Empresas do setor cripto estão sentindo o peso da conformidade legal. Uma nova pesquisa da SmartSearch mostra que 69% das empresas de criptomoedas estão preocupadas com a possibilidade de violar os regulamentos de combate à lavagem de dinheiro (AML), o que pode trazer mais danos financeiros e de reputação a uma indústria acuada.
As preocupações são generalizadas. Além disso, 17% dos entrevistados dizem estar “muito preocupados” com a robustez de seus procedimentos de compliance.
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Indústria cripto ansiosa com AML
A pesquisa entrevistou 500 executivos de conformidade em bancos, plataformas cripto, incorporadoras imobiliárias e lojas de jogos. Ela revela uma séria ansiedade em permanecer em conformidade com os procedimentos de AML.
Na maioria das jurisdições, os governos exigem que as empresas que lidam com criptomoedas verifiquem as identidades dos indivíduos com quem fazem transações, um procedimento chamado de conheça seu cliente (KYC). Ela também inclui verificações de due diligence em clientes que usam seus serviços.
Esses regulamentos são uma prática padrão há décadas em todo o mundo. No entanto, sua implementação em cripto entra em conflito com suas origens como um sistema financeiro baseado na privacidade.
Muitas empresas cripto também admitem confiar em processos manuais falhos para a verificação do cliente. A pesquisa constatou que 25% das exchanges e 42% dos comerciantes OTC acreditam que uploads de documentos oficiais não verificados, como passaportes ou carteiras de motorista, fornecem evidências suficientes da autenticidade do cliente.
Na realidade, esses documentos podem ser falsificados com facilidade, o que expõe as empresas às violações que elas temem.
Governos aumentam escrutínio legal
Os legisladores tornaram as regras de AML progressivamente mais rígidas em todo o mundo nos últimos anos. Em maio, por exemplo, a UE reforçou suas medidas contra lavagem de dinheiro para incluir transferências de criptoativos.
As novas regras exigem que os provedores de serviços de criptoativos coletem e compartilhem informações do remetente e do beneficiário. As regras se aplicam a todas as transações, independentemente do valor.
A ministra das finanças da Suécia, Elisabeth Svantesson, chamou a mudança de “uma má notícia para os criptocriminosos”.
Já a CEO e cofundadora da NUVO, Caria Wei, reconhece que os requisitos de AML podem representar um desafio para o crescimento da empresa, mas acredita que o processo não precisa ser oneroso:
“Novos avanços tecnológicos, como provas de conhecimento zero (ZKPs), começam a aliviar esse fardo, permitindo a validação de informações sem revelá-las”, disse.
Privacidade com provas de conhecimento zero
Wei acredita que a expectativa de que os padrões AML/KYC se alinhem com os da TradFi não é razoável.
“Deve-se levar em consideração a natureza única do espaço cripto – sua descentralização, pseudônimo e operações transfronteiriças. Em resposta, algumas soluções usam o conceito de ‘identidade auto-soberana’ para ajudar os usuários a controlar suas identidades digitais enquanto compartilham os dados necessários com as autoridades, mantendo o equilíbrio entre privacidade e conformidade”, acrescentou.
Por outro lado, o cofundador e COO da Dfns, Christopher Gilhault des Fontaines, acredita que os profissionais de conformidade devem aproveitar o conjunto exclusivo de tecnologia disponível para eles e obter informações de empresas de análise de blockchain.
“Ao utilizar especialistas que examinam interações on-chain, as empresas podem ter uma noção melhor – um diagnóstico, em tempo real, se preferir – de todas as transações afiliadas a qualquer projeto de ativo digital com o qual estejam trabalhando. Afinal, inerente ao blockchain é a máxima transparência. Portanto, superar problemas relacionados à AML pode ser mais fácil no mundo digital. O que é mais necessário é um regime regulatório mais amplo que promova a inovação e, ao mesmo tempo, promova ferramentas e atividades que evitem atividades ilícitas”, acrescentou des Fontaines.
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