Países da África sempre foram entusiastas de tecnologias financeiras. Novidades nessa área estiveram na vanguarda de grandes soluções de problemas por todo o continente e, recentemente, a IOHK anunciou que seus grandes projetos são parte do que ela chama de o maior acordo envolvendo blockchain na história.
Resolvendo problemas com tecnologias emergentes
Apesar da concepção de que a África é atrasada em inovação tecnológica, o continente hospeda muitas soluções tecnológicas e start-ups inovadoras.
No Quênia, por exemplo, a M-Pesa é responsável por revolucionar o uso de bancos pelo celular desde a década de 1990. Seu produto facilitou o envio de dinheiro para pessoas sem contas. Enquanto isso, a África o Sul cresceu e se tornou um hub para fintechs da região em cidades como Cape Town, que se tornaram terreno fértil para o nascimento de novas startups.
Em relação a criptomoedas, a adoção não foi tão entusiasmada. Entretanto, apesar de alguns retrocessos regulatórios, exchanges como a Luno têm crescido ano após ano. Em fevereiro, a Nigeria e tornou o segundo maior mercado de Bitcoin no mundo, perdendo apenas para os Estados Unidos.
Cardano lança projetos de blockchain na África
Em relação a tecnologias de blockchain advindas de fora do mundo das criptomoedas, o maior anúncio recente veio da IOHK.
A empresa planeja impementar uma variedade de projetos que vão utilizar sua blockchain para melhorar o serviço em países como a Etiópia e a Tanzânia.
Blockchain para educação na Etiópia
A IOHK firmou uma parceria com o governo da Etiópia para transformar o sistema educacional daquele país usando a Cardano, sua plataforma de contratos inteligentes.
Como parte do acordo, os estudantes de todo o país receberão uma identidade digital (DID), cujos metadados possuem todas as informações relevantes sobre sua performance acadêmica em todos os seus anos escolares. Ela usa tecnologia da Atala Prism, integrada com a blockchain da Cardano.
O CEO da IOHK, Charles Hoskinson, explica quais serão os benefícios disto a longo prazo:
“Com o tempo, esta estrutura pode ser usada para comprar propriedades, para pagamentos, eleições e todos os tipos de assuntos em suas vidas econômicas assim que estes milhões de estudantes se formarem e passarem a contribuir com a economia.”
O sistema é revolucionário porque ele pode rastrear todos os passos da vida acadêmica de um estudante.
Um aluno que consiga notas altas em matemática durante sua vida escolar em um sistema de educação tradicional mas vá mal em seu paper final pode não conseguir entrar em sua universidade desejada.
Isto traz efeitos recursivos que podem atrapalhar seriamente seu futuro, mas, com a DID, o sistema de uma falha é substituído por uma visão geral de suas habilidades.
O sistema também protege contra eventuais fraudes ou falsificações por usar a blockchain, que não depende de confiança, e é tornado imutável e acessível por todos.
O ministro da educação da Etiópia, Getahun Mekuria, encarregado de digitalizar o sistema de educação do país, explicou como o sistema do DID vai manter os registros:
“Você não pode realmente entender completamente uma pessoa simplesmente fazendo com que ela faça um teste duas vezes ou uma vez por ano. Uma das medidas que nos decidimos adotar é a carteira de identificação digital (DID) para nossos estudantes, com foco especial no ensino médio para que possamos providenciar identidades para todos os nossos alunos do 12º ano.”
Mekuria acredita que a blockchain é o único sistema capaz de facilitar a reforma ambiciosa de seu sistema educacional.
“Eu não acredito que outras tecnologias são capazes de prover este tipo de informação com este nível de assertividade, privacidade e segurança”, afirma.
Críticas à Cardano
Por mais positivas que as declarações da IOHK e do governo da Etiópia soem, há algumas vozes críticas acerca de suas parcerias passadas.
O empresário etíope Kal Kassa chamou, em um blog, que o trabalho da Cardano é um “golpe”. Além disso, ele chama Hoskinson de um “vendedor de falsas promessas”.
Isto ocorre porque Kassa não acredita que os planos da IOHK com a Cardano possam ser realizados. Ele cita a falta de etapas legais concretas realizadas pela empresa no passado.
Kassa tambem acusou a IOHK e Hoskinson de se aproveitarem das perspectivas econômicas internacionais da Etiópia.
“Por mais que ele não esteja diretamente usando os recursos estrangeiros da Etiópia, ele está contribuindo indiretamente para a inexistência de qualquer papel do meu país nas finanças globais com um ethos infantil de bordas étnicas além de qualquer soberania dos direitos humanos.”
Entretanto, o acordo recente da Cardano foi anunciado após a publicação deste post. Enquanto Kassa se refere à conferência entre a Cardano e a África, não há evidências que sugerem que o sistema não será concretizado assim que o plano for implementado.
Olhando além da educação
Apesar destas críticas, a Cardano continua apostando em suas promessas para os países africano. Acordos envolvendo tecnologias móveis e sistemas de saúde também estão na mesa de negociações.
A plataforma de saúde digital internacional Ask The Doctor planeja migrar da blockchain da Ethereum para a da Cardano.
A Ask the Doctor permite que seus usuários recebam criptomoedas conforme aprendem o básico sobre saúde e eles podem usar estes recursos para pagar médicos e medicações. Parte do motivo por trás da mudança da rede é devido à forte presença da Cardano no continente africano.
Eles também firmaram uma parceria com o World Mobile Group para prover serviços vitais para a Tanzânia e a Etiópia. As empresas trabalham juntas para trazer internet sustentável para aquele país através de energia renovável.
Juntas, elas fornecem nós de rede acessíveis baseados na infraestrutura da blockchain da Cardano. Estes nós de rede funcionam como pontos de retransmissão para conexão de internet e também vão permitir que seus clientes acessem as mesmas soluções de identidade usadas na Etiópia, mas com foco no acesso a serviços como bancos digitais em vez de educação.
Planos para o futuro
Uma boa parte da visão de Hoskinson para a África surge de sua crença de que o continente é amigável a novas tecnologias. Ele considera que a demanda é maior em países em desenvolvimento, o que os torna os melhores locais para este tipo de inovação.
Hoskinson explicou, em um vídeo no YouTube no qual explica os caminhos futuros da África, que grandes potências como os Estados Unidos não estão nas áreas em que surge o crescimento destas tecnologias.
“Então, digamos que a maior demanda para as tecnologias que nós construiremos nos próximos 10, 20 ou 30 anos estarão em locais como o continente africano”, diz.
“Todas as peças estão na mesa, novos sistemas de votação, novos sistemas de propriedade, novos sistemas de pagamento, novas formas de identificar pessoas, novas formas de negociar títulos.”
Ainda não se sabe como exatamente estes projetos devem se desenrolar, mas a Cardano faz um esforço empolgante em um continente que é normalmente esquecido.
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