Com uma trilha dedicada as mulheres, o Women in Ethereum levou para o palco do festival Blockchain Rio temas como comunidades na Web3, inclusão social, regulamentação, entre outros relevantes.
No contexto regulatório, ouvimos Dayana Udhre, a Procuradora do Estado do Paraná que se apaixonou por blockchain em 2017. Ela explicou que quando a sociedade começar a entender o atual movimento cripto regulatório, perceberá que existe segurança.
“Mas eu não acredito que uma regulação vá resolver todos os problemas. Nós não temos regulamentos para todos os ativos e tecnologias e em outros casos já existe e não precisamos criar”, detalha Udhre que também é Chief Innovation Officer na WLF.
Dayana afirma que hoje, quando pensa em regulação, vê mitigação de riscos e frisa que a inovação traz riscos também.
“Quando pensamos em criptoativos, pensamos em uma economia global tokenizada e hoje há todo um movimento de várias instituições como por exemplo o Itaú.”
Sobre o futuro da Web3, a procuradora do Paraná diz: “Estamos construindo a infraestrutura da economia tokenizada. Para mim hoje ESG é uma tendencia bastante forte.”
A coordenadora de CBDC e Crypto do Itaú Unibanco, Larissa Moreira, lembrou que atualmente temos vários organismos internacionais como BIS, FMI e outras entidades se pronunciando sobre o mercado de criptomoedas.
Para ela, a forma como se apresentam os serviços e a segurança, é mais uma forma de trazer os céticos para esse mercado. “Queremos convergir as tecnologias. Trazer cada vez mais esses serviços e produtos de uma forma segura. Tirar um pouco esse estigma do mercado cripto para trazer novos usuários e de fato ter uma adoção em massa”, detalhou Moreira durante sua participação.
Ela complementou, “teremos grandes evoluções nas áreas de regulação, propriedade intelectual e muitas outras. Tudo vai caminhar ao mesmo tempo.”
Joana Burle, Co-Founder da Inovapass, que trabalha no mercado financeiro tradicional, lembrou que “um dos instrumentos financeiros que mais tem se destacado no mercado são os ETFs de Bitcoin e Ethereum”.
Ela citou a recente vitória da Grayscale contra SEC, muito comemorada pelo mercado cripto como uma vitória propulsora para os criptoativos.
Já a advogada e partner da DSMA Azulay, Julia Pazos, falou sobre a importância da propriedade intelectual.
A propriedade intelectual é aquele direito que cuida de tudo da criação humana. Os exemplos citados por Pazos incluem patentes e direitos autorais.
“A Web3 é uma das maiores geradoras de conteúdo (grande mercado para propriedade intelectual). Estamos em uma conjunção de direitos construindo esse ecossistema. Com a blockchain é possível monetizar essas criações de forma mais independente e com menos intermediários”, explicou Pazos.
A blockchain e o contrato inteligente garantem mais transparência com menos custos.
A pesquisadora da FGV e Especialista no banco BV, Evelyne Yao, trouxe grandes sacadas dos mercados financeiros e cripto. Ela lembrou que antes do PIX (outubro 2020), nós brasileiros não fazíamos transferências fora do horário comercial.
Entre as dificuldades listadas por Yao, estão nomenclaturas como DeFi, TradeFi, DLT, usadas muitas vezes por desenvolvedores e técnicos da Web3.
“Às vezes todas essas nomenclaturas confundem demais. Até onde a população precisa entender sobre termos técnicos e isso me parece uma discussão muito técnica, mas não é”, afirma ela.
Evelyne citou que hoje o governo já emitiu um milhão de identidades na blockchain. Mas, ela acredita que a população não precisará entender a tecnologia em si. Apenas usá-la. “Atualmente dependemos de diversos órgãos para ter RG, CPF, título de eleitor. Cada um é emitido por um órgão diferente. E o governo já está simplificando em um cadastro único. Esse é um dos grandes exemplos que costumo usar”, disse Yao.
Vale lembrar que hoje, além das taxas excessivas cobradas de custódia para se transacionar no mercado fiat, para resgatar alguns investimentos ou fundos é preciso de alguns dias e o mercado opera apenas de segunda a sexta em horário comercial.
“Com a blockchain e os criptoativos, os consumidores poderão operar e investir em um mercado 24×7. No futuro, espero que a blockchain ajude a diminuir a fricção”,crê a pesquisadora da FGV, que também falou da mudança da nossa tolerância ao tempo.
“Hoje ninguém tem paciência de esperar um motorista de aplicativo por mais de 7 minutos.”
Comunidades constroem com educação
Anna Bida, Community Manager da Web3Dev – que está celebrando 2 anos e 6 mil membros – disse que está construindo iniciativas de educação técnica. Principalmente de programação blockchain, através da criação de conteúdo em vídeos, tradução e produção de artigos. Além de Bootcamps, Hackathons, Webinars, grupos de estudos, além de muitos eventos para networking, como meetups.
“Também temos a missão de ajudar os builders a concluir a transição da web2 para a web3, criando uma cultura descentralizada e ações de onboarding. Em 2024 nosso objetivo é implementar todas as medidas de governança necessárias para transformar a comunidade numa DAO”, revelou Bida.
Letícia Martins, co fundadora da CreatorPro, uma plataforma em web3 para criadores de conteúdo, contou que o objetivo é gerar maior monetização das produções e gerenciamento da sua fan base e carreira.
“Nossa comunidade está no ar tem dois meses e o que não faltam são desafios. Apesar de sermos em Web3, nosso público é majoritariamente Web2. Enfim, muitas aprendizagens sobre Discord, sobre o que realmente entrega de benefícios e até mesmo a parte da gestão da comunidade em si”, concluiu Martins.
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