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Lens Protocol: status atual das interações sociais na Web3 

8 mins
Atualizado por Júlia V. Kurtz

EM RESUMO

  • Lens Protocol pretende ser um concorrente descentralizado do Twitter e do Facebook. Por que ele é um capital social em um perfil universal? O que diferencia esse protocolo de outros projetos Web3?
  • O principal desafio das redes sociais descentralizadas é garantir que os usuários tenham controle sobre seu conteúdo e, ao mesmo tempo, sejam tão fáceis de usar quanto as redes sociais tradicionais. Como o Lens Protocol enfrenta esse desafio?
  • Em abril de 2023, o Lens levantou US$ 15 milhões em recursos para financiar seu protocolo. Dois meses depois, seguindo o espírito da Web3, anunciou seu sistema de “governança aberta”. Como esse sistema funciona? Onde as “LIPs” se encaixam nesse sistema?
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O Lens Protocol foi apresentado pela primeira vez em fevereiro de 2022 pela Aave, como um concorrente descentralizado do Twitter e do Facebook.

Já vimos nesta coluna que junto com o Farcaster, o Lens é um dos principais protocolos Web3 voltados para redes sociais descentralizadas.

Leia mais: Sofri um golpe, e agora? Como agir em casos de fraude

No artigo de hoje, exploraremos seu status atual.

Lens Protocol: capital social em um perfil universal

Estruturado como uma pilha de tecnologia sem um cliente de front-end, o ecossistema do Lens cresceu e se tornou uma rede de redes sociais de terceiros, lançando novos clientes e algoritmos que utilizam sua camada de dados abertoss. 

Os atuais sites de redes sociais criados no Lens incluem Lenster, Orb e Lenstube. E até o momento, aplicativos importantes, como o OpenSea e o Stripe, também foram integrados ao Lens.

Sem as restrições das redes fechadas, as redes sociais abertas beneficiam todo o ecossistema à medida que se expandem.

Na base do Lens Protocol estão os principais conceitos de propriedade e portabilidade na Web social.

Usando tecnologias da web3, como blockchain, contratos inteligentes, armazenamento descentralizado e NFTs, o Lens reimagina a Web como um ecossistema social de aplicativos descentralizados que os usuários podem acessar facilmente por meio de um “perfil universal”, em vez de fazer login em vários sites isolados.  

Aqui, vale destacar que através desse “perfil universal”, o usuário passa a ser proprietário de seu próprio “capital social”. Como assim?

O perfil universal disponibilizado ao usuário contém todos os seus dados, incluindo seu gráfico social e sua rede de seguidores. Além disso, inclui artefatos digitais criados por ele como textos, imagens, vídeos e muito mais.

Assim, ao colocar a propriedade e o capital social nas mãos das pessoas, o Lens pretende transformar a maneira como criamos, compartilhamos e monetizamos valor na Internet.

Originalmente planejado para ser uma forma de criar uma espécie de Twitter-on-Ethereum, acabou sendo lançado em maio de 2022 na rede Polygon.

Segundo o Lens, seu protocolo suporta atualmente mais de 110.000 perfis de mídia social e centenas de aplicativos.

A solução de escalonamento do Lens Protocol

Como o principal desafio das redes sociais descentralizadas é garantir que usuários tenham controle sobre seu conteúdo e, ao mesmo tempo, sejam tão fáceis de usar quanto as redes sociais tradicionais, em abril de 2023 os desenvolvedores do Lens lançaram uma solução de escalonamento blockchain, “inicialmente” denominada Bonsai.

Contudo, um dia após seu lançamento, o Lens “renomeou” sua nova solução.

Em uma sessão do Twitter Spaces, o Lens anunciou que sua solução de dimensionamento Bonsai agora se chamaria “Momoka”

O motivo?

A Aave Companies, desenvolvedora do Lens Protocol, mudou a marca de sua solução de escalonamento ao descobrir que outro projeto de blockchain já estava usando o nome Bonsai. Com isso, ela evitou possíveis problemas de registro da marca.

O Momoka é uma solução de dimensionamento que processa as transações do Polygon off-chain (fora da cadeia), alcançando a hiperescala e reduzindo custos. 

Diferentemente das soluções L2, Momoka não comprime as transações em L1, ele as envia e armazena numa camada de disponibilidade de dados.

Objetivo do Momoka

Seu objetivo é garantir escalabilidade, fornecendo disponibilidade de dados (DA), permitindo o uso de carteiras suportadas pela Máquina Virtual Ethereum (EVM) para salvar a lógica DA e facilitar a publicação veloz de dados.

As camadas de disponibilidade de dados (DA) são usadas para evitar o armazenamento de dados na rede. Isso reduz custos ao apontar os recursos na rede para um local de disponibilidade de dados existente (armazenamento). 

As camadas de disponibilidade de dados são um modo conveniente de expandir as informações vinculadas à propriedades na rede, como um NFT

Da mesma forma, embora o conteúdo do Lens possa incluir uma transação real na rede, os dados do conteúdo em si são vinculados a um local de disponibilidade de dados, como o Arweave – uma rede de armazenamento descentralizada e permanente com mais de 100 nodes em operação, que está sendo cada vez mais adotada por projetos NFT, incluindo o Sound.xyz e o Mirror. 

Como funciona?

Como dito, o Lens Protocol está implantado na Polygon, rede baseada em EVM. 

Todas as ações, como postagens, comentários, espelhamentos, seguidores e coletas, são transações que são construídas, assinadas e enviadas para serem armazenadas na EVM.

Diferentemente do processo EVM, o Momoka constrói a transação, exige a assinatura de uma wallet (que passaria o estado na rede), mas não transmite a transação real na cadeia. 

Em vez disso, a assinatura da transação e os dados digitados são usados para criar metadados DA como uma transação. Ela é transmitida a uma camada DA que contém informações como o número do bloco e o hash em que foi criada, os dados digitados assinados e a assinatura da transação. Tais dados são estruturados de forma que possam ser totalmente verificados com apenas um node de arquivo.

Você pode especificar um número de bloco para executar a simulação e usar a transação de dados digitados assinados com os dados digitados. Com um simples node Polygon, qualquer pessoa pode verificar se os dados na camada DA são precisos e se seriam válidos naquele momento, bem como se estão em conformidade com as regras de contrato inteligente do Lens.

Assim, o Momoka permite que o ecossistema Lens seja dimensionado para um TPS mais alto. Isto atualmente é inatingível durante a execução em uma rede EVM, e oferece uma solução econômica e de baixa latência.

E isso pode ser alcançado sem comprometer os valores essenciais de propriedade e controle do usuário sobre seu perfil e gráfico social.

Ao mesmo tempo, o processo de indexação permanece familiar aos desenvolvedores de aplicativos. 

Aqui, importante destacar que o uso da solução Momoka é opcional; aqueles que preferirem podem continuar a armazenar tudo na rede Polygon

O Momoka envolve a execução das mesmas ações de assinatura de uma cadeia EVM, mas sem realmente enviar a transação na cadeia e consumir gás.

Em vez disso, uma transação de disponibilidade de dados é criada com base em uma receita Momoka e exportada para uma camada DA, completa com provas e informações necessárias. 

A solução permite que qualquer pessoa faça a verificação cruzada dos dados, fornecendo uma prova garantida de que a ação foi executada por um usuário com a capacidade de criar a assinatura da transação e enviá-la. A própria transação é demonstrada por uma simulação.

Tal abordagem permite que o Lens Protocol seja dimensionado, mantendo a propriedade e a confiança fornecidas pela tecnologia blockchain, onde e quando for necessário, dependendo do caso de uso e do tipo de conteúdo.

Por fim, vale destacar que como os dados são armazenados em uma camada descentralizada, nenhuma entidade centralizada controla o conteúdo. 

Assim, os usuários mantêm a propriedade de suas publicações e, se qualquer parte ecossistema for desativada, os dados permanecerão verificáveis, acessíveis e utilizáveis. É o poder da descentralização, garantindo que os dados comprometidos dos usuários não possam ser adulterados, nem fraudados.

Financiamento

A Aave Companies, a empresa de tecnologia que desenvolve protocolos e aplicativos que incorporam tecnologias de descentralização e blockchain, anunciou, no dia 8 de junho, que em uma rodada de financiamento liderada pela IDEO CoLab Ventures, conseguiu obter em torno de US$ 15 milhões de recursos para o desenvolvimento contínuo do ecossistema Lens – que busca beneficiar usuários, criadores e construtores da web3.

Outros VCs – incluindo General Catalyst, Palm Tree, Variant , e Blockchain Capital – também participaram da rodada, assim como algumas organizações autônomas descentralizadas, como Flamingo DAO, Punk DAO, DAO5 entre outras.

A rodada também incluiu uma série de investidores-anjo conhecidos. Exemplos incluem o CEO da Uniswap, Hayden Adams, o cofundador da OpenSea, Alex Atallah, o ex-CTO da Coinbase, Balaji Srinivasan, o cofundador da Sandbox, Sébastien Borget, a artista da NFT, Emily Yang (pplpleasr), o fundador da Mirror.xyz, Denis Nazarov, e o cofundador da Polygon, Sandeep Nailwal.

O que separa a Lens de outros projetos Web3?

O foco do Lens Protocol está no feedback da comunidade 

Esse método separa o Lens de outros projetos Web3 que normalmente dependem de tokens DAO para a tomada de decisões. Como? Com um sistema de governança diferente.

O sistema de governança do Lens

Em junho, o Lens Protocol introduziu a governança liderada pela comunidade.

Em um desvio da abordagem típica das organizações autônomas descentralizadas (DAOs), seu sistema de governança avalia a popularidade de uma proposta com base no feedback da comunidade, em vez de usar um sistema de votação em rede baseado em tokens.

Para o Lens, as interações sociais na Internet são valiosas demais para serem detidas e controladas por empresas individuais. 

E apesar do protocolo ainda ser uma versão beta “fechada”, seu escopo final é que tanto desenvolvedores, como criadores e usuários Lens tenham uma estrutura para que possam compartilhar os benefícios das redes sociais.

Com foco no dinamismo e a diversidade de pensamentos na Web3 Social, e inspirando-se nas propostas de melhoria da Ethereum (EIPs) e da Aave (AIPs), o projeto adotou a governança aberta via LIPs. 

Lens Improvement Proposals (LIPs)

LIPs são um processo aberto e colaborativo para determinar as diretrizes do protocolo, com base nos princípios de propriedade, controle e portabilidade do usuário.

Esse modelo descentralizado convida os membros da comunidade a enviar sugestões, aprimoramentos de recursos, correções de bugs e atualizações ao projeto o que serão publicado em seu repositório no GitHub.

Esse repositório também abrigará todos os padrões abertos utilizados pelo Lens, divididos em pastas específicas para cada tipo de padrão.

LIP-0: Estabelecimento de um modelo de governança aberta.

Nesta proposta, a comunidade  Lens pode propor melhorias no Protocolo que vão desde o envio de propostas (LIP) até discussões transparentes. O objetivo é promover um modelo de governança de tomada de decisões aberto, colaborativo e inclusivo.

LIP-1: Open Standards for Algorithms. 

O LIP-1 sugere a criação de padrões abertos para algoritmos com base na camada de dados aberta do Lens.Isto permite fomentar as escolhas do usuário e permitir o desenvolvimento e a integração de algoritmos de terceiros e serviços de Machine Learning.

LIP-2: Padrões abertos para metadados.

Trata-se de uma iniciativa para estabelecer padrões de metadados para o Lens Protocol. Isto vai promover a transparência e a interoperabilidade do Lens com outros projetos e a capacitação do usuário.

Takeaway

Por ser um protocolo nativo da Web3, o Lens Protocol é construído para que seus usuários sejam proprietários do conteúdo e seu capital social.

No entanto, apesar do aumento de perfis ativos e de engajamento nos três primeiros meses de 2023, o Lens precisou limitar severamente o número de novos perfis, porque a demanda pelo protocolo superou a capacidade de dar suporte a esses usuários.

Para resolver esse problema, a Lens Protocol lançou o Momoka para dimensionar o protocolo nos casos de uso social tradicionais de alta demanda.

Manter a capacidade de composição em uma cadeia de uso geral como a Polygon e, ao mesmo tempo, dimensionar o rendimento da interação social é uma arquitetura diferenciada em comparação com outros protocolos de gráficos sociais descentralizados.

Por fim, a opção por um sistema de governança aberta, parece ser uma decisão inteligente, que pode encurtar o tempo de maturidade do projeto. 

Mas e você? 

Acha que a arquitetura Momoka é uma solução inteligente, capaz de viabilizar na prática, descentralização, escalabilidade e efeitos de rede de forma eficaz?

Acredita que protocolos de Web3 de redes sociais descentralizadas como o Lens, conseguirão algum dia superar concorrentes como Twitter e Facebook?  

Conhecimento é poder!! Nos vemos em breve!

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Tatiana Revoredo
Tatiana Revoredo é membro fundadora da Oxford Blockchain Foundation. LinkedIn Top Voice em Inovação e Tecnologia. Estrategista Blockchain pela Saïd Business School, University of Oxford. Especialista em Blockchain Business Applications pelo MIT. Especialista em Artificial Intelligence & Business Strategy pelo MIT Sloan & MIT CSAIL. Especialista em Cyber-Risk Mitigation pela Harvard University. Convidada pelo Parlamento Europeu para a “The Intercontinental Blockchain Conference”....
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