O Ministério Público requer que o STF mantenha a prisão de seis réus investigados na Operação Faroeste por diferentes crimes, inclusive lavagem de dinheiro com bitcoin.
A Operação Faroeste, deflagrada pelo MPF, investiga desde novembro de 2019, um suposto esquema de venda de sentenças no Tribunal de Justiça da Bahia (TJBA).
SponsoredA operação de grandes proporções aponta para a associação criminosa de desembargadores e juízes da Bahia que, por anos, venderam decisões judiciais para enriquecimento próprio.
O dinheiro ilegal era acobertado por diferentes maneiras, inclusive com criptomoedas como o bitcoin. Conforme peça do MPF enviada ao Supremo Tribunal Federal, o crime teria sido praticado por Adailton Maturino e Geciane Maturino, atualmente em prisão preventiva.
Quando foram presos no final do ano passado, a Polícia Federal encontrou em posse do casal cheques que envolviam negociações com bitcoin. Conforme indica nota do MPF divulgada nesta quinta-feira (18):
“No momento da prisão também foram encontrados com Geciane e Adailton talonários de cheque de contas diversas, inclusive com cheques destinados ao pagamento de negociação de criptomoedas, o que indica prática de lavagem de dinheiro. […] Ao casal também é imputada, com a ajuda de contadores, a produção serial de dezenas de empréstimos para dar aparência de legalidade a R$ 14 milhões recebidos no esquema criminoso.”
Na época, Adailton era conselheiro da embaixada da Guiné-Bissau no Brasil. O envolvimento das criptomoedas no esquema foi apontado como forma de encobrir recursos criminosos do casal, conforme a PGR.

MPF pede manutenção de prisão preventiva
Nesta terça-feira (15), uma nova fase da operação Faroeste determinou a prisão temporária de novos suspeitos. A desembargadora Lígia Maria Ramos Cunha Lima do TJ-BA foi uma delas. No entanto, uma decisão do Ministro Og Fernandes, do Supremo Tribunal de Justiça, converteu a prisão temporária para prisão domiciliar.
Nesse cenário, o Ministério Público luta para que o STJ mantenha a prisão preventiva dos réus que já estão presos da Operação Faroeste. De acordo com a subprocuradora-geral da República, Lindôra Araújo, os investigados devem permanecer em cárcere porque, contra eles, “pesam atos graves que abalam a ordem pública e a normal colheita de provas”.
De acordo com documento enviado ao STJ, há indícios de que os investigados interferem nas investigações. Inclusive, culminando em casos de morte de envolvidos:
Sponsored“Os réus presos já têm contra si evidência de atuação com alteração da verdade e falsificação de documentos, com absoluta complacência e contaminação do Poder Público estadual, ao passo que a execução de morte de dois consortes relacionados aos fatos em apuração reafirma o risco que a liberdade deles traz para o sucesso do caso.”

Operação Faroeste
A Operação Faroeste investiga a corrupção de magistrados do Tribunal da Bahia. A acusação é de que por anos os agentes venderam sentenças para acobertar a grilagem de 800 mil hectares de terras na Bahia.
A operação já cumpriu 40 mandados de busca e apreensão e ainda permanece investigando os supostos crimes de corrupção ativa e passiva, lavagem de ativos, evasão de divisas, organização criminosa e tráfico de influência.