O presidente da Microsoft, Brad Smith, questionou o envolvimento de empresas na criação de criptomoedas em conferência realizada pelo Banco de Compensações Internacionais nesta quarta-feira (24).
Segundo a Bloomberg, Smith afirmou que os governos ainda são a melhor opção para controlarem a emissão e distribuição de todas as formas de dinheiro:
“O suprimento de dinheiro quase que exclusivamente precisa ser administrado por uma entidade que possui responsabilidades perante o público e pensa realmente apenas no interesse público, e isso significa governos. Eu não sou fã de encorajar, pedir ou querer que participemos de emissão de moeda.”
A pandemia causada pelo Covid-19 aumentou a quantidade de pagamentos digitais e a impressão de moeda por bancos centrais para combater a crise econômica. Com isso, criptomoedas descentralizadas ganharam destaque e adesão por pessoas e empresas.
Desde o crash no mercado financeiro decorrente da pandemia no final de março de 2020, o bitcoin chegou a valorizar mais de 1.400%, saltando de aproximadamente US$ 4.000 para a máxima histórica de US$ 61.711,87 alcançada este mês, segundo o site CoinGecko.
A alta do mercado cripto tem movimentado discussões entre órgãos governamentais reguladores e emissores de moeda. Nesse sentido, Smith parece confiante que os governos ainda são mais indicados para controlar o dinheiro usado pela população:
“Acho que o mundo tem sido melhor servido por um movimento ao longo dos séculos para colocar isso nas mãos dos governos. Não somos um banco e não queremos nos tornar um banco e não queremos competir com nossos clientes que são bancos.”
Bancos centrais estudam criar moedas digitais próprias
As declarações de Smith vêm em um momento em que governos discutem a emissão de moedas digitais de bancos centrais (CBDC). Ao mesmo tempo, crescem discussões sobre a regulamentação de criptomoedas descentralizadas, como o bitcoin.
O movimento pela implementação de CBDCs é forte na China, país que já lançou caixas eletrônicos do yuan digital para testes em algumas cidades. No entanto, o Brasil também se destaca.
O presidente do Banco Central do Brasil, Roberto Campos Neto, chegou a declarar no início deste ano que um real 100% digital poderia substituir o atual dinheiro convencional em um futuro não muito distante. Já nesta quarta-feira (24), presidente do BC reforçou a agenda e ressaltou a importância de conectar CBDCs de diferentes países.
Microsoft não deve seguir Tesla
A Microsoft aceita bitcoin como forma de pagamento para adquirir seus produtos nos Estados Unidos desde 2014. Além disso, a companhia realizou recentemente uma pesquisa com os usuários do Xbox – console de jogos digitais da empresa – sobre a possibilidade de adquirir jogos e demais serviços da plataforma com bitcoin.
Em entrevista cedida à CNN em fevereiro, Brad Smith já frisava, no entanto, que a Microsoft não tinha planos de investir no bitcoin após a aquisição bilionária realizada pela Tesla.
Além disso, Bill Gates, fundador da empresa e um dos homens mais ricos e influentes do mundo, também revelou à CNBC que não vê o bitcoin com otimismo. Apesar disso, ele afirmou que pagamentos digitais serão dominantes no futuro próximo.
As declarações, dessa maneira, reforçam a a ideia de que a Microsoft pode não entrar no mercado de criptomoedas ao contrário de outras gigantes da tecnologia como o Uber, Twitter, que cogitam investir ou aceitar pagamentos em bitcoin. Há também o Facebook, que caminha para lançar a sua própria moeda digital, o Diem.
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