Coinbase: como a maior exchange dos EUA está se adaptando ao cenário regulatório global

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Atualizado por Anderson Mendes

O cenário regulatório global para o mercado de criptomoedas tem se tornado cada vez mais complexo, com diversas jurisdições implementando regras rigorosas. A Coinbase, como a maior exchange dos Estados Unidos, tem se destacado por sua capacidade de se adaptar a essas questões. Confira como a empresa tem lidado com as diretrizes impostos por governos e órgãos reguladores no Brasil e ao redor do mundo.

Histórico da Coinbase e sua importância no mercado cripto

A Coinbase foi fundada em 2012 por Brian Armstrong e Fred Ehrsam, em São Francisco, Califórnia (EUA). Segundo Fábio Plein, Diretor Regional da Coinbase para as Américas e porta-voz da empresa no Brasil, o objetivo da companhia é “criar um sistema financeiro aberto para o mundo e ser a marca líder global para ajudar as pessoas a converter criptomoedas para dentro e fora de sua moeda local”.

Fred Ehrsam (esquerda) e Brian Armstrong (direita). Fonte: blog.daba.school/
Fred Ehrsam (esquerda) e Brian Armstrong (direita). Fonte: blog.daba.school/

Vale notar que na época da sua fundação, o mercado de criptomoedas era relativamente novo e envolvia desafios significativos, como a falta de infraestrutura de negociação e a percepção de insegurança. Dessa forma, a Coinbase se destacou rapidamente por sua abordagem amigável ao usuário, fornecendo uma plataforma segura e intuitiva para a compra, venda e armazenamento de Bitcoin. Isso atraiu milhões de usuários e ajudou a empresa a se firmar como uma das exchanges mais confiáveis do setor.

Com o tempo, a exchange expandiu sua atuação, passando a oferecer suporte para outras criptomoedas, como Ethereum e Litecoin. A empresa também se posicionou como uma ponte entre o mundo cripto e as finanças tradicionais, ao introduzir produtos como o Coinbase Custody, focado em investidores institucionais, e o Coinbase Pro, voltado para traders mais experientes.

Um IPO histórico

Todavia, o maior feito da exchange segundo muitos entusiastas aconteceu em 2021, quando a Coinbase se tornou a primeira corretora cripto dos EUA a abrir capital na bolsa de valores. A listagem pública da empresa na Nasdaq, em abril daquele ano, foi um marco significativo que validou a empresa, e por consequência o mercado de criptomoedas, no cenário financeiro global. Desde então, a Coinbase continua a desempenhar um papel crucial na adoção cripto, tanto para indivíduos quanto para grandes empresas e instituições.

Leia mais: IPO da Coinbase: o que é e o que significa para a indústria

Esse histórico de inovação e expansão fez com que a Coinbase se tornasse uma peça fundamental no ecossistema de criptomoedas não somente nos EUA, mas em todo o mundo. Atualmente, a empresa ocupa a 5º posição em volume diário de negociações, segundo o CoinGecko. Além disso, possui uma pontuação máxima de Trust Score.

Ranking de exchanges. Fonte: CoinGecko
Ranking de exchanges. Fonte: CoinGecko

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Cenário regulatório global

O cenário regulatório global para criptomoedas tem se tornado cada vez mais complexo e rigoroso, com diversas autoridades ao redor do mundo introduzindo novas legislações para garantir a segurança dos investidores e prevenir atividades ilícitas. Todavia, a falta de uma regulamentação global unificada cria desafios significativos para as exchanges como a Coinbase, que precisam navegar por diferentes conjuntos de regras em cada jurisdição.

Principais desafios enfrentados pela Coinbase

Sendo uma das maiores exchanges de criptomoedas dos EUA, a Coinbase tem enfrentado desafios regulatórios significativos em diversos mercados, inclusive no seu “lar”. Nos EUA, um dos principais obstáculos é a supervisão crescente da Comissão de Valores Mobiliários (SEC), que intensificou suas investigações sobre se determinadas criptomoedas oferecidas pela exchange podem ser consideradas títulos financeiros. Nesse sentido, a empresa entrou numa verdadeira batalha legal contra a atual administração da agência.

Vale destacar que a ambiguidade regulatória estadunidense em relação a quais ativos digitais são classificados como valores mobiliários cria incerteza, dificultando o processo de listagem e negociação de novos tokens. Em meio a esse cenário, a Coinbase se vê em dúvida sobre quais ativos cripto ela pode listar em sua plataforma, correndo o risco de sofrer processos e avisos legais por parte da SEC e outros órgãos reguladores financeiros.

A exchange também enfrenta outros desafios ao redor do globo. Na Europa, por exemplo, a entrada em vigor do Regulamento dos Mercados de Criptoativos (MiCA) traz novos requisitos para que exchanges de criptomoedas operem legalmente no continente. Isso inclui maior supervisão sobre a proteção de dados e requisitos mais rígidos de transparência, além de regras específicas sobre a custódia de ativos digitais.

Outro grande desafio enfrentado pela Coinbase é sua expansão para a Ásia. Países como China e Índia têm adotado medidas restritivas em relação à negociação de criptomoedas, enquanto outras nações, como Singapura e Japão, impõem regulamentações detalhadas sobre a operação de exchanges.

Iniciativas da Coinbase para se enquadrar com as exigências regulatórias

Para garantir sua conformidade com o complexo cenário regulatório global, a Coinbase tem investido em uma série de iniciativas estratégicas. Vamos conferir as principais.

Know Your Customer (KYC)

A Coinbase implementa rigorosas práticas de Know Your Customer (Conheça o seu Cliente) para garantir a conformidade com as regulamentações globais contra lavagem de dinheiro (AML) e fraudes financeiras. O processo envolve a coleta de informações detalhadas dos usuários, como nome, endereço e documentos de identificação oficial, a fim de verificar a identidade dos clientes antes de permitir que realizem transações ou usem a plataforma.

Anti-Money Laundering (AML)

Sobre as iniciativas de combate a lavagem de dinheiro em si, a Coinbase utiliza tecnologia avançada de monitoramento e detecção de fraudes para rastrear atividades suspeitas, garantindo que todas as operações realizadas na plataforma sejam legítimas e em conformidade com as exigências regulatórias de cada país em que opera.

Relatórios de compliance

A Coinbase publica regularmente relatórios de compliance como parte de suas iniciativas para manter a transparência e garantir a confiança de seus usuários e reguladores. Esses relatórios destacam as medidas que a empresa adota para cumprir com regulamentações como as regulamentações locais, além de fornecer atualizações sobre a implementação de políticas de segurança e prevenção de fraudes.

Segurança dos ativos cripto

A Coinbase adota várias medidas para garantir a segurança dos ativos digitais dos seus clientes, o que explica a sua reputação como uma das plataformas mais seguras do mercado. A empresa utiliza técnicas avançadas de armazenamento a frio (offline). Além disso, ela emprega criptografia de ponta e autenticação multifator (MFA) para garantir que somente os usuários autorizados possam acessar suas contas.

Listagem em bolsa

O fato de a Coinbase ser listada publicamente na Nasdaq se enquadra como uma importante iniciativa de conformidade regulatória. Isso porque faz com que a exchange cumpra rigorosos padrões financeiros e regulatórios, incluindo a divulgação periódica de relatórios financeiros auditados, a implementação de controles internos sólidos e a aderência às normas de governança corporativa.

Essa listagem pública não apenas reforça a transparência e a confiança dos investidores, mas também garante que a empresa opere de maneira alinhada às exigências regulatórias dos EUA, posicionando-se como uma entidade legalmente segura e em conformidade com as leis locais.

Parcerias com instituições financeiras e órgãos reguladores

A Coinbase tem várias parcerias estratégicas com instituições financeiras e reguladores ao redor do mundo. Alguns exemplos incluem:

  1. Visa: A Coinbase firmou uma colaboração com a Visa para lançar o Coinbase Card, que permite aos usuários gastarem criptomoedas diretamente de suas contas Coinbase em qualquer lugar que aceite Visa. Essa parceria fortalece o uso das criptomoedas em transações diárias e aproxima o universo cripto do sistema financeiro tradicional.
  2. Circle: A Coinbase e a Circle, através do Centre Consortium, são cofundadoras do USDC, uma stablecoin lastreada em dólar americano. O USDC é uma das stablecoins mais populares e regulamentadas no mercado de criptomoedas, facilitando transações seguras e estáveis para os usuários da Coinbase.
  3. Acordos com órgãos reguladores: A Coinbase também trabalha em estreita colaboração com órgãos como a SEC dos EUA e outras autoridades regulatórias internacionais, para garantir que sua plataforma esteja sempre em conformidade com as regulamentações locais.

Sobre os desafios regulatórios no Brasil, Plein disse ao BeInCrypto que a Coinbase “colabora com governos de todo o mundo de forma a cumprir as leis e regulamentações de cada país. A Coinbase acredita na postura construtiva dos legisladores brasileiros, que entendem o valor das criptomoedas e da Web3 e estão dispostos a colaborar com o setor.”

O porta-voz ainda relata que a exchange possui um “relacionamento muito construtivo e positivo” com os órgãos reguladores locais.

Impacto das regulações no futuro da Coinbase

As regulações impostas por governos e órgãos ao redor do mundo podem ter um impacto significativo no futuro da Coinbase, moldando tanto suas operações quanto suas estratégias de crescimento. A crescente pressão regulatória em países como os Estados Unidos exige que a empresa reavalie sua oferta de produtos e serviços para garantir a conformidade com as leis locais.

Vale notar que a empresa tornou-se uma empresa remota em 2020, quando deixou de manter uma sede corporativa no país. Porém, ela segue tendo escritórios físicos em São Francisco, Nova York, Chicago, Londres, Berlim, Dublin, Tel Aviv, Cingapura, Sydney e São Paulo.

No longo prazo, a capacidade da Coinbase de navegar por diferentes exigências regulatórias globais será crucial para seu sucesso contínuo. À medida que mais países buscam regular o mercado de criptomoedas, a conformidade será um fator determinante para a expansão da empresa.

Ao adaptar suas operações para atender a essas regulamentações, a Coinbase pode consolidar ainda mais sua posição como uma exchange confiável e segura, garantindo seu crescimento sustentável em um mercado altamente competitivo e em constante mudança.

Considerações finais

Para concluir, a Coinbase tem demonstrado uma capacidade notável de adaptação ao cenário regulatório global. Suas iniciativas em conformidade regulatória, como as práticas rigorosas de KYC, AML, e a publicação de relatórios de compliance, mostram o compromisso da empresa com a transparência e a segurança.

Apesar dos desafios impostos por diferentes regulações, a exchange continua a expandir suas operações de maneira estratégica, buscando equilíbrio entre inovação e conformidade legal. À medida que o mercado cripto evolui, a capacidade da empresa de navegar nesse ambiente regulatório será essencial para garantir seu crescimento sustentável e a confiança de seus usuários e investidores.

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Anderson Mendes
Membro ativo da comunidade de criptoativos e economia em geral, Anderson é formado pela Universidade Positivo, e escreve sobre as principais notícias do mercado. Antes de entrar para a equipe brasileira do BeInCrypto, Anderson liderou projetos relacionados à trading, produção de notícias e conteúdos educacionais relacionados ao mundo cripto no sul do Brasil.
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