O JP Morgan planeja inserir trilhões de dólares em ativos tokenizados em projetos de finanças descentralizadas (DeFi), potencializando os rendimentos dos ativos tradicionais e garantindo maior liquidez aos protocolos. O banco tem trabalhado discretamente no projeto nos últimos dois anos e meio.
O chefe da Onyx Digital Assets do JP Morgan, Tyrone Lobban, explicou detalhadamente os planos para DeFi a nível institucional do banco na Consensus 2022, realizada no início junho, e destacou o montante em ativos tokenizados aguardando para fazer parte deste novo ambiente.
Lobban explicou que tokenizar ativos tradicionais como títulos do Tesouro dos EUA, ações de fundos do mercado monetário ou fundos imobiliários significaria ter todos esses ativos à disposição para serem utilizados como garantias em pools de DeFi.
“O objetivo geral é trazer esses trilhões de dólares em ativos para o DeFi, para que possamos usar esses novos mecanismos de negociação e empréstimos, mas com a escala dos ativos institucionais.”
Porém, a estrutura permissionless que o ambiente cripto proporciona se torna um obstáculo para a inserção institucional ao DeFi por se tratar de ativos que envolvem uma quantia relevante.
O protocolo Aave desenvolveu o Aave Arc, solução voltada aos institucionais que trabalha em conformidade com os rigorosos protocolos de KYC, ao perceber esse gargalo e a necessidade de adequação para atrair o capital institucional.
No final de maio, o Compound Treasury e o Siam Commercial Bank anunciaram uma parceria para o desenvolvimento de projeto similar ao Aave Arc.
Projetos do banco dão garantias digitais
Devido às características apresentadas, os planos do JP Morgan para tokenizar os ativos tradicionais tomam uma proporção de escala ainda maior. Para tornar viável a inserção do capital de bancos institucionais a Onyx Digital Assets destaca a importância de dois projetos fundamentais que já estão sendo testados e desenvolvidos.
O primeiro projeto é o sistema de liquidação de garantias em blockchain do JP Morgan. Os primeiros testes iniciaram nas últimas semanas de maio, superando as expectativas.
O projeto foi expandido para incluir versões tokenizadas das ações de fundos da BlackRock, um tipo de fundo mútuo com o capital investido em instrumentos de dívida de curto prazo altamente líquidos, apenas uma semana. Desde a implementação na blockchain da Onyx Digital Assets já foram registrados US$ 350 bilhões em volume negociado, apontou Lobban.
O segundo projeto foi apelidado de “Project Guardian” e consiste em testar o DeFi institucional utilizando pools de liquidez autorizadas compostas por títulos e depósitos tokenizados. O piloto está sendo implementado pela Autoridade Monetária de Singapura e, além do JP Morgan, estão colaborando com os testes o DBS Bank e o Marketnode. Os projetos estão sendo desenvolvidos em blockchains públicas e a estrutura de permissão é semelhante ao implementado por Aave Arc e Fireblocks.
Lobban destacou que diferentemente do DeFi em criptomoedas a autenticação das informações do cliente é realizada pelas instituições financeiras participantes, ou seja, “um trader do JP Morgan precisa provar que tem os direitos e autorizações para negociar em nome do banco de Wall Street”.
Inovação na verificação de credenciais
Outra inovação é a abordagem para DeFi com permissão feita através de blocos de construção de identidade digital, como credenciais verificáveis do W3C. Lobban explicou as vantagens:
“As credenciais verificáveis podem apresentar a escala necessária para fornecer acesso a esses pools sem necessariamente ter que manter uma lista de endereços. Por não serem mantidas na rede, você não tem sobrecarga na gravação desse tipo de informação no blockchain, no pagamento de taxas de gás, etc.”
O JP Morgan ainda não decidiu com quais plataformas e contrapartes DeFi trabalhará, mas estarão entre as reconhecidas e já testadas com alto valor total bloqueado (TVL).
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