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Como Venezuela e outros países trocam ouro por Bitcoin para driblar inflação

2 mins
Atualizado por Júlia V. Kurtz

EM RESUMO

  • Ouro começa a dar lugar ao Bitcoin para reserva de valor em alguns países.
  • Principal motivo seria inflação acelerada.
  • Venezuela e Nigéria são os casos mais emblemáticos.
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Um novo relatório sugere que o crescimento das criptomoedas, especialmente do Bitcoin, pode afetar os preços do ouro.

Segundo um relatório recente da corretora online eToro, o Bitcoin tem o potencial de desestabilizar o mercado de barras de ouro.

O caminho para o Bitcoin atingir os níveis de adoção do ouro tem ligação com a segurança econômica de certos países. Em alguns casos, a inflação cresce em ritmo mais acelerado do a valorização do ouro, de modo que, em alguns casos, apenas o avanço do Bitcoin é capaz de compensar.

Bitcoin na Venezuela

A Venezuela, por exemplo, há algum tempo vem sofrendo com uma longa crise financeira. De acordo com o relatório, mais e mais venezuelanos não estão apenas transferindo seus bolívares para dólares, mas também para Bitcoin.

O economista Asdrúbal Oliveros, da consultoria Ecoanalítica de Caracas, disse:

“Muitos venezuelanos estão usando Bitcoin para converter seus bolívares, que estão sendo desvalorizados pela hiperinflação, para manter algo de valor”.

Apesar do ouro ter retornos de 10.700% em bolívares, o metal precioso não conseguiu acompanhar a impressionante taxa de inflação. Quando os dois fatores são combinados, os venezuelanos terminaram com uma taxa de retorno real de -60%.

Devido à alta taxa de inflação, o governo venezuelano controla o salário mínimo e o preço dos alimentos. Depois que a escassez de alimentos se tornou um problema maior, o governo estabeleceu controles de preços sobre as necessidades alimentares, como ovos e carne.

No entanto, devido às taxas de inflação, essas necessidades custam mais do que o salário mínimo, que é de apenas US$ 1 por mês. Enquanto isso, outros venezuelanos decidiram migrar para o Bitcoin como forma de garantir a soberania sobre suas finanças.

Na Nigéria

A Nigéria é outro país cuja taxa de inflação o torna um lugar perfeito para a criptomoeda prosperar. Com taxas de inflação de quase 20% ao ano desde os anos 70 e inflação geral de 80.000%, a Nigéria tornou-se um grande ator no cenário de criptomoedas da África.

Em uma audiência pública, o senador Sani Musa declarou que:

“A criptomoeda se tornou uma transação mundial da qual você nem consegue identificar quem possui o quê. A tecnologia é tão forte que não vejo o tipo de regulamentação que podemos fazer. Bitcoin tornou nossa moeda quase inútil ou sem valor. ”

E no resto do mundo?

Espirais inflacionária também já surgem em outros países. Desde o início de 2020, a inflação do Líbano disparou de 50% para um pico de 550%, tornando-se o primeiro país do Oriente Médio a experimentar hiperinflação.

Segundo o levantamento, alimentos e bebidas não alcoólicas cresceram 402,3%; bebidas alcoólicas e fumo subiram 392,5%; vestuário e calçados aumentaram 559,8%; restaurantes e hotéis aumentaram 609%; e móveis, eletrodomésticos e manutenção de rotina aumentaram 655,1% desde 2019.

Já no resto do mundo, incluindo nos EUA, o relatório argumenta que fatores como a alta no S&P 500, o aumento da oferta de dinheiro fiduciário e o potencial para bolhas de ativos podem ser fatores importantes para projetar uma possível inflação no futuro.

Analistas da eToro afirmam que é improvável que o Bitcoin substitua o dólar americano. No entanto, o potencial de a criptomoeda afetar outros ativos tradicionais parece ser plausível.

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Paulo Alves
Sou jornalista e especialista, pela USP-SP, em Comunicação Digital. Já trabalhei em rádio e impresso, mas boa parte da minha experiência vem do online. Colaborei entre 2013 e 2021 com o Grupo Globo na área de tecnologia, onde já cobri assuntos diversos da área, de lançamentos de produtos aos principais ataques hackers dos últimos anos. Também já prestei consultoria em projetos do Banco Mundial e da ONU, entre outras instituições com foco em pesquisa científica. Entrei no mundo das...
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