemente criptográfico.
O atual governo chegou a desencorajar o uso de criptomoedas, considerando-as um mecanismo de lavagem de dinheiro. Somou-se a isso uma forte campanha para encontrar espaços clandestinos de mineração de ativos virtuais.
Mas, essa realidade mudou com a chegada ao Ministério da Economia de alguém que é hoje um dos candidatos à presidência.
Segundo turno na Argentina: Sergio Massa e sua posição
Sergio Massa não se interessou apenas por criptomoedas, mas também promoveu reuniões para entender como elas funcionam e possibilitar discussões encerradas antes de seu mandato.
Sua visão em relação ao universo cripto é positiva. Guiado pela curiosidade, mas também aconselhado pelo amigo Carlos Maslatón, um liberal claramente a favor das criptomoedas. Foi justamente ele quem aconselhou Massa a comprar seus primeiros ativos virtuais.
O candidato mencionou:
“Se tivéssemos livre circulação de criptomoedas, mas dentro do regime jurídico e tributário argentino, não haveria problemas porque as reservas não seriam afetadas. É um processo social que está acontecendo e onde a blockchain serve para o processo de modernização do Estado.”
Paralelamente ao referido interesse, o candidato à presidência pela Unión por la Patria propôs a implementação de uma moeda digital para a Argentina. Massa não deu mais detalhes sobre essa iniciativa, mas tudo indica que seria uma versão promovida pelo Banco Central, ou seja, um CBDC.
Com os dados e avaliações coletados até aqui, resta saber como se configuraria o panorama argentino diante de uma eventual vitória de Massa no segundo turno. O atual chefe do Palácio do Tesouro é amigo das criptomoedas, mas propôs e enviou um projeto de CBDC ao Congresso para debate.
O que pensa Javier Milei sobre as criptomoedas
O excêntrico candidato e líder da coligação “La Libertad Avanza” tem sido historicamente a favor da utilização de ativos virtuais e da implementação de novas tecnologias. O rival de Massa promove uma filosofia econômica descentralizada. Milei deixou explícita esta perspectiva com a sua proposta de eliminação do Banco Central (BCRA).
“O Banco Central é uma farsa. É um mecanismo pelo qual os políticos fraudam pessoas boas com o imposto inflacionário. O Bitcoin representa o retorno do dinheiro ao seu criador original, que é o setor privado. O problema é que os estados não vão abrir mão do curso forçado da emissão, porque é aí que eles fraudam.”
Javier Milei recebeu severas perguntas por aconselhar investir na CoinX. Esta é uma plataforma que ficou famosa por ser uma fraude de pirâmide. Como receita para combater a inflação argentina, o economista aconselhou seus seguidores a investirem nesse esquema.
A recomendação de Milei foi bem recebida por sua comunidade, provavelmente porque confiaram nas palavras de um especialista no assunto.
Pouco tempo depois, a Comissão Nacional de Valores Mobiliários (CNV) solicitou publicamente que a Coinxworld cessasse as suas atividades financeiras e publicitárias. O gabinete considerou que a entidade não cumpria os requisitos legais para exercer a função de consultor de investimentos. A empresa fechou as portas sem pagar os lucros que prometia aos seus investidores.
Milei, naquele momento no centro das questões, negou que se tratasse de uma farsa. Depois dessa experiência, o candidato à presidência não teve outra abordagem com uma empresa de criptomoedas. Mas, tanto ele quanto os líderes em seu espaço expressaram uma predileção pelo Bitcoin e sua filosofia.
Eleitores são os mais interessados em criptomoedas
Coincidente ou não, um trabalho encomendado pela Bitso, empresa de serviços financeiros movida a criptomoedas, revelou que justamente os eleitores de ambos os candidatos no segundo turno são os mais interessados em ativos virtuais.
Tanto os que elegeram Javier Milei como os que optaram por Sergio Massa nas eleições primárias (PASO) e gerais manifestaram o desejo de ter ou adquirir criptomoedas.
A empresa Synopsis Consultores realizou uma pesquisa entre os dias 19 e 23 de agosto em toda a Argentina. Entre os eleitores de Milei, 23% tinham ou possuem criptomoedas (11% e 12%, nessa ordem). Além disso, 22% do público que escolheu Milei gostaria de ter ativos virtuais.
A outra nota a respeito dos dois mais eleitos indica que 9% dos que votaram em Sergio Massa tinham ou possuem criptomoedas, enquanto 30% pretendem adquiri-las.
A Chainalysis revelou em seu quarto índice anual de adoção global de criptomoedas que a América Latina tem 3 países entre os 20 com maior adoção. A lista inclui Brasil (9º lugar), Argentina (15º) e México (17º). Mais uma informação que ajuda a compreender a importância deste tipo de ferramentas financeiras no país sul-americano.
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