O presidente do Mercado Livre, Osvaldo Gimenez, confirmou que a maior plataforma de e-commerce da América Latina pretende expandir ainda mais seus serviços relacionados a criptomoedas em todo o continente. O Mercado Livre poderia estar à frente da concorrência, como a Amazon, ao adotar o Bitcoin (BTC) e outras criptomoedas na região?
O Mercado Livre é uma empresa com grandes reflexos no continente sul-americano. Um fato que mostra sua notoriedade seria sua capitalização total em 2021, que equivalia a 25% do PIB da Argentina, país de origem do projeto empresarial. Atualmente, durante o segundo trimestre do ano, a companhia obteve lucros de US$ 1,2 bilhão e o volume total de pagamentos processados atingiu US$ 30,2 bilhões pela primeira vez, o que representou um aumento de 84% ano-a-ano em moeda constante.
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A gigante argentina foi notada quando se cumpriram os rumores de que o Mercado Livre compraria Bitcoin para seu tesouro ao emular as ações da MicroStrategy. A empresa comprou US$ 7,8 milhões em BTC em meados de 2021. Desde então, eles oferecem serviços de negociação de criptomoedas e até a venda de imóveis em Bitcoin, embora por enquanto tenham resistido a aceitar o ativo e outras criptomoedas em sua plataforma online.
Nesta ocasião, Gimenez destacou mais uma vez em entrevista a confiança que o Mercado Livre vê o potencial das criptomoedas e nos serviços que estariam envolvidos em seu uso, mostrando a intenção de expandir seus serviços em relação a esta indústria em todo o continente:
“Vamos ampliar na região a possibilidade de comprar, vender e ter criptomoedas em sua conta. Funciona com Bitcoin, com Ethereum e com stablecoin que reflete o valor do dólar”
Mercado Livre vê potencial para a adoção de criptomoedas na América Latina
Em dezembro de 2021, os usuários do Mercado Pago, a carteira digital do Mercado Livre, poderiam comprar e vender BTC, ETH e a stablecoin Pax dollar (USDP) no Brasil após uma integração com a infraestrutura blockchain da empresa, a Paxos. A expansão no Brasil da gigante argentina parece ter dado os seus frutos. Em dois meses desde o lançamento deste produto a empresa teve mais de um milhão de utilizadores.
O BeInCrypto entrou em contato com o Mercado Livre para saber o roteiro ou os seguintes países onde a empresa pretende expandir, mas não recebeu nenhuma resposta. No entanto, Gimenez pode ter fornecido algumas pistas ao falar sobre o potencial dos mercados latino-americanos:
“Brasil e Argentina são os dois países onde somos relativamente maiores. Onde temos as maiores oportunidades são o México e o Chile. No México, por exemplo, há uma oportunidade em algumas verticais onde há menos acesso a crédito, cartões, pagamentos eletrônicos e estamos muito animados. No Chile, o mercado de pagamentos e as fintechs estão mudando muito”.
A América Latina sofre com um histórico de moedas fracas e uma forte dependência do desempenho do dólar. A situação atual da moeda norte-americana poderia enfatizar o uso e a adoção de criptomoedas, tornando-se assim mais um ingrediente que poderia motivar o Mercado Livre a se posicionar como referência no uso de criptomoedas na região, conforme destacou seu presidente:
“Num momento em que o dólar vem se valorizando, os investimentos que os usuários têm conosco são pequenos e para nós é mais uma forma de diversificar seu portfólio”
México como possível candidato
Entre a lista citada pelo presidente, o México seria um dos candidatos mais lógicos. O país tem uma demografia muito expandida onde o uso de remessas de outros países é muito difundido, além disso ele representa geograficamente uma ponte para imigrantes da América do Sul para os Estados Unidos.
O Mercado Livre está avançando a passos largos no México, desde a parceria com a Western Union para atender o mercado de remessas. Além disso, ele obteve licenças da Comissão Nacional de Bancos e Valores Mobiliários (CNBV) para operar como instituição de pagamentos digitais, entre outras medidas.
O México parece estar se preparando para uma adoção mais ampla de criptomoedas em diferentes níveis. Na arena política, há atores que buscam abertamente a inclusão do Bitcoin como moeda legal, com a senadora Indira Kempis no comando, embora por enquanto o projeto tenha sido rebaixado para um possível lançamento de uma CBDC mexicana. Embora esse tipo de moeda digital represente o oposto dos princípios de Satoshi Nakamoto, deve-se notar que é um passo firme para a adoção cripto pelas instituições.
No campo empresarial, o país não deixou de receber investimentos de diferentes entidades relacionadas à indústria de criptomoedas, criando assim um campo de batalha que será muito interessante pela qualidade de seus participantes.
A Ripio recebeu um investimento de US$ 50 milhões do Mercado Livre, enquanto a exchange brasileira Mercado Bitcoin confirmou sua expansão. Por fim, o país possui grandes pretendentes locais como a Bitso, que também está expandindo para toda a América Latina.
Além disso, o país recebeu uma injeção de projetos de stablecoins relacionados à sua moeda local, o peso mexicano. O líder da indústria de stablecoins, Tether, lançou recentemente o MXNT, que compete com outros projetos, como o MMXN, gerenciado pela Moneta Digital.
Independentemente de qual país seja escolhido pela empresa, o continente e a comunidade cripto se beneficiarão muito com o sucesso da empresa argentina.
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