Sem dúvidas, as finanças descentralizadas (DeFi) foram o principal impulsionador do mercado de criptomoedas em 2020. É verdade que o Bitcoin (BTC) fez 200% durante o ano e o Ethereum mais de 380%. Porém, alguns dos tokens relacionados ao DeFi ultrapassaram esses números com seus ganhos monumentais.
Muitas das moedas atuais relacionadas ao DeFi não existiam no início do ano, pois a cena se assemelhava a uma explosão microcósmica de novos protocolos e tokens, tudo isso em um período de seis meses. Muitos desses tokens se assemelham aos padrões de pump e dump que passaram as altcoins em 2017, mas alguns tiveram um desempenho sólido, e este artigo vai destacar esses ativos que estão voando alto.
Os primeiros dias do DeFi
Não haviam muitos tokens relacionados ao DeFi sendo negociados no início de 2020, apenas uma fração do que havia inundado os mercados no final do ano. Cada novo protocolo precisava de seu próprio token de governança e eles eram minerados como loucos por “fazendeiros degenerados”, ou degens, como ficaram conhecidos, em busca de dinheiro rápido.
Naturalmente, as baleias e os insiders ficaram consideravelmente mais ricos com esse frenesi agrícola, enquanto os pequenos traders de varejo, em busca de ganhos de curto prazo, geralmente queimavam a mão. Investir em um novo projeto com apenas algumas horas de atraso, muitas vezes resultava em uma saída dolorosa, pois os insiders fugiam com o saque, jogando os tokens recém-distribuídos de volta no mercado.
De qualquer modo, voltando ao início de 2020, o token e plataforma que liderava a indústria era o MKR da Maker, que valia US$ 440 durante a primeira semana do ano. Entre os cem principais criptoativos também estava o SNX da Synthetix, negociado naquele momento por US$ 1,13. Se Chainlink (LINK) for considerado um token DeFi, ele custava US$ 1,81 na época.
O token do protocolo 0x, ZRX, estava sendo negociado a cerca de US$ 0,187 no início do ano, e o REP de Augur custava US$ 9,46. O KNC da Kyber Network estava fora dos cem primeiros valendo US$ 0,21, assim como o token REN a US$ 0,035. O LRC de Loopring estava em US$ 0,022, enquanto o token LEND da Aave estava sendo negociado por apenas US$ 0,016.
Fora do top 200 estavam os tokens BNT do Bancor, GNO do Gnosis, RUNE do THORChain, e KAVA. Isso basicamente resume os principais tokens relacionados ao DeFi disponíveis no início do ano. Ainda mais longe do radar, nas divisões de baixa capitalização, estava o token MLN da Melon Protocol, que na época era negociado por cerca de US$ 2,90.
Os preços foram retirados do histórico da Coinmarketcap da primeira semana de janeiro de 2020.
Ganhadores de longo prazo
Dos tokens que existiam no início do ano, alguns tiveram ganhos impressionantes. O Maker acabou sendo o principal protocolo DeFi em termos de valor total bloqueado, que era de cerca de US$ 2,6 bilhões em meados de dezembro. No entanto, os ganhos de preço do seu token MKR deixaram muito a desejar com uma valorização de apenas 22%.
Já a SNX teve um desempenho muito melhor durante o ano, obtendo um ganho de 360% e disparando para US$ 5,20 em meados de dezembro. Já o LINK estava em chamas em 2020, ganhando mais de 650% ao longo do ano. A ZRX dobrou de preço, a REP valorizou 70%, a KNC atingiu 330%. Porém a REN superou todos os anteriores com um ganho de 725%, alcançando em dezembro o preço de US$ 0,30.
Loopring também teve um ano épico, com um ganho de 670% para chegar a US$ 0,17. Já o token LEND da Aave foi rebalanceado e renomeado para AAVE, com a oferta reduzida em 100 vezes. Dessa forma, o ganho de preço relativo estaria em absurdos 5.000%, uma vez que o token atingiu US$ 85 em meados de dezembro.
O token BNT do Bancor teve um ano sólido ganhando 670%, enquanto o GNO da Gnosis fez 470%. O Melon, que recentemente mudou de nome para Enzyme Finance, derrotou todos eles com um crescimento de mais de 960% ao longo dos doze meses para a MLN.
Novos players no bloco DeFi
A maioria dos tokens DeFi foram gerados entre agosto e outubro, e a maioria deles exibiu padrões de pump e dump remanescentes das altcoin em 2017-2018 e do ciclo de expansão e queda dos ICOs.
Alguns tiveram um desempenho melhor do que outros, no entanto, o índice desenvolvido pela Messari sobre os retornos DeFi é um bom recurso para compará-los.
Yearn Finance tem sido uma das plataformas DeFi mais inovadoras e influentes do ano, apresentando uma maneira de simplificar e automatizar o yield farming com suas estratégias e cofres. De acordo com o índice Messari, seu token nativo de governança YFI, rendeu cerca de 2.350% no ano até o momento.
De um token que surgiu basicamente sem valor, o preço do YFI subiu tanto que superou o bitcoin quando alcançou o preço de US$ 44.000 em meados de setembro, impulsionado pelo puro FOMO e pela percepção de uma oferta muito limitada. Em meados de dezembro, o YFI ainda estava sendo negociado com um preço maior que o BTC, em torno de US$ 26.500.
Houve uma série de outros recém-chegados que tiveram um grande impacto na época, impulsionados pelo FOMO, mas recuaram desde então. Alguns dos sobreviventes incluem a UMA, que foi negociada a cerca de US$ 1,50 em maio e junho, antes de subir para US$ 25 no início de setembro e recuar para US$ 9 em dezembro. O Cover Protocol é outro token baseado em seguro DeFi recém-lançado que fez grandes movimentos. Desde o seu lançamento até o preço atual, foi um ganho de 260%.
Uma série de tokens temáticos com nomes de alimentos, surgiu na segunda metade de 2020. No entanto, como veremos abaixo, a maioria deles murcharam logo após terem frutificado.
Os pumps e dumps DeFi
Nem todos os tokens DeFi obtiveram ganhos, e muitos deles ainda estão definhando muito abaixo de seus picos que ocorreram quando o protocolo foi lançado.
O token de governança SUSHI do SushiSwap é provavelmente o mais conhecido, pois atingiu quase US$ 9 logo depois de ter sido lançado no início de setembro. Os preços então despencaram alguns dias depois, quando o fundador, conhecido como Chef Nomi, vendeu seu estoque e o token acabou 95% abaixo da sua máxima histórica de dois meses depois. No momento em que este artigo foi escrito, em meados de dezembro, o SUSHI ainda estava 70% abaixo de seu pico, sendo negociado a US$ 2,80.
O token YAM v2 da Yam Finance caiu 87% em relação ao seu nível mais alto de quase US$ 50 no início de setembro. O Curve Finance foi outro token que fez o mesmo movimento, pois também subiu para US$ 1,60 quando foi lançado, mas logo sofreu uma queda brusca em seguida. No momento em que este artigo foi escrito, o CRV estava sendo negociado por US$ 0,64, uma queda de 60% em relação a sua máxima histórica.
A Swerve Finance mostrou um padrão semelhante com uma injeção de US$ 7 no lançamento de um produto impulsionado pelo FOMO e, em seguida, registrar um dump de 90% e ficar com um preço em torno dos US$ 0,7. É a mesma história para Pickle Finance, que valorizou mais de US$ 55 antes de cair 70% e seu preço ficar para menos de US$ 15 agora em dezembro.
A Compound Finance, pioneira do yield farming, também viu seu token de governança cair mais de 50% relação ao pump inicial de US$ 300. O novo token de governança da Uniswap, o UNI, chegou a US$ 7 logo depois de um grande airdrop, mas desde então recuou cerca de 45%. Outros tokens DeFi que se desvalorizaram são YFII, ADEL, BAL, MTA, SRM, APY, BZRX e CREAM.
Os melhores desempenhos DeFi de 2020
O token de mesmo nome do protocolo Aave leva a medalha de ouro como ativo DeFi com o melhor desempenho de 2020, com um ganho monumental de cerca de 5.000%. Isso leva em consideração a redução e migração do fornecimento de tokens, já que o token LEND original estava sendo negociado por cerca de US$ 0,016 no início do ano.
O YFI da Yearn Finance leva prata em termos de ganhos, com o emocionante crescimento de 2.350% até o momento, e um recorde histórico de US$ 44.000 menos de dois meses depois de ter sido lançado.
Melon, o protocolo de gerenciamento de ativos descentralizados on-chain, agora chamado de Enzyme Finance, vem com bronze. De acordo com o Messari, o token nativo MLN obteve um ganho impressionante de 960% ao longo do ano, atingindo US$ 32 em dezembro.
No grupo com crescimentos que ultrapassam 500%, está o LINK da Chainlink, o REN, token de protocolo wrapped Bitcoin, o LRC do protocolo de camada 2 DEX Loopring, o token nativo BNT do Bancor e o GNO da Gnosis.
Altos e baixos do DeFi
Como vimos até aqui, nem todos os tokens DeFi têm revestimentos de ouro, e a explosão em massa deles, de agosto a outubro, sobrecarregou os mercados com tokens de governança amplamente inúteis, clones de outros protocolos com seus próprios tokens.
Foi literalmente um festival simbólico, quando os farmers ficaram pularam de um pool de liquidez para outro, como forma de faturar nas distribuições de tokens de governança. Esses farmers venderam tokens assim que conseguiram, negando totalmente o conceito do protocolo.
Toda a cena é muito semelhante a bolha dos altcoins vista há três anos atrás, quando tudo tinha que ter um blockchain e um token, fosse necessário ou não. Como vimos desde então, apenas os mais aptos sobreviverão neste mundo acelerado de finanças descentralizadas.
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