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Exclusivo Artista que conquistou Neymar é pioneiro em NFT no Brasil

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Atualizado por Aline Fernandes

O brasileiro Fernando Quevedo, esbanja talento desde pequeno. No primeiro aniversário, um bolo de palhaço alegrou a festa. O personagem admirado na infância tornou tema de seu trabalho e conquistou diversas personalidades.  Logo de cara, um golaço. A obra, Neymar The Clown 2019, nasceu no pós-Copa, quando o principal atleta do Brasil, vivia entre o herói e o vilão, entre o Batman e o Coringa. Pinceladas dessa antítese, em uma tela desenhada com tinta acrílica, rodaram o mundo e foram morar em Paris.

Fernando Quevedo arquivo pessoal

Quevedo que já atuou nas maiores emissoras do país desenvolvendo trabalhos de computação gráfica e animação 3D, nos contou que começou a desenhar ainda criança. Uma habilidade que nasceu literalmente do berço.

“Eu comecei a desenhar no quintal de casa e o meu primeiro desenho foi o Bozo (palhaço que fez muito sucesso na década de 1980/1990 no Brasil, criado em 1946 nos Estados Unidos.) Eu não lembro, minha mãe que conta. Desenhei o Bozo no chão e como minha mãe era professora, tinha giz em casa, então minha infância foi regada a palhaços, depois em outros aniversários o Bozo veio, que na verdade era meu tio… meu pai me levava no circo, eu cresci assistindo Bozo todo dia… Vovó Mafalda. Só tinha palhaço na TV, Atichim e Espirro…vários… então eu cresci com essa referência.”

Aniversário de um ano. Fernando Quevedo (a esquerda)

A lembrança é tão forte que o artista – com mestrado em Animação 3D e Efeitos Especiais pela Digital Media Arts College, Flórida, bacharel em artes visuais e plásticas pelo Atlantic Union College, Massachusetts e em design gráfico pela Eastern Connecticut State University, todas nos Estados Unidos – pintou uma coleção inteira chamada Clowns, que inclui uma homenagem a Charles Chaplin.

E foi uma tela dessa coleção que deu fama mundial a Quevedo. Bastou o atacante da Seleção Brasileira e do Paris Saint German ver a obra de arte para querer comprá-la, mas ao saber do desejo do jogador, Fernando Quevedo não pensou duas vezes: deu de presente para o atleta.

Hoje o quadro cunhado como NFT está na casa de Neymar em Paris e virou tema da série que retrata da vida do jogador na Netflix. 

Neymar The Clown

O começo de tudo

Depois de pedir demissão de um dos maiores conglomerados de comunicação do país, Quevedo embarcou para Nova York, onde se aperfeiçoou ainda mais para colocar em prática a ideia de ganhar a vida com a arte.

“Não estava batendo o salário. A conta não fechava.  Sem falar nas promoções que as pessoas prometiam e não aconteciam. Acabei me promovendo, então eu saí dessa emissora, fui para Nova Iorque e fiquei um tempo lá”.

Em 2016, já em São Paulo, onde vive, começou a pintar telas sobre tinta acrílica, após muita insistência de uma amiga artista.

“Ela falou: você precisa começar a pintar, você tem muito talento, não está pintando, você tem que pintar… ela insistiu tanto que um dia chegou na minha frente com uma tela em branco, tinta e pincel. Aí eu me vi em casa com uma tela em branco, tinta, pincel e comecei a pintar um rosto, algo que eu gosto. Olhos, sempre gostei de desenhá-los e quando ví saiu um primeiro rosto ali”.

Mas para Quevedo ainda faltava alguma coisa.

“Foi aí que eu coloquei o nariz vermelho, um detalhe de palhaço nos olhos, uma boca de palhaço, o que trouxe um pouco de alegria para a tela, porque era muito melancólica e eu trouxe esse ar de palhaço. Ficou um palhaço triste, mas ficou um palhaço!”

A segunda tela também foi um palhaço, referência que o artista carrega desde os primeiros dias de vida.

Professora, Fernando Quevedo e um palhaço.

Entre uma tela e outra, nasceu o primeiro acervo, a coleção Clowns, que incluí uma obra em homenagem a avó, batizada de Josefa The Clown e a sobrinha Naty, The Clown. Com a ideia fixa de pintar palhaços, Fernando seguiu criando, mas sem deixar de lado os toques de palhaçadas, no bom sentido, é claro! . 

“Eu já tinha pintado quatro telas que ficaram muito boas. Eu até me surpreendi, como consegui chegar a um resultado tão parecido com a foto de uma pessoa. Aí resolvi pintar alguém famoso, assim essa pessoa poderia postar e ajudaria a divulgar o meu trabalho”.

E foi assim mesmo!!! Simplesmente um dos maiores jogadores de futebol da história viu a obra de arte e entrou em contato para retirar o presente, que ganhou destaque na primeira temporada da Série: Neymar, O Caos Perfeito.

A ideia de ser reconhecido por seu talento genuíno, também ajudaria Fernando tirar o visto para visitar os pais nos Estados Unidos.

“’À época estava difícil tirar meu visto porque eu não tinha raízes no Brasil, minha família estava fora e uma das maneiras de conseguir um visto é por habilidades especiais, eu precisava ser reconhecido no meu próprio país, como um pintor, então o caminho para ver meus pais, minha família, era pintar pessoas famosas para ter reconhecimento e conseguir um visto. Minha carreira decolou aí”

A ideia por trás da Tela que conquistou Neymar

Para retratar Neymar, Quevedo – que é fã do jogador – diz que ao pesquisar, viu uma foto do atacante vestido de Coringa indo para uma festa a fantasia. Foi o que bastou para inspirar a obra de arte que hoje pode ser vista em um dos maiores serviços de streaming do mundo.

“Caramba, era isso que eu precisava. É um palhaço e é o Neymar. Descobri que ele era fã do Batman, que ele tem uma tatuagem do Batman nas costas… aí veio na cabeça a ideia de fazer o Coringa e Batman. Na hora eu visualizei a imagem da tela, eu só não sabia qual foto que seria, mas quando achei aquela imagem com o dedo na boca, fazendo um Shhh… foi inevitável… o dedo até divide o rosto… um lado para cada personagem”.

Neymar gostou tanto da obra, que encomendou ele de Homem-Aranha. Um encontro para entregar a tela ainda está sendo agendado.

Com um marketing poderoso e natural, Quevedo pintou outras joias que já foram mintadas e estão disponíveis no Market place da OpenSea, suportadas pela Blockchain da Ethereum.

Entre elas, uma de Cristiano Ronaldo. O português CR7, dono de mais de 30 títulos e o maior artilheiro de seleções da história foi retratado de maneira mais discreta, em uma arte que contempla a personalidade e a vaidade dele, dentro e fora de campo. Fernando diz que essa tela tem uma história bem curiosa também com o número 7.

“Coincidentemente, o número do Cristiano Ronaldo é 7. Ele usa 7 para tudo. E a tela dele foi a sétima que pintei, foi sem querer. Pintei o Cristiano como um príncipe, com uma máscara, uma maquiagem branca, com os detalhes de clown nos olhos. Uma coisa bem clássica e mais sóbria do que um palhaço engraçado. Fiz um príncipe real com as cores de Portugal”.

Cristiano Ronaldo – Fernando Quevedo

Além de Neymar, personalidades como Daniel Alves, Messi, Whindersson Nunes, Anitta, Tirulippa, Maju Coutinho, Kobe Briant, Mike Tyson e até Rainha Elizabeth II The Clown,  já foram homenageados. Sem contar a vibrante coleção batizada de Skulls.

Um dos primeiros a entrar na Crypto Arte

Quevedo explica que ouviu falar de NFT pela primeira vez assistindo um vídeo no YouTube de um artista americano.

“A capa do vídeo dizia: Por que que eu não entrei para o mundo do NFT?….”

Depois de escutar as explicações negativas sobre os NFTs, com argumentos de que os tokens não fungíveis são altamente destrutivos para o meio ambiente, geram alto gasto e custos de energia elétrica e ser julgado pelos fãs, o americano desistiu.

O que poderia ser exemplo para Quevedo não se interessar pelo assunto, foi o que bastou para aguçar a curiosidade e desvendar esse universo. Em vídeos falando positivamente sobre a tecnologia, se “apaixonou” pela revolução e liberdade por trás do ecossistema cripto. Após muito estudo e meses depois, começou a tokenizar sua produção artística.

“Me apaixonei pelo tema e falei:  isso é para mim porque eu venho do digital, da TV, de agência, eu tinha uma empresa de artes gráficas, então tudo que eu fiz todos esses anos e que nunca foi monetizado, era uma oportunidade incrível……eu era um assalariado, ficava numa cadeira o dia inteiro fazendo 10 artes gráficas por dia para receber um salário baixo no final do mês”.

Quevedo decidiu mintar todas as suas obras e vendê-las por um bom valor, o que abriu uma janela de possibilidades

“Isso é Independência e total Liberdade para o artista. Isso foi feito para mim! Consegui juntar a arte digital que eu fazia, com minha arte física. Comecei a fotografar as minhas telas, tratar, transformar em JPG e colocar à venda. Percebi que tinha um lugar ao sol.”

Daniel Alves The Clown – Fernando Quevedo

No começo, o paulistano diz que sentiu um pouco de solidão, já que era um dos únicos fazendo isso, mas depois percebeu que havia outros artistas e pessoas cunhando NFTs, ganhando dinheiro de maneira mais livre e com negócios mais transparentes.

As coleções do artista estão na OpenSea e na blockchain da Ethereum que ainda cobra taxas de gás muito altas. Quevedo já pensa em usar outras chains como a Elrond e Tezos com tarifas mais acessíveis, o que facilita e populariza o acesso aos colecionáveis.

“A rede da Elrond é bem mais barata do que o Ethereum, além da taxa de gás ser menor, cerca de um centavo por transação, quase de graça, mas ainda tem muitas blockchains para estudar, pesquisar, entender e explorar.”


A tecnologia por trás da Blockchain permite que o artista digital possa expandir sua arte sem depender exclusivamente de um intermediário, como uma galeria de arte.

Mas os benefícios não param por aí, porque galerias de arte que abraçaram esse ecossistema, podem de uma maneira democratizada expor suas coleções em qualquer parte do mundo, permitindo a diversas instituições de forma simultânea o acesso à obras de artistas renomados

Mercado ilimitado

Com um mercado descobrindo novos caminhos e a arte digital se popularizando, outro fenômeno merece destaque. A valorização profissional está mais perto de artistas que sempre tiveram dificuldade em mostrar a importância do próprio trabalho.

“O artista está sendo muito mais reconhecido agora. O artista gráfico digital que nunca foi reconhecido desde que existe internet, está muito valorizado. Um exemplo é a obra do Beeple que vendeu uma compilação das artes dele por quase US$ 70 milhões.”

O que vem por aí

Quevedo também não descarta criar colecionáveis para copa do Mundo do Qatar que acontece pela no final deste ano.

O artista desenvolveu uma coleção chamada “mini-Clowns”, que são versões cartoonizadas de suas obras realísticas da coleção Clown, de alguns dos jogadores que estarão em um dos maiores eventos esportivos do planeta como Neymar, Daniel Alves, Cristiano Ronaldo, Vinícius Júnior, Messi, entre outros.

“Com o crescimento do mercado de NFT no Brasil e a Copa do Mundo no Qatar, 2022 me traz novas possibilidades e desafios”.



Colaborou : o jornalista Felipe Jardini

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Aline Fernandes
Apaixonada pelo que faz, Aline Fernandes é uma profissional que atua há 20 anos como jornalista. Especializada nas editorias de economia, agronegócio e internacional trabalha na BeINCrypto como editora do site brasileiro. Já passou por quase todas as redações e emissoras do país, incluindo canais setorizados como Globo News, Bloomberg News, Canal Rural, Canal do Boi, SBT, Record e Rádio Estadão/ESPM. Atuou também como correspondente internacional em Nova York e foi setorista de economia...
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