Foragida desde 2021, a venezuelana Mirelis Yoseline Diaz Zerpa, esposa de Glaidson Acácio, conhecido como Faraó dos Bitcoins, foi presa nos Estados Unidos pela Polícia Federal do Brasil.
A prisão aconteceu na manhã de quarta-feira (24/01), em uma operação conjunta com autoridades americanas, mas só foi divulgada e confirmada na noite desta quinta-feria (25/01).
Segundo a PF, Mirelis foi detida em Chicago por estar ilegal no país norte-americano e não por ser acusada de movimentar cerca de R$ 38 bilhões entre 2015 e 2021 com a G.A.S Consultoria. Ela fazia parte de um esquema de pirâmide financeira, com o marido, conhecido como Faraó dos Bitcoins.
“Mirelis Yoseline Diaz Zerpa tem mandado de prisão no Brasil expedido pela 3ª Vara Federal Criminal do Rio de Janeiro/RJ pelos crimes praticados contra o Sistema Financeiro Nacional, lavagem de dinheiro e integração de organização criminosa.” Detalhou o comunicado da PF.
O que diz Mirelis sobre a prisão
A defesa de Mirelis Diaz disse que “o motivo da detenção foi uma irregularidade formal em seu visto, o que era de seu desconhecimento e de seus advogados, que está em vias de ser esclarecido.”
A nota cita que, no dia 20 de dezembro, o Superior Tribunal de Justiça concedeu ordem de habeas corpus a Mirelis e que, portanto, qualquer ordem de prisão eventualmente existente no Brasil seria absolutamente ilegal.
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Os advogados falam que o recesso forense impediu “a apreciação de embargos de declaração que ponderavam duas questões fundamentais que pendem de manifestação no STJ: 1) a sequência de ilegalidades cometidas pela 3ª Vara Federal do Rio de Janeiro; 2) O descumprimento reiterado, por parte do Juízo da 3ª Vara Federal do Rio de Janeiro das decisões do Superior Tribunal de Justiça, fracionando e fabricando eternas acusações e prisões sucessivas, sempre a impedir o cumprimento das decisões das Cortes Superiores.”
Em uma rede social, um dia antes de ser presa, Mirelis postou:
Cada dia é uma oportunidade para apostar por nossos sonhos, metas e paixões, sem importar o que os demais podem pensar ou decidir.
Faraó dos Bitcoins, preso desde 2021
Glaidson cumpre prisão preventiva desde agosto de 2021. Durante o depoimento à CPI das Pirâmides Financeiras em julho passado, o Faraó dos Bitcoins negou que a GAS funcionava como fachada para um esquema de pirâmide financeira.
No entanto, afirmou a deputados que a única garantia para o rendimento médio de 10% ao mês ofertado aos clientes era “a experiência da empresa”.
“Garantias reais, como os bancos oferecem, nós não oferecíamos. Nossa empresa tinha a garantia da nossa experiência”, disse Glaidson.
A estimativa é que cerca de 300 mil pessoas tenham sido lesadas pelo esquema da GAS e os prejuízos das vítimas podem chegar aos R$ 10 bilhões.
Conforme a Câmara dos Deputados, o Faraó dos Bitcoins responde a 13 ações penais e tem contra ele seis prisões preventivas decretadas.
Casal não pode atuar no mercado de capitais
O dono da G.A.S. Consultoria e Tecnologia Ltda e a mulher não poderão atuar no mercado de capitais por quase uma década.
“Após analisar o caso e acompanhando o voto do Presidente da CVM, João Pedro Nascimento, relator do processo, o Colegiado da CVM decidiu, por unanimidade, condenar G.A.S. Consultoria e Tecnologia Ltda.” à:
Multa de R$ 34.000.000, cada um, pela acusação de realização de oferta pública de valores mobiliários sem registro e/ou dispensa da CVM;
Proibição temporária de 102 meses (8 anos e meio), cada um, para atuar, direta ou indiretamente, em qualquer modalidade de operação no mercado de valores mobiliários brasileiro, pela acusação de operação fraudulenta no mercado de valores mobiliários.
No documento divulgado pela autarquia, o presidente da CVM e relator, João Pedro Nascimento, esclarece:
“Nos termos da Denúncia do Ministério Público Federal (MPF50), há provas de que Glaidson e Mirelis obtiveram consultas jurídicas e contábeis que lhes advertiram sobre a necessidade de obter autorização da CVM para desenvolver suas atividades, tendo inclusive recebido propostas para a prestação de serviços visando regularizar a G.A.S. No entendimento do MPF, portanto, os acusados conheciam o caráter ilícito do esquema que operavam.”
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